É possível resumir a atuação do Barcelona no empate contra o Napoli nesta quinta-feira (17) em dois momentos distintos. A apatia e a falta de objetividade da primeira etapa e o “abafa” e a falta de pontaria da etapa final. Seja como for, os comandados de Xavi Hernández acabaram punidos pelos próprios erros e viram seu adversário aproveitar uma das únicas chances que tiveram no jogo válido pela segunda fase da Liga Europa. E é bom deixar claro que o escrete comandado por Luciano Spalletti nem teve uma atuação tão brilhante assim. Na prática, o Napoli jogou em cima dos erros de posicionamento do Barcelona na defesa e exploraram bem os problemas na recomposição. Principalmente pelo lado direito, onde Mingueza teve muita dificuldade para acompanhar Zielinski e Insige. Mesmo assim, o time catalão teve pelo menos cinco boas chances de sair com a vitória.
🌍 | Barcelona 1:1 Napoli
First leg of the marquee #UEL playoff round clash was played in Spain, where the hosts dominated possession, pushed hard (especially in the 2nd half), but Napoli held on to avoid defeat.
Everything will be decided in Naples next Thursday!#BarcaNapoli pic.twitter.com/7y78HIazVZ
— Sofascore (@SofascoreINT) February 17, 2022
É verdade que Xavi Hernández vem conseguindo dar um mínimo de padrão tático e competitividade a um Barcelona que sofria demais com a falta de uma referência após a saída traumática de Messi para o Paris Saint-Germain. Mesmo assim, a política de contratações do clube é um dos pontos que mais vem prejudicando o desempenho do escrete blaugrana nas últimas temporadas. Isso porque a impressão que fica é a de que a “grife” vem falando mais alto do que o desempenho e as características de cada jogadores. Este que escreve não está dizendo que Adama Traoré e Aubameyang são jogadores ruins. A intenção é mostrar que não se monta um time apenas com “bons nomes”. É preciso mais do que isso.
E o técnico do Barcelona percebeu isso assim que retornou ao Camp Nou. Não somente pelo fato de ver uma série de atletas mal utilizados e um elenco que precisa de motivação extra por conta de todos os problemas financeiros deixados pela antiga diretoria. É por isso que a Liga Europa se tornou um objetivo forte no escrete catalão. Além da boa premiação pelo título, a competição é um “caminho mais curto” para a próxima edição da Liga dos Campeões, grande menina dos olhos dos dirigentes blaugranas. O problema é que Xavi Hernández se vê com a missão de “trocar o pneu do carro com ele andando”, isto é, dar consistência ao Barcelona com vários jogadores chegando ao clube. Não é fácil.
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Todo esse processo de adaptação e entendimento entre técnicos e jogadores precisa ser levado em consideração quando se fala no Barcelona e em qualquer equipe. E conforme mencionado anteriormente, o escrete catalão poderia ter saído do Camp Nou com uma boa vantagem para o jogo de volta da segunda fase (ou dezesseis avos de final) da Liga Europa. Mesmo jogando de maneira apática e sem tanta intensidade no primeiro tempo. O que se via em campo era o costumeiro 4-3-3 de Xavi Hernández que trazia Mingueza e Jordi Alba nas laterais, Frenkie de Jong jogando na sua na frente da zaga e Nico González e Pedri encostando em Traoré, Aubameyang e Ferran Torres. Do outro lado, Luciano Spalletti apostava num 4-2-3-1 que marcava em bloco mais baixo e tentava fechar a entrada da área. Zielinski, Osimhen, Elmas e Insigne se movimentavam bastante na frente.
A falta de objetividade do Barcelona podia ser facilmente notada nas chances desperdiçadas por Ferran Torres. Por mais que o camisa 19 tenha sido sim uma das principais armas ofensivas da equipe blaugrana na partida, os erros nas conclusões a gol influenciaram demais no resultado final e também na maneira como seus companheiros de equipe se comportavam. A impressão que ficava era a de que todos pensavam que uma nova oportunidade surgiria e alguém conseguiria “colocar a bola na casinha”. Só que essa intensidade baixa se refletia na recomposição defensiva. Zielinski conseguiu acionar Osminhen às costas de Mingueza antes de armar o contra-ataque que resultou no gol do Napoli aos 29 minutos do primeiro tempo. Embora jogasse com as linhas mais baixas, o escrete de Luciano Spalletti conseguia encaixar boas arrancadas na direção do gol de Ter Stegen.
O Barcelona conseguiu chegar ao empate (aos 13 minutos da segunda etapa) depois que o VAR acusou penalidade de Juan Jesus após cruzamento de Adama Traoré. Mas a equipe blaugrana só melhorou de verdade depois que Xavi Hernández mandou Gavi, Busquets e Dembélé para o jogo nos lugares de Nico González, Frenkie de Jong e Traoré respectivamente. Do outro lado, o Napoli apenas se fechava no seu campo, baixava suas linhas, povoava a entrada da área (com Kévin Malcuit e Mário Rui se somando à última linha defensiva) e esperava o tempo passar. É preciso lembrar que as saídas forçadas de Zielinski e Anguissa prejudicaram bastante o time de Luciano Spalletti. Com Luuk de Jong e Dest em campo (nos lugares de Aubameyang e Mingueza), o Barça ganhou a profundidade que faltava pelos dois lados do campo, mas seguia desperdiçando chances impressionantes de virar a partida.
Se faltou objetividade no primeiro tempo, faltava pontaria e também aquela dose de sorte para todo o time. Principalmente Ferran Torres. Aliás, este que escreve ainda busca as palavras para descrever a apresentação do camisa 19 do Barcelona nesta quinta-feira (17). Pode ser que seja o caso daquele famoso “banho de manjericão” para afastar os maus fluidos e todo tipo de energia ruim que esteja por perto do atacante espanhol. Mas também é o caso de se aprender com os erros. Assim como todo o time blaugrana. Por mais que Xavi Hernández tenha conseguido potencializar o talento de jovens como Gavi, Pedri, Nico González e outros, a equipe ainda precisa de um senso de coletividade que só vira com o tempo, paciência e treinamento. Mesmo assim, as boas chegadas de Jordi Alba, Aubameyang e Ferran Torres indicam que o Barcelona está num caminho interessante.
Por maior que tenha sido a falta de sorte do Barcelona, é preciso dizer que o confronto por uma vaga nas oitavas de final da Liga Europa ainda está aberta. O Napoli entrou em campo para conseguir esse empate e saiu feliz do Camp Nou. Ao escrete de Xavi Hernández resta apenas a superação e a força coletiva necessária para conseguir o resultado na Itália e não amargar mais um fim de temporada sem títulos importantes. As lições do jogo desta quinta-feira (17) falam por si só.