Home Outros Esportes NFL: Lara Rouillard se torna a primeira cheerleader brasileira do New England Patriots; Conheça a atleta

NFL: Lara Rouillard se torna a primeira cheerleader brasileira do New England Patriots; Conheça a atleta

Em entrevista ao Torcedores, Lara Rouillard conta sobre sua trajetória no cheerleading, projetos pelo Brasil, perspectivas para atletas brasileiras na NFL e o processo seletivo nos Patriots

Luís Martinelli
Colaborador de esportes americanos do Torcedores.com. Jornalista formado pela Unilago (União das Faculdades dos Grandes Lagos) de São José do Rio Preto - SP.

Em 12 de junho, o Brasil ganhou uma nova representação na NFL. Porém, não se engane, não se trata de um reforço de dentro do campo de jogo, mas nas laterais. Trata-se da Lara Rouillard, de 30 anos, recentemente aprovada como cheerleader do New England Patriots.

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Natural de Sabinópolis, município de mais de 15 mil habitantes do interior de Minas Gerais, Lara conversou com o Torcedores.com sobre a sua trajetória como cheerleader até chegar nos Patriots. Falou também sobre os projetos da Confederação Brasileira de Cheerleading e Dança (CBCD), onde é presidente. Lara também conversou sobre cenário para cheerleaders brasileiras na NFL e a realização do sonho de ser aprovada pelos Patriots.

Início da trajetória de Lara Rouillard como cheerleader

Atualmente residindo em Cape Cod, no estado de Massachusetts, Lara começou sua trajetória como cheerleader nos EUA, aos 15 anos. Ela fez o ensino médio na Nauset Regional High School, localizada em Eastham, também em Massachusetts.

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Anteriormente ao cheerleading de futebol americano, ela praticava vôlei durante o outono.  Na época, não tinha o inglês avançado e contou com o apoio da escola para aprender o idioma. Nesse meio tempo, um professor até chegou a sugerir que ela fizesse natação, no entanto acabou não dando muito certo.

 

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Eis que, tempos depois, apareceu uma pessoa fundamental para o início da jornada como cheerleader: a técnica Jenn Parks.

“Ela que foi a pessoa que chegou num dia de jogo meu de vôlei e falou assim: ‘Olha, você tem um biotipo atlético e eu gostaria que você fizesse parte da minha equipe de cheerleading’”, disse Lara. Primeiramente, esse convite da Jenn a surpreendeu, pois ela não sabia nada de inglês e não conhecia nada sobre cheerleading. Mesmo assim, ela acabou aceitando o convite. “Ela me ensinou tudo que eu sei. Ela foi uma das pessoas que mais me motivou e motiva até hoje. Então, sou muito grata a ela”.

Posteriormente, após terminar o ensino médio, ela voltou para Sabinópolis. Então, entre 2011 e 2012, ela começou a fazer um trabalho social em uma associação criada pelo tio e presidida pela tia, chamada “Bom de Bola, Bom na Escola”.

Por fim, em 2015, mudou-se para Belo Horizonte. Na capital, se tornou cheerleader do Get Eagles, que posteriormente se tornou o SADA Cruzeiro. Atualmente, a equipe se chama Galo Futebol Americano, após se juntar ao Atlético Mineiro. Quando aconteceu a nova mudança, Lara retornou aos Estados Unidos

Projetos na CBCD

Sobre a Confederação Brasileira de Cheerleading e Dança, Lara conta que a organização surgiu a partir das federações dos estados de Minas, São Paulo e Paraná. De acordo com ela, a CBCD tem o objetivo de focar na formação, como projeto social. Ainda, a confederação está se alinhando com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) na questão do alto rendimento.

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Além disso, a confederação trabalha também com a CBDU (Confederação Brasileira de Desportos Universitários) e com a CBDE (Confederação Brasileira de Desportos Escolares).

“Comecei no cheerleading em um nível escolar, e olha onde estou. Claro que existe um caminho. E, por meio da confederação, eu gostaria que mais pessoas tivessem oportunidades. E esse é o intuito: para que as pessoas conheçam o esporte e participem de campeonatos”, afirma Lara.

O campeonato brasileiro de cheerleading ocorre, geralmente, entre novembro e dezembro, realizado no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro. Só para ilustrar, o cheerleading competitivo é diferente do que é praticado na NFL, por exemplo, que é mais focado na performance, voltado para a dança.

“Dar em retorno para minha comunidade aquilo que deram para mim”

Durante o seu retorno para os Estados Unidos, Lara Rouillard recebeu o convite para ser técnica de cheerleading na Nauset. Ela afirmou que estava no Brasil, em uma reunião com o COB, quando atendeu a ligação a convidando para treinar na escola onde aprendeu a ser cheerleader. Segundo ela, retornar para a high school possui um significado especial de devolver o conhecimento transmitido a ela.

“Voltar para Nauset, para mim, significa dar em retorno pra minha comunidade aquilo que um dia me deram”, conta Lara. “Então, é basicamente assim ‘olha, a Jenn me descobriu quando tinha 15 anos de idade e ela conseguiu fazer um trabalho muito bacana e transformou a minha vida’. Então, voltar para Nauset é realmente tem esse sentido, esse significado de ‘olha, ela conseguiu e através da história dela, quantas outras pessoas não podem ser inspiradas e a lutarem mesmo pelos seus sonhos, porque obstáculos a gente vai ter em qualquer sonho que a gente quiser prosseguir’”.

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Além disso, Lara brinca que as alunas dizem que ela é uma treinadora “linha-dura”, mas isso ajuda na evolução delas. “Quando elas mudavam de modalidade, era muito fácil e elas me mandavam mensagens, porque ‘coach, está muito fácil aqui pra mim, porque você me treinou, porque você me ajudou’ e isso tudo é fruto de um trabalho que é feito, não é só dentro campo, dentro da quadra, em cima do tatame”.

Por fim, ela afirma que a principal função como técnica é mostrar aos adolescentes que é possível realizar seus sonhos. “A minha história com a Nauset é realmente ajudar os adolescentes a – lá é ensino médio – realmente encontrar qual que é o sonho deles e mostrar que é possível”.

Processo para ser cheerleader dos Patriots

Lara foi convidada por Tracy Sormanti, diretora do programa de cheerleaders dos Patriots na época, para fazer testes na franquia. A atleta conta que, antes de Tracy falecer no ano passado, elas sempre conversavam sobre como seria para o time ter uma cheerleader brasileira para representar não apenas o Brasil, mas a América do Sul. No entanto, ela não foi aprovada nos dois primeiros anos que tentou. Porém, em 2021, ela finalmente conseguiu.

As audições neste ano foram híbridas, sendo uma parte virtual e a outra presencial. Por causa de muitas mudanças que teve em 2021, Lara conta que teve mais vontade de ser aprovada nos testes. “Eu já estava mais adaptada, readaptada, aqui. Então, quando eu penso no que mudou do primeiro ano para agora, realmente acho que a vontade de fazer parte do time, estar bem preparada, eu tive mais tempo pra me acostumar, eu tive mais tempo pra me preparar fisicamente, psicologicamente.”

Além disso, a brasileira também começou a aprender mais sobre a franquia. E, dessa forma, a sua preparação foi 100% dedicada aos Patriots, pois, de acordo com ela, a “camisa pesa”. Outra motivação para ela se dedicar ainda mais foram as ações de ajuda à comunidade organizadas pelo New England Patriots. Por exemplo, o envio de vacinas para outros países.

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Segundo ela, o ponto-chave para ter ainda mais determinação para ser aprovada foi quando foi vacinada no Gillette Stadium. “Eu cheguei pra ser vacinada e, realmente, vi que eu queria fazer parte daquele time, queria estar dentro daquele campo, queria ajudar as pessoas da forma Patriots de ajudar. Então, isso foi um diferencial muito grande pra mim este ano”.

Sensação de ter sido aprovada

Assim que viu o seu nome no site dos Patriots, entre as aprovadas, Lara relata que a emoção tomou conta. “Eu não conseguia falar na hora que vi o meu nome no site. Eu não conseguia sorrir. As minhas lágrimas não tinham tempo, elas rolavam mesmo. Foi muito emocionante. E, realmente, é algo que eu gostaria que mais pessoas pudessem ter esse sentimento de conseguir chegar no seu objetivo”.

A cheerleader brasileira do New England Patriots ainda conta que, posteriormente, os amigos começaram a mandar mensagens para ela olhar no site. “Os meus amigos brasileiros, americanos, de todos os lugares. Aí eu falei ‘Meu Deus, está acontecendo, é verdade’. Aí eu saía do site e voltava lá e baixava de novo pra ver se realmente era verdade. E, é engraçado, que até hoje eu faço isso, pra ter certeza que, sim, meu nome tá lá”.

Lara ainda diz que essa conquista dela é muito importante para provar que com trabalho focado em um objetivo dá resultado. “Isso, pra mim, foi a maior prova, foram muitos dias de treino mesmo, eu viajava quase duas horas para treinar uma hora e voltar duas horas. Então, tinha dia que eu tirava o dia inteiro só pra ir treinar, e faz parte. Eu agradeço muito a todas as pessoas que participaram da minha preparação, que me ajudaram, que viram eu chorar, que viram eu sorrir, que sempre estiveram comigo”.

Espaço para mais cheerleaders brasileiras na NFL

Apesar de não falar por outras franquias da liga, Lara Rouillard pensa que o Brasil é um foco para a NFL, pois a liga está crescendo aqui. Pela experiência dela no New England Patriots, todo mundo tem espaço para ser cheerleader no futebol americano profissional. “Então, eu diria que, quem tem o desejo de ser cheerleader da NFL, continue trabalhando, continue pesquisando, nunca desista dos seus sonhos. Isso parece ser meio clichê, mas realmente não é, é verdade mesmo. Então, se você trabalha, se você se dedica, isso é possível”, diz.

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Recado para os fãs dos Patriots e da NFL

Antes de tudo, na hora de mandar uma mensagem para os torcedores do New England Patriots e para os fãs da NFL como um todo, ela brincou. “Pros fãs da NFL, vou deixar um recadinho pra todos virarem fãs do New England Patriots”. Por fim, ela deixou um recado para os fãs da franquia que representa. “E, para os torcedores do New England Patriots, vocês terão, sim, uma brasileira, levando tudo, um pedacinho de cada um de vocês, porque isso faz parte de mim e ‘Go Patriots’, ‘Vamos, Patriots’, e, se Deus quiser, este ano a gente tá com um comando essencial, sob o comando do Bill Belichick, e eu acredito que a gente tem um time muito bom pra conseguir chegar onde a gente deveria estar. Então, rumo ao Super Bowl sete, em Los Angeles, espero ver vocês lá ou acompanhando pela televisão”.

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