Home Futebol Atropelamento do Flamengo sobre o Madureira tem a marca registrada de Arrascaeta

Atropelamento do Flamengo sobre o Madureira tem a marca registrada de Arrascaeta

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do camisa 14 no jogo desta segunda-feira (5) e a importância do uruguaio na equipe de Rogério Ceni.

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Com os dois gols marcados no atropelamento sobre o Madureira, Gabigol se igualou a Renato Abreu na artilharia do Flamengo no Século XXI. São 73 gols marcados em “apenas” 105 partidas com a camisa rubro-negra. Mas o grande nome do escrete comandado por Rogério Ceni na partida desta segunda-feira (5) foi o uruguaio Arrascaeta. Além de marcar um belo gol (o quinto da vitória por 5 a 1 sobre o Tricolor Suburbano), o camisa 14 regeu o meio-campo do Flamengo com a sua já conhecida qualidade. Não se limitou ao lado do campo ou à faixa central. Arrascaeta aparecia por dentro (como um “ponta de lança” dos áureos tempos do nosso futebol), abria o jogo pelos lados do campo, recuava para liberar as chegadas de Gerson ao ataque e ainda distribuiu ótimos passes no terço final. “Arrasca” é jogador de raro talento e é uma das principais armas ofensivas da equipe de Rogério Ceni. Sem exageros.

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É preciso dizer que o Flamengo fez com o Madureira exatamente aquilo que se espera de um time claramente superior tecnicamente. O escrete rubro-negro não só dominou o meio-campo como não parou de atacar em nenhum momento. De acordo com o Footstats (ver tweet no final do texto), foram 78% de posse de bola, incríveis 27 finalizações (com 15 delas indo na direção do gol) e 552 passes trocados. E o estilo mais vertical do Flamengo (uma das características do trabalho de Rogério Ceni) ganhou esse toque de qualidade com Arrascaeta lendo bem os espaços e se apresentando quase como um típico “camisa 10”. E o futebol do uruguaio cresceu junto com o de Everton Ribeiro, Isla, Bruno Henrique, Gerson e Diego Ribas. Muita movimentação e trocas no posicionamento para abrir a defesa do Madureira. E “Arrasca” estava sempre no lugar certo e na hora certa para receber o passe e acelerar as jogadas.

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Bruno Henrique vai para a linha de fundo, vira o corpo e vê Gerson, Everton Ribeiro e Gabigol esperando o cruzamento. Mas é Arrascaeta quem se lança no buraco aberto na defesa do Madureira. O uruguaio tem uma facilidade impressionante para “ler” esses espaços. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

Mesmo sabendo que essa foi apenas a segunda partida dos titulares na temporada e que foi possível perceber oscilações no desempenho em determinados momentos (principalmente no segundo tempo), o Flamengo conseguiu colocar um volume de jogo impressionante. Ainda mais com os canhotos Everton Ribeiro e Gabigol partindo da direita e com os destros Arrascaeta e Bruno Henrique vindo pelo lado esquerdo no 4-4-2/4-2-4 altamente ofensivo de Rogério Ceni. Só que a formação variava muito dependendo do posicionamento dos jogadores rubro-negros. Tudo era feito para abrir a defesa adversária e acertar o passe. Tanto que Arrascaeta apareceu também pelo lado direito e até mais avançado do que seus companheiros de equipe, dando profundidade às jogadas e abrindo ainda mais espaços. A movimentação do uruguaio é fundamental no lance do quarto gol do Flamengo, marcado por Diego Ribas.

Arrascaeta aparece mais avançado pelo lado direito e avança para dar profundidade ao ataque assim que Gerson lança Isla pela linha de fundo. A movimentação do uruguaio é fundamental no lance do gol marcado por Diego Ribas, o quarto do Flamengo na partida. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

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O início do segundo tempo nos mostrou um Flamengo mais relaxado do que o normal. Tanto que o Madureira diminuiu o placar com Luiz Paulo após cobrança de escanteio do lado esquerdo. Foi a senha para que o time de Rogério Ceni acordasse e retomasse o controle da partida com as linhas ainda mais avançadas. Filipe Luís merece uma menção honrosa pela partida que fez nesta segunda-feira (5), distribuindo bem o jogo, organizando a saída de bola e acabando com a falácia do “lateral defensivo” levantada por alguns jornalistas. Arrascaeta, por sua vez, saiu do meio e foi para o lado esquerdo justamente para aproveitar esse volume imposto pelo Flamengo gerando profundidade e amplitude a partir daquele setor. Tanto que o uruguaio fecha a goleada rubro-negra recebendo belo lançamento de Gerson e dando um drible desconcertante na marcação antes de estufar as redes do goleiro Felipe Lacerda.

A boa atuação de Arrascaeta foi coroada com o belo gol marcado aos 19 minutos da segunda etapa. O uruguaio abriu o campo pelo lado esquerdo e se livrou de Bruno Oliveira antes de fuzilar as redes de Felipe Lacerda. Movimentação e posicionamento perfeitos. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

Por mais que o Madureira não seja parâmetro para se avaliar a atuação coletiva do Flamengo, foi bom ver a equipe de Rogério Ceni se impondo na partida na base da qualidade e também do preparo físico. Mesmo que a segunda etapa tenha sido menos intensa do que a primeira (até pela vantagem de quatro gols obtida antes do intervalo), o escrete rubro-negro manteve as linhas avançadas, a pressão na saída de bola do Madureira e a intensidade nos movimentos ofensivos e defensivos. Mas foi Arrascaeta quem “roubou o show” com sua visão de jogo e seus passes precisos por todo o terço final. Pode não ser tão intenso como alguns comentaristas gostam de afirmar ou até sumir das partidas em determinados momentos, é verdade. Só que “Arrasca” sempre dá um jeito de aparecer com uma jogada de raro talento ao menor piscar de olhos. É por isso que o uruguaio é peça fundamental no time de Rogério Ceni.

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Por mais que o Campeonato Carioca não seja parâmetro para avaliações mais profundas, as atuações contra Bangu e Madureira aumentaram consideravelmente a expectativa do torcedor rubro-negro para a disputa da Supercopa do Brasil, marcada para o próximo dia 11 de abril. E mais: Arrascaeta, Bruno Henrique, Gabigol e companhia nos mostraram um Flamengo muito mais objetivo. E essa postura será fundamental contra o sempre perigoso e muito bem organizado Palmeiras de Abel Ferreira.

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