Home Futebol Goleada sobre o Moto Club nos apresentou um Botafogo consistente, vertical, objetivo e de ânimo renovado

Goleada sobre o Moto Club nos apresentou um Botafogo consistente, vertical, objetivo e de ânimo renovado

Luiz Ferreira analisa a boa atuação dos comandados de Marcelo Chamusca na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É verdade que o Moto Club não criou muitos problemas e foi facilmente dominado pelo Botafogo na partida realizada nesta quarta-feira (10), pela primeira fase da Copa do Brasil. Por outro lado, a atuação dos comandados de Marcelo Chamusca na goleada por cinco a zero no Castelão (em São Luís) ajudou a devolver o ânimo e a esperança para elenco e torcedores alvinegros. O Glorioso mostrou um bom repertório de jogadas, foi consistente na defesa (embora quase não tenha sido incomodado) e adotou uma postura vertical e objetiva para superar seu primeiro desafio na temporada de 2021. Pedro Castro, Ênio, Luiz Otávio e (principalmente) Warley foram os destaques da equipe de Marcelo Chamusca que, por sua vez, vem cumprindo o que prometeu na sua apresentação: o Botafogo é hoje uma equipe muito mais comprometida dentro de campo. As últimas partidas mostram que o futuro pode ser promissor.

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As coisas começaram a se desenhar logo aos dois minutos de partida, com Pedro Castro abrindo o placar em belíssima cobrança de falta. No entanto, é bom que se diga que escrete comandado por Marcelo Chamusca não se limitou a contra-atacar. O Glorioso construiu boas jogadas, valorizou a posse da bola e foi vertical e objetivo. Warley e Ronald (depois Ênio) aceleravam o jogo pelos lados e se juntava a Matheus Babi na já mencionada dinâmica do 4-2-3-1 preferido pelo treinador botafoguense. Com muita movimentação no campo adversário (somada à péssima marcação do Moto Club de Marcinho Guerreiro no meio-campo), a equipe carioca foi construindo a goleada na base da velocidade e das boas trocas de passe entre as linhas do oponente desta quarta-feira (10). Por mais que se relativize a atuação do Botafogo por conta da fragilidade do adversário, ela dá sim esperança de dias melhores.

Os números do SofaScore mostram a superioridade de um Botafogo que esteve muito mais preocupado em atacar e construir a goleada do que simplesmente fazer o tempo passar. Foram 57% de posse de bola, treze finalizações a gol (oito no alvo), 515 passes trocados na partida (com 90% de acerto) e quatorze faltas cometidas (contra onze do Moto Club). Tudo isso nos mostra que o escrete de Marcelo Chamusca marca forte no meio-campo e sai em velocidade para o ataque num estilo mais vertical e objetivo, sem muitos passes para os lados. Nesse ponto, a movimentação de Matheus Babi era um dos pontos mais fortes do esquema tático do treinador alvinegro. O camisa 11 não se limitava a ficar entre os zagueiros. Ele se movimentava pelos lados e abria espaços para as subidas dos “pontas” Ênio e Warley. O único que destoava (um pouco) dos demais era o meia Marcinho, que teve atuação mais discreta.

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Warley carrega a bola por dentro, Matheus Babi abre o jogo pela esquerda e Marcinho ataca o espaço vazio. A dinâmica do 4-2-3-1 de Marcelo Chamusca pôde ser facilmente notada em vários momentos da goleada do Botafogo sobre o Moto Club. Objetividade e intensidade nos movimentos. Foto: Reprodução / SPORTV

Este que escreve entende que a fragilidade do Moto Club deve ser levada em consideração nesta análise. Por outro lado, vale lembrar que o Botafogo conseguiu travar todas as descidas da equipe maranhense sem conceder qualquer grande oportunidade ao seu adversário. O placar já apontava 3 a 0 a favor do escrete de Marcelo Chamusca quando Gleydisson recebeu cartão amarelo justíssimo depois de entrada dura em Marcelo Benevenuto. O diferencial aqui é a postura do Glorioso. Os jogadores seguiram atacando e explorando a péssima noite do Moto Club. O terceiro gol botafoguense é o retrato perfeito daquilo que Marcelo Chamusca quer da equipe: muita velocidade e intensidade nas transições, amplitude gerada pelos “pontas” e jogadores “atacando o espaço” gerado pela movimentação dos atacantes. Warley cruza, Matheus Babi abre o espaço e Ênio se projeta para escorar a bola para as redes.

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O terceiro gol do Botafogo nos apresentou alguns dos conceitos defendidos por Marcelo Chamusca. Intensidade nas transições, amplitude, profundidade e muita movimentação no campo adversário. Matheus Babi abriu o espaço onde Ênio se projetou para escorar o cruzamento de Warley. Foto: Reprodução / SPORTV

Por mais que a goleada tenha nos apresentado um Botafogo com muito mais ânimo do que o time da temporada passada, a equipe comandada por Marcelo Chamusca ainda precisa ser testada contra times mais qualificados. Muito por conta das dificuldades que o Glorioso vai encontrar no Brasileirão da Série B e na sequência da Copa do Brasil. Vale lembrar que o sistema defensivo quase não foi acionado na partida desta quarta-feira (10) e que o treinador alvinegro ainda precisa corrigir o posicionamento da dupla de zaga formada por Marcelo Benevenuto e Kanu em alguns lances. Mesmo assim, a atuação do Botafogo na goleada sobre o Moto Club serviu também para devolver um pouco da confiança para um elenco ainda em formação e dar esperanças para uma torcida tão carente de bons resultados. A empolgação é mais do que justa. Ainda mais quando o clube vem de uma temporada completamente desastrosa.

Por outro lado, este colunista defende a tese de que ainda é preciso ter um pouco de paciência com Marcelo Chamusca e com os jogadores. O trabalho do treinador alvinegro ainda está no início e o elenco ainda está em formação. Já foi possível notar um crescimento na competitividade da equipe, ponto que será crucial na disputa da Série B de 2021. Mesmo assim, a atuação contra o Moto Club dá esperança de dias melhores.

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