Home Futebol Bayern de Munique deita e rola pra cima de um Barcelona perdido, desorganizado e sem competitividade

Bayern de Munique deita e rola pra cima de um Barcelona perdido, desorganizado e sem competitividade

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Julian Nagelsmann e Ronald Koeman na abertura da fase de grupos da UEFA Champions League

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

As coisas mudaram muito desde o dia 14 de agosto de 2020, quando o Bayern de Munique aplicou humilhantes 8 a 2 num Barcelona que já dava sinais de as coisas estavam desandando. Mais de um ano depois, as duas equipes se reencontraram na abertura da rodada de grupos da Liga dos Campeões da UEFA e o roteiro só não foi o mesmo por conta dos jogadores que estavam em campo, dos treinadores no banco de reservas e, é claro, por causa do placar final. Fato é que o escrete de Julian Nagelsmann não encontrou dificuldade nenhuma para vencer os comandados de Ronald Koeman por 3 a 0 nesta terça-feira (14) em pleno Camp Nou. Lewandowski (duas vezes) e Thomas Müller marcaram os gols da vitória do Bayern de Munique ao passo que o Barcelona sequer acertou o alvo. De acordo com o SofaScore (ver no tweet abaixo), a equipe catalã finalizou (apenas) cinco vezes em toda a partida. Nenhuma delas foi na direção do gol de Neuer. Esse dado resume bem o que foi o jogo em Barcelona.

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É plenamente compreensível que Ronald Koeman esteja encontrando dificuldades para colocar o time que tem como o ideal em campo por conta de uma série de problemas dentro e fora de campo. Jogadores saindo do clube, jogadores afastados por lesão, jogadores em má fase… Enfim, a impressão que ficou da partida no Camp Nou foi a de que o treinador holandês acabou mais facilitando a vida do seu (fortíssimo) adversário ao apostar num 3-1-4-2 que esvaziou o meio-campo, sobrecarregou Busquets na proteção da zaga e (mais uma vez) desperdiçou o talento de Pedri e Frenkie de Jong na criação das jogadas. O Bayern de Munique apenas preencheu bem os espaços, executou bem os movimentos do 4-2-3-1/4-2-4 de Julian Nagelsmann e foi empurrando o Barcelona para trás. Ainda que o escrete catalão se organizasse defensivamente numa linha de cinco na frente da área de Ter Stegen, o que não faltava eram espaços que Thomas Müller, Sané, Musiala e Lewandowski aproveitaram muito bem.

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O 3-1-4-2 de Ronald Koeman se reorganizava num 5-3-2 quando o Barcelona era atacado. O problema (novamente) estava na fragilidade defensiva e na má fase técnica de alguns jogadores. O Bayern de Munique apenas ocupou os espaços e foi empurrando seu adversário para seu campo. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports

O gol de Thomas Müller (aos 33 minutos do primeiro tempo em bola que desviou em Eric García antes de morrer nas redes de Ter Stegen) era o prenúncio do que viria pela frente, já que a força ofensiva do Barcelona se resumia apenas às bolas longas para a correria de Memphis Depay e Luuk de Jong no ataque sem qualquer efetividade. Isso porque Kimmich e Goretzka tomavam conta do meio-campo com a categoria de sempre, Sané e Davies formavam ótima dupla pela esquerda (se revezando por dentro e pela beirada), Musiala ocupava bem o espaço deixado pelos deslocamentos de Thomas Müller para junto de Lewandowski e ainda abria o corredor para as descidas de Pavard. Enquanto o Bayern de Munique executava muito bem o plano de jogo de Julian Nagelsmann, o Barcelona sofria para sair do seu campo e fazer a bola chegar no ataque. A sensação deste que escreve era a de que o escrete de Ronald Koeman estava a pelo menos duas rotações abaixo do adversário desta terça-feira (14).

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Lewandowski marcaria duas vezes no segundo tempo em lances originados pela intensa movimentação e trocas de passe na intermediária ofensiva e pela marcação frouxa do Barcelona. Aliás, é de se admirar como o escrete de Ronald Koeman concedeu tanto para um adversário conhecido pelo seu poderio ofensivo com uma linha de cinco na frente da área e mais três jogadores na frente. Não se trata apenas de posicionamento ou de qualquer outro desenho tático que venha a ser utilizado na equipe catalã. É sobre a postura do time dentro de campo. Impossível não notar uma certa passividade em determinados atletas enquanto Musiala, Thomas Müller e companhia rodavam a bola de um lado para outro até encontrar o espaço para acelerar na direção do gol. Exatamente do jeito que Julian Nagelsmann tanto preza e defende no Bayern de Munique. E exatamente do jeito que o torcedor do Barcelona NÃO QUER. Os problemas são compreensíveis. Mas a falta de competitividade não.

O Bayern de Munique quase não encontrava dificuldades para tocar a bola e criar jogadas de ataque na intermediária do Barcelona. Por mais que a defesa estivesse recheada de jogadores, a postura apática e sem intensidade acabou ficando evidente na partida desta terça-feira (14). Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports

As únicas boas notícias (se é que podemos chamar assim) para o Barcelona foram as atuações do jovem Alejandro Baldé (que mostrou desenvoltura jogando pela ala esquerda) e do brasileiro Philippe Coutinho. Os dois deram um pouco mais de consistência ao escrete de Ronald Koeman e mostraram que podem ser muito úteis num futuro próximo. Principalmente o camisa 14, com sua capacidade de criação e ótima visão de jogo num momento em que o escrete blaugrana sofre com a falta de criatividade. Mesmo assim, a apresentação bem abaixo da média já deixou bem claro que as coisas podem se complicar ainda mais lá pelos lados do Camp Nou. Enquanto isso, o Bayern de Munique apenas fez valer seu favoritismo e estreou na UEFA Champions League com uma ótima vitória fora de casa. E vale destacar aqui a maneira como Julian Nagelsmann pensou sua equipe. Manteve o 4-2-3-1/4-2-4 padrão, deu confiança ao jovem Musiala e teve em Kimmich e Goretzka dois monstros no meio-campo. Simples e objetivo.

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É verdade que a Liga dos Campeões da UEFA ainda está no começo e que ainda há muito o que acontecer até o dia 28 de maio de 2022 (data da decisão). No entanto, o que vai ficar marcado na cabeça do torcedor e do amante do velho e rude esporte bretão é a boa atuação do Bayern de Munique e a pífia apresentação do Barcelona. Mais do que um possível prenúncio do futuro, o que se viu nesta terça-feira (14) foram duas equipes em momentos bem diferentes. E isso é preocupante.

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