Home Futebol Liverpool joga no fio da navalha, mas retoma o ritmo intenso e supera o Milan em Anfield Road

Liverpool joga no fio da navalha, mas retoma o ritmo intenso e supera o Milan em Anfield Road

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Jürgen Klopp e Stefano Pioli e a estreia das duas equipes na Liga dos Campeões da UEFA

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Todos os amantes do velho e rude esporte bretão já sabiam que cada ponto conquistado seria importantíssimo nesse Grupo B da Liga dos Campeões da Europa antes mesmo da edição de 2021/22 começar. Isso porque o “grupo da morte” reúne camisas pesadas e clubes que desejam retomar seu lugar ao sol na competição mais importante do velho continente. A vitória do Liverpool em cima do Milan seguiu essa linha de pensamento. Por mais que a grande maioria dos torcedores considerassem a equipe de Jürgen Klopp favorita no confronto, é preciso dizer que o escrete rossonero (e muito bem organizado por Stefano Pioli) foi bastante competitiva enquanto teve fôlego para conter a intensidade (quase insana) característica dos Reds. Também é possível dizer que o Liverpool jogou no fio da navalha e sentiu demais a ausência de Virgil Van Dijk (o zagueiro que melhor controla a profundidade no futebol mundial). Mesmo assim, o time soube como se comportar bem e retomar o ritmo quando foi necessário.

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É preciso dizer que o escrete de Jürgen Klopp iniciou a partida desta quarta-feira (15) da maneira com a qual eu e você estávamos acostumados. Marcação alta, forte pressão pós-perda, muita intensidade nos movimentos e jogo extremamente agressivo no terço final. O treinador alemão apostou no seu 4-3-3 de sempre com Origi entre Salah e Diogo Jota e manteve Fabinho na frente da zaga para qualificar o passe. Do outro lado, o Milan tentou conter os avanços do seu forte adversário jogando no 4-2-3-1 básico de Stefano Pioli, mas viu Alexander-Arnold iniciar a jogada do gol que abriu o placar aos oito minutos e Salah parar no bom goleiro Maignana cinco minutos depois. Aos poucos, a equipe rossonera foi aproveitando os espaços que apareciam atrás da última linha (onde Matip e Joe Gomez mostravam certa dificuldade para marcar Rebic e Rafael Leão) e a queda no ritmo da partida já nos minutos finais da primeira etapa. Nesse ponto, Brahim Díaz e Calabria foram importantes para desafogar o time italiano.

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O Liverpool começou a todo vapor, mas o Milan soube como explorar bem os espaços que apareceram no 4-3-3 costumeiro de Jürgen Klopp. Brahim Díaz distribuía bem os passes, Calabria desafogava pela direita e o trio ofensivo se movimentava bastante. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports

O frame acima também mostra os volantes Kessié e Bennacer se aproximando de Brahim Díaz para dar opção de passe e prender Henderson e Keita mais atrás. É verdade que os dois gols do Milan (marcados aos 41 e 43 minutos do primeiro tempo) nasceram da queda abrupta no ritmo do Liverpool e da boa leitura dos espaços que apareceram entre as linhas do escrete de Jürgen Klopp. A virada (inimaginável para muita gente) aconteceu e deixou a impressão de que o time de Anfield Road sucumbiria aos desfalques e se transformaria em presa fácil para um adversário que ganhou moral e confiança com a virada relâmpago antes do intervalo. Mesmo sem tomar o controle da partida. Houve quem pensasse que a penalidade desperdiçada por Salah poderia ter sido determinante para que o time do Liverpool perdesse um pouco da sua concentração e força mental, mas as coisas voltariam ao normal no segundo tempo. Jürgen Klopp apenas reorganizou sua equipe e corrigiu o posicionamento do meio-campo. Foi o suficiente.

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Salah empatou a partida logo aos três minutos e Henderson decretou a segunda virada da noite com belíssimo chute da entrada da área aos 23. Mas a principal mudança estava na retomada do ritmo intenso e veloz do primeiro tempo. Com os jogadores mais próximos uns dos outros e explorando bem os espaços que apareciam da conhecida movimentação constante dos atacantes, o Liverpool retomou o controle da partida e manteve a bola no campo adversário por bastante tempo. Se Diogo Jota e Salah arrastavam os adversários e Origi (que teve ótima atuação) prendia os zagueiros Kjaer e Tomori. Isso permitia que Fabinho pudesse aparecer no terço final e iniciar as jogadas de ataque acionando o trio ofensivo com passes precisos e muita visão de jogo. Exatamente como aconteceu no belíssimo gol marcado pelo camisa 11 (que se redimiu do pênalti perdido no primeiro tempo) em lance que contou com a participação direta do volante brasileiro e com um toque de alta classe de Origi entre os zagueiros do Milan.

Fabinho aparece na intermediária, Alexander-Arnold e Robertson se revezam por dentro e pelo lado do campo, Diogo Jota e Salah arrastam a marcação e Origi prende os zagueiros. O Liverpool retomou o controle do jogo e construiu a virada com facilidade. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports

Ao invés da queda de ritmo abrupta percebida no final da primeira etapa, os Reds falharam menos na defesa e concederam menos (ainda que o Milan tenha levado perigo com Kjaer após cobrança de escanteio e com chute de fora da área de Brahim Díaz nos acréscimos). O Liverpool conquistava a sua primeira vitória na Liga dos Campeões da UEFA jogando no fio da navalha, mas retomando o ritmo intenso e veloz no segundo tempo. Há como se compreender as escolhas de Jürgen Klopp em reservar Sadio Mané para o segundo tempo e toda a preocupação com o zagueiro Virgil Van Dijk, talvez o principal jogador da equipe inglesa quando o assunto é o sistema defensivo, já que não foram poucas as vezes em que Matip e Joe Gomez tiveram dificuldades para controlar as bolas longas para Rebic, Rafael Leão e Saelemaekers. O zagueirão holandês fez muita falta nesse e em vários outros aspectos. Já Origi foi bem jogando na função que é de Firmino, mas se mostrando muito mais um pivô do que uma referência mais móvel no ataque.

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No duelo tático entre Jürgen Klopp e Stefano Pioli, o treinador alemão acabou levando a melhor na primeira rodada daquele que deve ficar conhecido como o “grupo da morte” da edição de 2021/22 da Liga dos Campeões da UEFA. Não é por acaso que todos no elenco do Liverpool comemoraram demais a vitória desta quarta-feira (15). O contexto não era lá muito favorável apesar do grande número de torcedores no Alfield Road. E isso sem mencionar o fato dos reds terem jogado no fio da navalha durante boa parte dos noventa e poucos minutos.

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