Home Futebol Enderson Moreira recupera o Botafogo com estilo de jogo vertical, organização defensiva e muita movimentação

Enderson Moreira recupera o Botafogo com estilo de jogo vertical, organização defensiva e muita movimentação

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do Glorioso sobre o Náutico em jogo disputado neste sábado (18), no Estádio Nilton Santos

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Enderson Moreira era uma das últimas opções do Botafogo após a demissão de Marcelo Chamusca do comando da equipe no começo de julho. Fato é que sua missão não era das mais simples. No entanto, doze partidas depois da sua chegada ao Glorioso, a sensação é a de que o time mudou da água para o vinho em pouco tempo. Ainda que esse recorte não seja suficiente para análises mais profundas, é praticamente impossível afirmar que Enderson Moreira não mudou o Botafogo para melhor. Foram dez vitórias, um empate e apenas uma derrota no período e a certeza de que a equipe está muito mais organizada, intensa e envolvente. A vitória de virada sobre o Náutico de Marcelo Chamusca (!!!) neste sábado (18) colocou de vez o Glorioso na briga pelo título do Brasileirão da Série B e deixou ótimas impressões em todos os que viram o jogo no Estádio Nilton Santos. Os números da equipe de General Severiano na competição mostram muito bem essa evolução tática e técnica nesses últimos jogos.

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Mas quem começou a partida melhor foi o Náutico. Jogando no mesmo 4-2-3-1 do seu adversário, o Timbu fechava as saídas do Botafogo com Vinícius e Luiz Henrique forçando o jogo em cima de Carlinhos e Daniel Borges pelos lados do campo, Jean Carlos se movimentando bastante na entrelinha, Iago Dias segurando os zagueiros e muita pressão na saída de bola alvinegra. O gol marcado logo aos oito minutos deixou o Botafogo um pouco atordoado, mas o escrete de Marcelo Chamusca (inexplicavelmente) recuou demais e praticamente não apareceu mais no campo ofensivo. Some isso aos espaços que apareciam entre o meio-campo e a última linha e saberemos como o time de Enderson Moreira retomou as rédeas da partida. Chay começou a cair mais pelos lados do campo, Rafael Navarro arrastava os zagueiros e Marco Antônio aproveitava bem as subidas de Hereda ao ataque. Fora isso, a entrada de Luís Oyama no lugar do lesionado Pedro Castro deu mais consistência defensiva ao Botafogo.

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Nautico vs Botafogo - Football tactics and formations

O Náutico começou melhor a partida com seu quarteto ofensivo forçando o erro na saída de bola do Botafogo e aproveitando as falhas defensivas para abrir o placar com Jean Carlos. O time de Enderson Moreira logo equilibrou as ações com muita movimentação de Rafael Navarro e Chay no terço final.

É interessante notar que é Chay quem arrasta a marcação e abre o espaço onde Luís Oyama se lança para acertar bela finalização de longa distância (após desvio em Rafael Ribeiro) e empatar a partida no Estádio Nilton Santos. Essa movimentação no terço final acabou se transformando numa das marcas do esquema tático de Enderson Moreira. Ao invés do time mais espaçado e mais estático dos tempos de Marcelo Chamusca (mesmos problemas vistos no Náutico), mais movimentação e aproximação dos jogadores. A entrada de Diego Gonçalves no lugar de Warleuy (e o deslocamento de Marco Antônio para o lado direito) deixou o Botafogo ainda mais insinuante nas tramas ofensivas. Carlinhos avançava bastante ao ataque pelo lado esquerdo. Do mesmo modo, Daniel Borges ganhou mais confiança para aparecer na frente com a mudança tática. E foi justamente através de toda essa movimentação que surgiu o gol da virada do Glorioso. Chay se movimenta e Rafael Navarro ataca o espaço.

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Chay avança no espaço às costas do lateral Bryan, entra na área e faz o chute. A defesa do Náutico acompanha o camisa 14, mas se esquece de vigiar Rafael Navarro, que só tem o trabalho de empurrar para as redes após o rebote do goleiro Alex Alves. Imagens: Reprodução / Premiere / GE

Esse mesmo Botafogo teve sabedoria suficiente para cadenciar o jogo após a virada e não abrir mão do ataque. Enquanto Marcelo Chamusca apostava numa espécie de 4-2-4 e empilhava jogadores no setor ofensivo, Enderson Moreira trocava peças, descansava alguns dos seus nomes mais importantes, posicionava seu setor ofensivo de modo a explorar os espaços que apareceram na defesa do Náutico e controlava bem o jogo. E vale destacar aqui que o Timbu não teve uma grande chance de gol no segundo tempo. Foram apenas dois chutes de média distância que foram bem defendidos por Diego Loureiro. O escrete comandado por Marcelo Chamusca tinha poucas ideias e se movimentava pouco no ataque. E isso só facilitava a vida de um Botafogo de olho na chance ideal para encaixar o contra-ataque que fecharia o caixão do Timbu. E ele veio aos 51 minutos de partida, com Diego Gonçalves escapando pela esquerda e servindo Rafael Navarro na entrada da área. Resultado mais do que justo no Engenhão.

Botafogo vs Nautico - Football tactics and formations

A entrada de Diego Gonçalves melhorou a produção ofensiva do Botafogo no segundo tempo. O Náutico (mesmo com as substituições promovidas por Marcelo Chamusca) não conseguiu recuperar o volume de jogo do início da partida e ainda viu Rafael Navarro fazer o terceiro do Glorioso nos acréscimos.

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Difícil não observar no trabalho de Enderson Moreira o grande responsável pela arrancada do Botafogo. Não que o treinador esteja fazendo qualquer coisa de extraordinário. Apenas organizou melhor os jogadores em campo, aproveitou os reforços que estavam chegando e potencializou o futebol de Chay e Rafael Navarro no seu 4-2-3-1/4-4-2 de muita movimentação ofensiva, apoio constante dos laterais e chegada dos volantes. Se Pedro Castro não tinha condições físicas, Luís Oyama deu conta do recado se somando a Barreto como duas fortalezas na frente da consistente dupla de zaga formada por Kanu e Gilvan. O Náutico, por sua vez, pecou demais pela falta de movimentação e de ideias no meio-campo. Mesmo com Jean Carlos buscando o espaço na entrelinha e dando opção de passe para Iago Dias, Vinícius e Luiz Henrique. Erros que o proprio Botafogo cometia nos tempos em que Marcelo Chamusca era o comandante da equipe. O salto de qualidade do Glorioso é notável e significativo.

É também por isso que não é exagero nenhum colocar o Botafogo como postulante ao título do Campeonato Brasileiro da Série B. A equipe está a apenas quatro pontos do Coritiba e a tendência é que os jogadores mantenham o nível alto de desempenho nas próximas partidas. Fora a confiança reforçada com a ótima sequência sob o comando de Enderson Moreira. A vitória sobre o Náutico pode se transformar num divisor de águas para o Glorioso. Pode ser o início da caminhada rumo a coisas ainda maiores nessa temporada.

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