Home Futebol Derrota para o Operário expõe ainda mais a enorme fragilidade defensiva do Vasco; confira a análise

Derrota para o Operário expõe ainda mais a enorme fragilidade defensiva do Vasco; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o Fantasma encontrou tanta facilidade para vencer o time de Marcelo Cabo dentro de São Januário

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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A fragilidade defensiva do Vasco já havia sido apostada por este que escreve mais de uma vez aqui mesmo neste espaço em outras oportunidades. Tanto que o próprio Marcelo Cabo já havia falado na necessidade de se melhorar o setor mais de uma vez nas suas entrevistas coletivas e participações em programas televisivos. No entanto, se as atenções da comissão técnica estavam na marcação nas jogadas de bola parada (pelo menos no início do ano), a derrota (justa) para o Operário na rodada de abertura do Brasileirão da Série B deixou claro que a defesa vascaína sofre com problemas crônicos em todos os aspectos. Por mais que o Trem Bala da Colina tenha sentido a ausência de Leandro Castan e Marquinhos Gabriel, o que se viu neste sábado (29), em São Januário, foi o amplo domínio do muito bem organizado time de Matheus Costa sobre um adversário que simplesmente não conseguiu atacar e (muito menos) se defender.

A maneira como o Vasco fazia a sua saída de bola já deixava claro que as coisas não iriam funcionar bem. Marcelo Cabo apostou em Gabriel Pec e Figueiredo se revezando por dentro e pelo lado esquerdo no 4-2-3-1 costumeiro do treinador. O grande problema é que Andrey e (principalmente) Galarza se posicionavam muito à frente e abriam um espaço muito grande no meio-campo. Com Felipe Garcia, Leandrinho, Jean Carlo e o veterano Ricardo Bueno forçando o erro dos defensores vascaínos, não levou muito tempo para a “casa cair” em São Januário. Primeiro com o erro de Zeca no lance do primeiro gol do Operário (logo aos sete minutos de jogo). Dois minutos depois, foi a vez de Ernando bobear e perder a bola para Jean Carlo na intermediária. O camisa 7 do Fantasma só não fez o segundo porque Vanderlei fez grande defesa. Mesmo assim, a fragilidade defensiva do Vasco havia sido exposta com muito sucesso.

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O Operário adiantou a marcação e forçou o erro na saída de bola do Vasco desde o começo da partida em São Januário. Andrey (no círculo) e Galarza (fora da imagem) se posicionavam muito à frente e abriam uma verdadeira cratera na frente da defesa vascaína. Foto: Reprodução / Premiere

É compreensível que Marcelo Cabo tenha buscado suprir a ausência de Marquinhos Gabriel com a entrada do garoto Figueiredo e o posicionamento de Gabriel Pec um pouco mais por dentro (ainda que os dois trocassem de lugar em determinados momentos). Só que isso não explica a formação confusa do Vasco e nem a maneira como os jogadores se comportavam com e sem a bola. O que se via era uma equipe espaçada, extremamente lenta nas transições e com problemas sérios na recomposição defensiva. Ainda mais quando Galarza se posicionava quase como um “quinto meia” e sobrecarregava Andrey na saída de bola junto aos zagueiros Ernando e Ricardo Graça. O Vasco não criava, não marcava e não fazia a bola chegar em Germán Cano com um mínimo de qualidade. Do outro lado, o Operário fechava bem as suas linhas e ocupava todos os espaços que surgiam a partir da movimentação da equipe comandada por Matheus Costa.

Andrey iniciava a saída da bola e se deparava com todos os jogadores estáticos no campo de ataque e sem ter com quem jogar no meio-campo. O Operário marcava muito bem e explorava todas as deficiências que o Vasco apresentava em campo. Com e sem a posse da bola. Foto: Reprodução / Premiere

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Logo depois do intervalo, Marcelo Cabo mandou Daniel Amorim, Léo Jabá e Sarrafiore para o jogo e sacou Figueiredo, Morato e Galarza. Estava mais do que claro que a intenção do treinador vascaíno era colocar sua equipe mais à frente e povoar melhor o campo de ataque com o camisa 17 mais próximo de Germán Cano e muita velocidade pelos lados do campo com Léo Matos e Zeca apoiando mais. Só que o Vasco quase não melhorou sua postura diante de um organizado e muito bem aplicado Operário. Ainda que a equipe de Matheus Costa tenha diminuído o ritmo e baixado mais as suas linhas no segundo tempo, a impressão era a de que o Fantasma estava muito mais próximo do terceiro gol do que o Vasco de diminuir o placar em São Januário. Ainda mais com tanto espaço às costas da linha defensiva do escrete comandado por Marcelo Cabo. Vitória justíssima do altamente aplicado e intenso Operário Ferroviário.

As mexidas de Marcelo Cabo quase não mudaram o panorama do Vasco no segundo tempo. Mesmo com mais gente no ataque e com o Operário (um pouco) mais recuado, o Trem Bala da Colina apresentava as mesmas dificuldades dos primeiros 45 minutos em São Januário. Foto: Reprodução / Premiere

A imagem acima também mostra que o meio-campo vascaíno seguia com seríssimos problemas na compactação e na marcação dos jogadores adversários. Havia muito espaço entre a última linha e os jogadores de meio-campo. Além disso, o Vasco sofreu para furar o eficiente bloqueio defensivo do Operário. Na prática, era um “cobertor curto”, quase uma “escolha de Sofia”. Como colocar seu time no ataque se a defesa não passava a menor confiança? E por mais que eu e você tenhamos a perfeita noção de que a atuação desse sábado (29) estava muito longe de ser o “normal” do Vasco de Marcelo Cabo (ainda mais diante de tudo que a equipe apresentou contra adversários mais fortes), a derrota para o Operário escancara os problemas coletivos da equipe e a necessidade de ajustes em todos os setores. Não dá pra ver Cano isolado no ataque e sem receber nenhuma bola e Gabriel Pec jogando torto numa posição que não é a sua.

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É verdade que o Vasco ainda terá mais 37 rodadas para confirmar seu retorno para a elite do Campeonato Brasileiro e que a atuação deste sábado (29) deve ser intensamente estudada por Marcelo Cabo e sua comissão técnica. Mas a verdade é que são pontos como esses que fazem falta na reta final de qualquer competição de pontos corridos. Mesmo esse não sendo o “normal” do Trem Bala da Colina, não é nada agradável ter suas fragilidades expostas.

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