Home Futebol Eficiência, organização e intensidade: Fortaleza supera o Palmeiras com mais uma ótima atuação coletiva

Eficiência, organização e intensidade: Fortaleza supera o Palmeiras com mais uma ótima atuação coletiva

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos times comandados por Juan Vojvoda e Abel Ferreira no jogo deste sábado (7)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É preciso dizer que o primeiro tempo de Palmeiras e Fortaleza foi um dos mais ricos em material para análises e estudo de todos aqueles que amam a tática no futebol. Intensidade, organização, jogadas ensaiadas e treinadas, velocidade e um jogo voltado para o ataque. Acabou que o Leão do Pici foi mais eficiente do que o time do Allianz Parque e venceu o confronto por 3 a 2 aplicando todos os conceitos do argentino Juan Vojvoda com a máxima eficiência. Fora isso, a força mental da equipe tricolor para manter a organização e explorar os contra-ataques depois da expulsão do volante Felipe foi simplesmente notável. Se o escrete comandado por Abel Ferreira pecou pelas chances perdidas e pela falta de objetividade em alguns momentos da partida, o Fortaleza teve tudo isso e muito mais. Foi intenso, organizado, focado e muito eficiente. Ótima atuação coletiva do time de Vojvoda.

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É preciso lembrar mais uma vez que as duas equipes nos brindaram com mais uma excelente partida nesse sábado (7). Em todos os aspectos. Se o Fortaleza mantinha o seu 3-4-1-2 costumeiro com Yago Pikachu e Lucas Crispim jogando nas alas, Matheus Vargas como o “enganche” que se aproxima de Romarinho e Robson e muita compactação entre suas linhas, o Palmeiras voltava ao 4-2-3-1, mas fazia a variação para o 3-2-5 bastante utilizada por Abel Ferreira. Titi marcou contra aos 11 minutos do primeiro tempo, mas o zagueiro Marcelo Benevenuto empatou a partida pouco depois e Robson virou o jogo aos 24 minutos depois que Weverton soltou chute de Romarinho. O novo empate viria com um passe de ruptura sensacional do zagueiro Luan que quebrou completamente as linhas do Fortaleza. Gustavo Scarpa se lançou nas costas Lucas Crispim e Titi e apenas rolou para Willian Bigode escorar para o gol vazio.

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Com o Fortaleza muito bem organizado no 3-4-1-2 de Juan Vojvoda, o Palmeiras teve que apelar para o passe de ruptura perfeito de Luan do campo de defesa. A bola passou pelas três linhas de marcação do Leão do Pici e resultou no gol de Willian Bigode. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Vale lembrar que o Fortaleza não se intimidava com o tamanho do adversário e com o fato de jogar fora dos seus domínios. A equipe de Juan Vojvoda mantinha seu plano de jogo e utilizava o pouco tempo que tinha com a bola para colocar uma intensidade absurda nas transições. Lucas Crispim e Yago Pikachu não se limitavam a permanecer nas alas. Entravam em diagonal e se apresentavam como opção de passe para Matheus Vargas além de buscarem o espaço aberto pela dupla de ataque. O Palmeiras, por sua vez, tentava aproveitar o fato de estar mais com a bola e fazê-la girar com mais velocidade pelo meio-campo. Tanto que Abel Ferreira mandou Victor Luís, Dudu e Gabriel Verón para o jogo no início do segundo tempo com essa clara intenção de aumentar a intensidade da sua equipe, mas sem muito sucesso. Era nítido que faltava calma e frieza ao elenco alviverde nos momentos capitais.

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A expulsão de Felipe na metade da segunda etapa poderia ser a senha para o time de Abel Ferreira tomar de vez o controle da partida, mas o treinador português acabou esvaziando o meio-campo do Palmeiras ao abrir mão de Gustavo Scarpa e Raphael Veiga para adotar uma espécie de 4-2-4 para dar mais profundidade à sua equipe. Juan Vojvoda manteve seu plano tático no Fortaleza e apenas deu fôlego novo para sua equipe com as entradas de Ederson, Bruno Melo e Igor Torres além de ganhar uma referência no comando de ataque com Wellington Paulista. Marcelo Boeck fez defesa de cinema em chute de Luiz Adriano minutos antes de Victor Luís ser expulso e o Leão do Pici viu Ederson acreditar numa bola quase perdida e fazer virada de jogo de manual da esquerda para a direita buscando Yago Pikachu. O camisa 22 levou três zagueiros do Palmeiras com ele e rolou para Igor Torres estufar as redes de Weverton.

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A expulsão de Victor Luís desarrumou ainda mais o Palmeiras de Abel Ferreira e deu mais campo para que o Fortaleza impor seu ritmo e acelerar nas transições. O time não perdeu consistência e nem organização e viu Ederson achar Yago Pikachu numa virada de jogo de manual. Foto: Reprodução / Premiere / GE

A vitória do Fortaleza de Juan Vojvoda sobre o líder do Brasileirão não foi mera obra do acaso. O Leão do Pici aproveitou as chances que teve, foi muito mais eficiente na sua proposta de jogo, ocupou melhor os espaços e cumpriu à risca o plano de jogo do seu treinador. O trio de zagueiros esteve sempre muito bem posicionado e o goleiro Marcelo Boeck ajudou na construção do resultado com defesas importantes sempre que a última linha era vencida. O Palmeiras, por sua vez, amarga um resultado negativo às vésperas da partida contra o São Paulo pelas quartas de final da Libertadores e vê Abel Ferreira ser cobrado mais uma vez pelas mexidas e pela montagem da equipe. Por mais que o treinador português tenha muito crédito, as saídas de Raphael Veiga e Gustavo Scarpa praticamente acabaram com a criatividade da equipe alviverde. E a expulsão de Victor Luís acabou com qualquer chance de reação.

Dito tudo isto, precisamos muito referenciar o trabalho de Juan Vojvoda. Chegou no Brasil sem grife, sem pompas e sem muito alarde. Mas vem fazendo um trabalho simplesmente sensacional num Fortaleza consistente, intenso e muito eficiente. O Leão do Pici compete demais e consegue se adaptar bem a cada situação de jogo sem se desarrumar em campo. Fruto de um trabalho sério feito com todo o respaldo de uma diretoria que parece pensar diferente das outras. A terceira posição na tabela não é obra do acaso.

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