Home Futebol Mais intenso e consistente na defesa, São Paulo mostra repertório interessante na vitória sobre o Corinthians

Mais intenso e consistente na defesa, São Paulo mostra repertório interessante na vitória sobre o Corinthians

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Rogério Ceni travou a equipe comandada por Sylvinho no Majestoso desta segunda-feira (18)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Rogério Ceni tem apenas dois jogos à frente do São Paulo. É um recorte pequeno demais para uma análise mais profunda do seu trabalho e da assimilação dos seus conceitos por parte do elenco. Mas é preciso reconhecer que a partida desta segunda-feira (18) nos trouxe alguns elementos interessantes que ajudam a explicar como o Tricolor Paulista controlou o Corinthians de Sylvinho e conquistou uma vitória importantíssima diante de mais de 23 mil torcedores no Morumbi. A começar pela escolha dos jogadores de meio-campo. Difícil não notar um aumento considerável do nível de intensidade e uma melhora notável na marcação, talvez os pontos mais fortes de um São Paulo mais organizado e muito mais concentrado em cada ação da partida disputada no Morumbi. Como falado anteriormente, ainda é muito cedo para se fazer análises mais profundas. Por outro lado, a vitória em cima do Corinthians e a maneira como ela aconteceu dá sim esperanças de que as coisas podem melhorar para o Tricolor Paulista.

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Talvez a grande sacada de Rogério Ceni tenha sido a escolha dos jogadores que iniciaram a partida desta segunda-feira (18). Sem Luan (lesionado), o treinador do São Paulo apostou em Liziero na proteção da defesa e posicionou Igor Gomes e Gabriel Sara um pouco mais à frente. Benítez jogou como uma espécie de “enganche” e se movimentava na frente de acordo com o posicionamento de Luciano. Tudo para ocupar bem os espaços e dar opções de passe para Calleri no comando de ataque. Um 4-3-1-2 que compensava uma possível falta de amplitude com muita movimentação que e que contava com o apoio constante de Orejuela e Reinaldo. Mais lento e mais passivo no início de partida, o Corinthians parecia sem ideias para se livrar da forte marcação do seu adversário na saída de bola. Roger Guedes permaneceu isolado no ataque e Cantillo, Giuliano e Renato Augusto eram muito bem vigiados pelo forte meio-campo do São Paulo. O camisa 8, aliás, era um dos poucos jogadores lúcidos do escrete comandado por Sylvinho.

Rogério Ceni apostou num 4-3-1-2 com Liziero na frente da zaga, Igor Gomes e Gabriel Sara um pouco mais à frente e Benítez como uma espécie de “enganche”. Luciano ajudava a abrir espaços na frente e Calleri se posicionava como a referência ofensiva. O 4-1-4-1 do Corinthians não conseguiu conter o ímpeto do São Paulo. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Todo o lance do gol marcado por Calleri (logo aos seis minutos de partida) foi um ótimo exemplo de toda a dinâmica colocada pelo meio-campo do São Paulo. Benítez, Gabriel Sara e Igor Gomes se movimentavam com bastante intensidade para encontrar espaços entre as linhas do Corinthians. Reinaldo foi acionado pelo lado esquerdo e fez o cruzamento preciso para o camisa 30 apenas escorar para as redes. Do outro lado, o Corinthians demorava demais para sair do seu campo e pecava pela lentidão. Renato Augusto, embora bem marcado, era o jogador mais perigoso do time de Sylvinho, mas a impressão que ficava era a de que o 4-1-4-1 do treinador parecia travado pela boa marcação do seu adversário. Se sobrava inspiração e repertório no escrete de Rogério Ceni, faltavam ideias e movimentação com e sem a bola para vencer a boa marcação do São Paulo. Ainda mais sabendo que seus principais jogadores estavam muito bem marcados e que os jovens Adson e Gabriel Pereira não conseguiam levar vantagem nos duelos pelos lados.

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Não era preciso ser nenhum gênio da análise tática para perceber que o São Paulo não conseguiria manter esse nível de intensidade por muito tempo. Por isso, Rogério Ceni sacou Benítez e mandou o uruguaio Gabriel Neves para o jogo logo após o intervalo. Saiu o 4-3-1-2 e entrou um 4-4-2 que se transformava num 4-2-2-2, já que Gabriel Sara e Igor Gomes procuravam o jogo por dentro e abriam o corredor para as subidas de Orejuela e Reinaldo. Ao invés da forte pressão na saída de bola, uma postura mais cautelosa, com as linhas mais recuadas e explorando o espaço na frente. O Corinthians, por sua vez, continuava com dificuldades para chegar no campo ofensivo e criar chances de gol. Elas apareceram muito mais por conta da queda natural do ritmo do time de Rogério Ceni do que por conta da criatividade e do repertório do escrete de Sylvinho. O treinador do Timão ainda ensaiou um 4-2-3-1 com Jô no lugar de Cantillo, mas essa e outras mexidas não foram suficientes para alterar o placar no Morumbi.

Com Gabriel Neves no lugar de Benítez, Rogério Ceni arrumou o São Paulo num 4-4-2/4-2-2-2 no segundo tempo e baixou um pouco as linhas de marcação. Gabriel Sara e Igor Gomes buscavam o jogo por dentro e Luciano aparecia no espaço para dar ainda mais opções na saída de bola. O Corinthians não teve forças para reagir. Foto: Reprodução / Premiere / GE

É verdade que o trabalho de Rogério Ceni ainda está no início e que o time do São Paulo ainda precisa de ajustes em todos os setores. Fora isso, Rigoni, Miranda e Luan (desfalques no Majestoso) deverão ser mais utilizados pelo treinador no decorrer das partidas. Por outro lado, já foi possível perceber um repertório interessante de jogadas e de movimentação num Tricolor Paulista intenso e bastante concentrado. Fora o considerável aumento na consistência defensiva e a ótima dinâmica imposta pelo meio-campo escolhido por Ceni para iniciar a partida. Está claro que esse 4-3-1-2 não é a sua formação preferida e que o treinador pode fazer novas adaptações na equipe considerada titular. Mas é preciso reconhecer que o São Paulo se mostrava muito mais ligado e apresentava mais alternativas para cada situação que o jogo apresentava do que o Corinthians de Sylvinho, que parecia completamente dependente dos passes e da visão de jogo de Renato Augusto. Muito pouco para um jogo desse tamanho.

Além da vitória, foi importante também a conexão com a torcida presente no Morumbi. A apresentação do São Paulo nesta segunda-feira (18) deixa sim a esperança viva no torcedor tricolor de que é possível recuperar o bom futebol e competir por coisas maiores ainda nessa temporada. Se Rogério Ceni encontrar paz para trabalhar e conseguir manter uma boa relação com o elenco, a tendência é que as coisas melhores consideravelmente lá pelos lados do Morumbi nas próximas partidas. A conferir.

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