Home Futebol Erros de passe e péssima recomposição defensiva: empate contra a Portuguesa escancara problemas coletivos do Botafogo

Erros de passe e péssima recomposição defensiva: empate contra a Portuguesa escancara problemas coletivos do Botafogo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação e os problemas crônicos do time comandado por Marcelo Chamusca

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O empate contra a Portuguesa neste domingo (4) foi apenas a nona partida de Marcelo Chamusca à frente de um Botafogo completamente renovado. Este que escreve já mencionou em outra ocasião que o ânimo dos jogadores é completamente diferente daquele visto na trágica temporada de 2020 e que o trabalho de Marcelo Chamusca parecia promissor dentro das possibilidades oferecidas pelo clube da Estrela Solitária. No entanto, mesmo sabendo que Chamusca ainda precisa de tempo para implementar seus conceitos e a formação ideal, a grande verdade é que o Botafogo ainda sofre com problemas crônicos na recomposição defensiva e nos erros de passe. A tarde/noite que parecia promissora terminou com um empate amargo diante de uma Portuguesa que se comportou muito bem mesmo jogando com um a menos e que ainda teve que enfrentar a arbitragem completamente desastrosa de Bruno Arleu de Araújo.

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O gol marcado por Felipe Ferreira logo no primeiro minuto de partida no Estádio Giulitte Coutinho deu a falsa impressão de que o Botafogo não encontraria muitos problemas para conquistar os três pontos. É até compreensível que o escrete alvinegro tenha se posicionado em bloco mais baixo para esperar a Portuguesa e encaixar os contra-ataques (no estilo de jogo que Marcelo Chamusca implementou no Cuiabá e no próprio Glorioso nesse início de temporada). Só que a equipe sofria com dois problemas crônicos. O primeiro deles estava na recomposição defensiva. Jogando numa espécie de 4-2-4 (com Marcinho e Felipe Ferreira pelos lados e Matheus Babi e Rafael Navarro por dentro), o meio-campo do Botafogo sofreu com a falta de compactação e abriu espaços demais entre as suas linhas. Matheus Frizzo e Ricardinho ficaram sobrecarregados e viam a Portuguesa levar vantagem nos confrontos na base da velocidade.

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O 4-2-4 de Marcelo Chamusca mais abriu espaços no meio-campo do que reforçou o ataque do Botafogo. A equipe alvinegra não tinha compactação entre as suas linhas e foi presa fácil para uma Portuguesa que seguia organizada e intensa mesmo com um jogador a menos em campo. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

Esse problema na compactação das linhas e na recomposição defensiva persistiu até mesmo quando Muniz foi levou cartão vermelho no mínimo discutível após falta em Rafael Navarro (o melhor em campo pelo lado do Botafogo). Só que a Portuguesa seguiu levando vantagem em cima do time de Marcelo Chamusca e dominando o meio-campo. A equipe da Ilha do Governador seguia mais intensa, mais organizada e melhor distribuída em campo. E é aí que aparece o segundo problema crônico do Botafogo: os erros de passe. Com o meio-campo esvaziado, o escrete alvinegro teve menos posse de bola do que a Portuguesa e ainda acertou menos passes do que seu adversário. Observando os números do Footstats (ver tweet abaixo) a impressão que fica é a de que o Botafogo teve suas fragilidades expostas mais uma vez e que o 4-2-4 proposto por Marcelo Chamusca teve participação direta no enfraquecimento do meio-campo.

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Pouco adiantaram as entradas de David Sousa e Kayque nos lugares de Paulo Victor e Matheus Babi respectivamente, visto que o Botafogo seguiu com os mesmos problemas citados anteriormente. O que causa até certo espanto, já que Marcelo Chamusca organizou sua equipe num 4-2-3-1 com Ricardinho um pouco mais avançado. Do outro lado, o bom técnico Felipe Surian respondeu sacando Jhuliam e Cafu e mandando Emerson Carioca e Rafael Pernão para o jogo. O que se via era um Glorioso desperdiçava chances na mesma medida em que esvaziava seu meio-campo e concedia espaços demais para a Portuguesa da Ilha do Governador. Tanto que o (belíssimo) gol de empate da Lusa (marcado por Chay) nasceu de uma falha na cobertura dos volantes Matheus Frizzo e Kayque após cruzamento de Watson do lado direito aos 30 minutos da segunda etapa. Um prêmio para a equipe que teve o melhor desempenho no Estádio Giulitte Coutinho.

Watson aparece no lado direito e cruza. A linha defensiva do Botafogo (bem posicionada) afasta o perigo, mas os volantes Kayque e Matheus Frizzo falham na cobertura e concedem o espaço que Chay queria para ajeitar o corpo e marcar um dos mais belos gols do final de semana. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

É bem verdade que o Botafogo desperdiçou pelo menos duas grandes chances de gol no segundo tempo. O problema do escrete de Marcelo Chamusca não está na produção ofensiva, e sim na construção das jogadas. Com o meio-campo mais despovoado e com dificuldades para vencer marcações bem encaixadas, o jogo alvinegro não flui e a tendência de vermos o popular “bate e volta” é grande. E mais: mesmo jogando com um a mais durante quase toda a segunda etapa, o Glorioso não conseguiu controlar o meio-campo. Por mais que a atitude dos atletas seja bem diferente da indolência e da pasmaceira da temporada passada, o que se viu neste domingo (4) é a prova viva de que a equipe precisa melhorar muito. Mas há pontos positivos. Jonathan não fez feio na lateral-direita, Gilvan vem se adaptando rápido e Rafael Navarro pinta como ótima opção de ataque para Marcelo Chamusca diante da iminente saída de Matheus Babi.

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Por outro lado, é impossível fechar os olhos para o fato de que a Portuguesa poderia ter saído de campo vencedora se Bruno Arleu de Araújo não tivesse “operado” a equipe da Ilha do Governador sem anestesia. Foram pelo menos três decisões que influenciaram diretamente no resultado final. A mais gritante (na opinião deste que escreve) foi o toque de mão de Jhuliam ainda no primeiro tempo. Toque que só o árbitro viu. E ainda reclamam do VAR…

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