Home Futebol É penta! Há 19 anos, Brasil conquistava sua última Copa do Mundo; relembre os gols e a campanha

É penta! Há 19 anos, Brasil conquistava sua última Copa do Mundo; relembre os gols e a campanha

“Família Scolari” contava com grande elenco, além de Ronaldo Fenômeno e Rivaldo, que, para muitos, foram os dois melhores jogadores da Copa do Mundo

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

Há 19 anos, em 30 de junho de 2002, a seleção brasileira conquistava o penta da Copa do Mundo ao vencer a decisão contra a Alemanha por 2 a 0, com gols de Ronaldo Fenômeno. A “Família Scolari” tornou-se apenas a quarta equipe campeã a vencer todos os jogos e a primeira na história da competição a ganhar sete vezes em uma única edição, marca que permanece inédita.

No dia 05 de maio de 2002, Felipão anunciou a convocação para a Copa do Mundo. Para a surpresa geral, Romário ficou de fora.

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Ronaldo Fenômeno, retornando de seguidas lesões no joelho direito, passou por um longo processo de recuperação que durou em torno de dois anos, mas ainda assim entrou na lista dos 23 jogadores. Muito se questionava sobre seu estado físico e a ausência do “baixinho”, gerando fortes críticas por parte da torcida e imprensa. Mas Scolari tinha batido o martelo e definido o elenco.

A seleção contou com 13 jogadores atuando em clubes brasileiros e dez no exterior:

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Goleiros: Marcos (Palmeiras), Dida (Corinthians) e Rogério Ceni (São Paulo);

Laterais direitos: Cafú (Roma-ITA) e Belletti (São Paulo);

Laterais esquerdos: Roberto Carlos (Real Madrid–ESP) e Júnior (Parma–ITA);

Zagueiros: Lúcio (Bayer Leverkusen–ALE), Roque Júnior (Milan–ITA) e Anderson Polga (Grêmio);

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Volantes: Edmílson (Lyon–FRA), Gilberto Silva (Atlético-MG), Kléberson (Atlético-PR) e Vampeta (Corinthians);

Meias: Ronaldinho Gaúcho (Paris Saint Germain–FRA), Denílson (Betis–ESP), Juninho Paulista (Flamengo), Kaká (São Paulo) e Emerson (Roma-ITA). Emerson foi cortado na véspera da estreia e substituído por Ricardinho (Corinthians);

Atacantes: Ronaldo (Inter de Milão–ITA), Rivaldo (Barcelona–ESP), Edilson (Cruzeiro) e Luizão (Grêmio)

O CORTE DO CAPITÃO EMERSON

Na véspera da estreia, ao fim dos treinamentos de reconhecimento do gramado, o elenco realizou o tradicional “rachão” para descontrair e aliviar a pressão. Emerson, escolhido para ser o capitão da seleção, atuou como goleiro. Em um lance de infelicidade, o meia bateu com o ombro na trave ao tentar uma defesa.

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Diagnosticado com uma luxação no local, Emerson não teria condições de jogo pelo resto do Mundial e precisou ser cortado para realizar o tratamento da lesão. Felipão convocou Ricardinho, do Corinthians, que integrou a equipe a partir do segundo jogo em diante.

SUFOCO E VITÓRIA POLÊMICA NA ESTREIA

A estreia verde e amarela ocorreu no dia 03 de junho. Em um jogo difícil e recheado de polêmicas, venceu a Turquia de virada, por 2 a 1.

Hasan Sas fez o primeiro gol da partida no último minuto do primeiro tempo. Ronaldo empatou se esticando para complementar um cruzamento de Rivaldo quando o cronômetro marcava cinco minutos da segunda etapa.

Na reta final, aos 40, Luizão cavou um pênalti. Após saída errada do goleiro Rustu, o atacante recuperou a bola e foi derrubado fora da área por Alpay. O árbitro Kim Young Joo, no entanto, marcou a penalidade e ainda expulsou o zagueiro turco. Rivaldo não desperdiçou a cobrança e virou para o Brasil, concretizando o placar de 2 a 1.

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O jogo reservou outra polêmica. Ainda irritado pela marcação do pênalti, o meio-campo Unsal chutou a bola contra Rivaldo, que estava parado esperando a bola para cobrar o escanteio. Apesar de acertar sua coxa, o meia encenou ter sido atingido no rosto. O árbitro sul-coreano acreditou na atuação teatral do brasileiro e expulsou Unsal aos 48.

PASSEIO PARA GARANTIR A CLASSIFICAÇÃO

Sem sustos nem controvérsias, a China foi presa fácil para a seleção brasileira. Com tranquilidade, o triunfo estava encaminhado logo no primeiro tempo, com o placar de 3 a 0 construído pelos gols de Roberto Carlos, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho.

Na etapa seguinte, Ronaldo selou a goleada por 4 a 0.

CHUVA DE GOLS EM ULSAN E MELHOR CAMPANHA GERAL DA PRIMEIRA FASE

Diante da classificação de forma antecipada à segunda fase, Scolari poupou Roberto Carlos (que sentiu um desconforto muscular), Ronaldinho Gaúcho e Roque Júnior. Ambos haviam levado cartão amarelo nas duas partidas anteriores e corriam risco de suspensão. O lateral esquerdo Júnior, o zagueiro Edmilson e o atacante Edilson foram á campo entre os 11 iniciais.

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Em jogo aberto, movimentado, cheio de alternativas e criações de chances perigosas, a seleção goleou a Costa Rica por 5 a 2 e avançou para as oitavas de final com 100% de aproveitamento. Anotou 11 gols e sofreu três, contabilizando oito de saldo.

O JOGO MAIS DIFÍCIL

Ainda que o Brasil tenha criado mais chances num primeiro tempo parelho, a melhor foi produzida pelos belgas. Aos 35, o capitão e melhor jogador Marc Wilmots levou vantagem na bola aérea sobre Roque Júnior e marcou o gol para a Bélgica. Contudo, o árbitro jamaicano Peter Prendergast assinalou uma carga do atacante sobre o zagueiro brasileiro e anulou o tento, causando polêmica e revolta na equipe europeia.

Na volta do intervalo, Marcos brilhou e segurou o ímpeto adversário. A Bélgica tomou conta da partida, pressionou e não permitiu o Brasil chegar à sua área nos primeiros 20 minutos. Mas no futebol há o velho ditado: “quem não faz, toma”. Aos 21, Rivaldo inaugurou o marcador e Ronaldo, aos 42, definiu a passagem para as quartas de final.

O ADEUS DA CELEBRIDADE

Brasil x Inglaterra foi um confronto muito aguardado por amantes de futebol e imprensa. O embate proporcionaria um desfile de grandes jogadores em campo. A torcida japonesa não escondia a preferência pelos ingleses devido à presença do astro com status de “popstar” David Beckham, muito idolatrado em terras nipônicas.

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Em campo, Michael Owen aproveitou uma falha de Lúcio e saiu frente a frente com Marcos. O atacante inglês não perdoou e abriu o placar no minuto 23.

Rivaldo, recebeu um passe de Ronaldinho Gaúcho pelo lado direito da entrada da área, quando o cronômetro indicava 47. Em um belo movimento, ajeitou o corpo para bater com sua canhota e colocou no canto do goleiro, deixando tudo igual.

Aos quatro da segunda etapa, o ‘bruxo’ Ronaldinho Gaúcho tirou um lance inacreditável da cartola. Sua cobrança de falta da intermediária parecia um cruzamento despretensioso, mas virou um golaço memorável ao encobrir Seaman. Virada brasileira para 2 a 1.

Sete minutos mais tarde, o próprio Ronaldinho foi expulso numa dividida, onde entrou de sola no defensor Danny Mills.

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Após o lance, mesmo apresentando um maior volume de jogo, os ingleses não levaram grande perigo à meta de Marcos. O time de Felipão conseguiu se segurar e carimbou a vaga para a semifinal.

O BICO SALVADOR DA PÁTRIA

Movimentado e com boas oportunidades de gol, os primeiros 45 minutos diante da Turquia foram de muito equilíbrio. As duas equipes estiveram perto de mudar o marcador, mas esbarraram nas boas atuações de Marcos e Rustu nas metas.

Apesar de atuar com dores no adutor da coxa direita, Ronaldo foi decisivo. Ao receber de Gilberto Silva, o Fenômeno, cercado por dois marcadores, entrou na área em diagonal pela esquerda e chutou de bico no canto de Rustu. A bola beijou carinhosamente a bochecha da rede para a explosão da torcida aos quatro minutos da segunda etapa.

Antes do término, Denílson registrou uma cena icônica. Cercado por quatro jogadores adversários, o ponta os conduziu a bola até a lateral e sofreu falta para ganhar tempo. Quatro minutos depois o árbitro dinamarquês Kim Milton Nielsen apitou o fim de jogo, culminando na classificação brasileira para sua terceira final de Copa do Mundo consecutiva.

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NO DUELO ENTRE O TETRA E O TRI, LEVOU A MELHOR A SELEÇÃO QUE SE TORNOU PENTA

Pela primeira vez na história, Brasil e Alemanha se enfrentaram em uma partida da principal competição do futebol. A final reunia sete títulos mundiais até o momento, sendo quatro da seleção canarinho e três dos alemães.

Contrariado com a imprensa por colocar seu oponente como favorito, Kahn disse que, para o Brasil ser campeão, teria de passar por ele primeiro. O goleiro mal sabia o que o destino havia lhe reservado…

Para surpresa de todos, o (contestado) eleito melhor jogador da Copa deixou a bola escapar nos pés de Ronaldo, que, na raça, mexeu no placar aos 22 do segundo tempo. O atacante havia perdido a bola na intermediária para Linke, mas não se deu por vencido. Não desistiu do lance, desarmou o zagueiro e serviu Rivaldo, que disparou em direção à meta. Mesmo em um chute totalmente defensável, Kahn cometeu a grotesca falha.

Aos 33, a redenção em definitivo. Após longos períodos sofrendo com lesões e questionamentos por parte da torcida e imprensa pela sua convocação, Ronaldo anotou seu segundo no jogo. Após um passe de Kléberson pela ponta direita, Rivaldo fez um corta-luz para desmontar a defesa e a bola sobrou nos pés do Fenômeno. Na entrada da área, bateu de chapa com categoria no canto de Oliver Kahn e fez o gol que colocou números finais ao jogo e à Copa do Mundo, sacramentando o pentacampeonato do Brasil.

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Na comemoração, Cafú protagonizou um gesto histórico. O capitão subiu no palanque em que a taça estava exposta anteriormente e a recebeu. Após homenagear a esposa com a declaração “Regina, eu te amo”, exaltou o orgulho do bairro em que passou a infância com a frase escrita “100% Jardim Irene” em sua camisa de jogo.

https://www.youtube.com/watch?v=FsLUU64X0EQ

CAMPANHA

03/06 – Brasil 2 x 1 Turquia (Ronaldo e Rivaldo)

08/06 – Brasil 4 x 0 China (Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo)

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13/06 – Brasil 5 x 2 Costa Rica (Ronaldo (2), Edmilson, Rivaldo e Júnior)

Oitavas de final

17/06 – Brasil 2 x 0 Bélgica (Rivaldo e Ronaldo)

Quartas de final

21/06 – Brasil 2 x 1 Inglaterra (Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho)

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Semifinal

26/06 – Brasil 1 x 0 Turquia (Ronaldo)

Final

30/06 – Brasil 2 x 0 Alemanha (Ronaldo (2))

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