Home Futebol Fluminense segue vivo na Libertadores apesar do empate frustrante contra o Barcelona de Guayaquil

Fluminense segue vivo na Libertadores apesar do empate frustrante contra o Barcelona de Guayaquil

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Roger Machado e os problemas do Tricolor das Laranjeiras no jogo desta quinta-feira (12)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve entende bem a irritação de boa parte da torcida do Fluminense com as escolhas de Roger Machado e a atuação ruim do empate com o Barcelona de Guayaquil. O Tricolor das Laranjeiras tinha o jogo controlado, levou a virada quando tinha um jogador a mais em campo e só igualou o marcador na base do “abafa” e de um pênalti tolo cometido em cima de Abel Hernández nos acréscimos da partida. Os 2 a 2 desta quinta-feira (12) também mostraram um time que se desestruturou completamente quando foi preciso usar o banco de reservas e que se incomodou demais com a postura mais ofensiva do seu adversário no Maracanã. Mas é preciso dizer que o Fluminense segue vivo na Libertadores apesar de todos os problemas. Os resultados obtidos nos jogos fora de casa falam por si só. Mesmo com o Barcelona de Guayaquil podendo jogar pelo empate nos seus domínios na próxima semana.

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O primeiro tempo dos comandados de Roger Machado não foi brilhante, é verdade. Mas a equipe das Laranjeiras jogava de maneira organizada e vigiava bem as investidas do Barcelona de Guayaquil. Principalmente Damian Díaz, a referência técnica do escrete equatoriano. Roger Machado armou o Fluminense num 4-2-3-1 que trazia Cazares no lugar de Nenê, os jovens Gabriel Teixeira e Luiz Henrique pelos lados do campo (as duas válvulas de escape do time) e com Fred no comando de ataque. A ordem era correr poucos riscos e bloquear a passagem dos laterais Castillo e Pineida e sair em alta velocidade no contra-ataque. O gol marcado pelo camisa 39 do Tricolor das Laranjeiras (aproveitando falha do goleiro Burrai) deixava a sensação de que o escrete de Roger Machado não teria muitos problemas para confirmar a vitória no Maracanã. Mesmo com o Flu jogando abaixo do que podia jogar.

Barcelona de Guayaquil vs Fluminense - Football tactics and formations

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O Fluminense entrou em campo armado no 4-2-3-1 costumeiro de Roger Machado e tinha nos jovens Luiz Henrique e Gabriel Teixeira as suas principais válvulas de escape. O Barcelona de Guayaquil tentava propor mais o jogo, mas esbarrava num adversário organizado e que corria poucos riscos.

Esse panorama foi mantido nos primeiros minutos da segunda etapa. O Fluminense fechava espaços, corria poucos riscos e tentava segurar a bola no ataque. A questão aqui é que esse 4-2-3-1 de Roger Machado exige demais dos volantes e pontas tricolores na recomposição, já que Fred e Cazares pouco ajudavam no combate no meio-campo e davam certa liberdade para Molina (depois Carcelén) e Piñatares municiarem os jogadores de frente. O treinador tricolor tentou dar sangue novo ao seu time com as entradas de Kayky, Lucca e Nenê nos lugares de Gabriel Teixeira, Luiz Henrique e Cazares, mas acabou desestruturando o Fluminense e dando o campo que o Barcelona de Guayaquil tanto queria. Logo na primeira vez em que Damian Díaz conseguiu se livrar da marcação, o camisa 8 colocou a bola na cabeça de Adonis Preciado (que venceu Martinelli sem muitos problemas) no lance que resultou o gol de empate.

Damian Díaz recebe a bola na esquerda e vê o deslocamento de Adonis Preciado às costas da última linha do Fluminense. Apenas Martinelli fez alguma pressão no jogador, mas foi facilmente batido no lance do gol de empate do Barcelona de Guayaquil. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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A expulsão (justa) de Emiliano Martínez devolveu o controle da partida para o Fluminense, mas o grande problema era a falta de organização ofensiva da equipe de Roger Machado. As substituições não surtiram o efeito desejado e o Tricolor das Laranjeiras só conseguia levar perigo na base do “abafa”. Antes mesmo da virada (com Cortez cobrando pênalti de Nino em cima de Garcés) o Barcelona de Guayaquil já mostrava mais compactação e mais concentração para fechar as linhas de passe do time das Laranjeiras e isolar o meio-campo do ataque. Tudo por conta do 4-4-2 bem organizado e distribuído do técnico Fabián Bustos. O Barcelona de Guayaquil fechava bem os lados do campo e se posicionava de modo a explorar os espaços criados entre as linhas do Fluminense. Não foram poucas as vezes em que Samuel Xavier ou Egídio pegavam a bola e precisavam recuar, já que o trio ofensivo não dava opção de passe.

O Barcelona de Guayaquil fechava bem suas linhas e dificultava demais a vida do Fluminense na construção das jogadas de ataque. Fora isso, as substituições promovidas por Roger Machado acabaram desestruturando a equipe tricolor nesse segundo tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Fica a impressão de que o Fluminense teve mais sorte do que juízo nesta quinta-feira (12), já que Fabián Bustos trouxe a equipe tricolor para seu campo com a entrada de Quiñónez no lugar de Damian Díaz e com o gol de Fred em cobrança de pênalti sofrido por Abel Hernández nos acréscimos. Mesmo com mais volume de jogo e finalizando mais do que seu adversário (14 finalizações contra cinco do Barcelona de Guayaquil), Flu sofreu para criar jogadas e para reequilibrar os duelos após as mexidas de Roger Machado. Mesmo assim, é preciso dizer que o confronto ainda está muito aberto. Por mais que a equipe equatoriana tenha vencido todos os seus jogos em casa nessa Libertadores (incluindo Boca Juniors, Santos e Vélez Sarsfield), o Fluminense mostrou que sabe jogar fora de seus domínios e potencializar o jogo mais reativo do seu treinador. A vitória sobre o River Plate na Argentina é emblemática.

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Mas será preciso muito mais atenção e concentração por parte dos jogadores. Para dosar as energias e aproveitar essa postura mais ofensiva do Barcelona de Guayaquil. Nesse ponto, o retorno de Nenê ao time pode ser muito útil com o veterano se posicionando um pouco mais recuado e explorando as costas dos laterais com lançamentos longos e precisos. Mesmo sem ter um elenco estrelado, o Fluminense já mostrou competitividade contra adversários mais fortes. Está na hora de Roger Machado resgatar esse espírito na sua equipe.

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