O contexto da partida e a maneira como as coisas aconteceram no Estádio do Dragão ajudam a explicar os motivos pelos quais o ponto conquistado pelo Porto nesta sexta-feira (11) foi sim um bom resultado. Depois de estar perdendo por dois a zero para o Sporting, o escrete comandado por Sérgio Conceição aproveitou a expulsão de Sebastián Coates no início do segundo tempo para empatar o jogo e manter a vantagem de seis pontos na liderança do Campeonato Português. Enquanto as duas equipes se preocuparam com o futebol, vimos um confronto repleto de alternativas, ótimas execuções das estratégias propostas pelos dois treinadores e reviravoltas das mais variadas. A lamentar somente a confusão no final da partida que causou a expulsão de quatro jogadores e os nervos à flor da pele que só foram controlados pelo abraço entre Sérgio Conceição e Ruben Amorim.
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Era mais do que natural que o Porto tomasse a iniciativa desde o apito inicial e participasse pra cima do Sporting. A chance de abrir nove pontos na liderança do “Portuguesão” e de vencer um dos seus grandes rivais era motivação suficiente os Dragões. Sérgio Conceição manteve seu 4-4-2/4-2-3-1 que deixava Evanilson mais à frente, Taremi um pouco mais solto e Fábio Vieira e Otávio fechando os lados do campo e abrindo o corredor para as subidas de João Mário e Zaidu ao ataque. Do outro lado, Ruben Amorim mantinha seu 3-4-2-1 costumeiro com muita gente protegendo a área do goleiro Antonio Adán e muita mobilidade no terço final com Nuno Santos, Paulinho e Pablo Sarabia.
Por mais que o Porto fosse mais presente no campo ofensivo nos primeiros minutos, foi possível notar o Sporting respondendo essas investidas com uma marcação forte na saída de bola do seu adversário. Era possível notar aí a dinâmica que o time comandado por Sérgio Conceição tentava implementar sempre que tinha a posse. Vitinha recuava entre Mbemba e Pepe, Uribe se aproximava e os “wingers” apareciam um pouco mais por dentro. O grande problema dos Dragões estava na velocidade e na precisão para vencer essa primeira linha de marcação e fazer a bola chegar no ataque. Os Leões bloqueavam muito bem os espaços e aceleravam ao máximo quando recuperavam a posse da bola ainda na intermediária.

Ruben Amorim montou seu Sporting de modo a fechar as linhas de passe do Porto. Vitinha recuava entre os zagueiros e já recebia a pressão de Paulinho por dentro com Nuno Santos e Pablo Sarabia em cima dos zagueiros Pepe e Mbemba. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
O gol marcado por Paulinho (após cruzamento de Matheus Reis) logo aos oito minutos de partida desarrumou a equipe do Porto. A pressão na saída de bola não surtia tanto efeito e os jogadores de ataque demoraram muito para se reencontrar. O caldo quase entornou de vez quando Nuno Santos fez o segundo dos Leões aos 33 minutos. Isso porque Fábio Vieira diminuiu praticamente no lance seguinte após assistência de Taremi. Mesmo rendendo abaixo do que podia, o Porto conseguiu voltar para o jogo e veria sua situação melhorar bastante depois da expulsão de Sebastián Coates após levar o segundo cartão amarelo por falta em Evanilson. Ruben Amorim fechou sua equipe com um “ônibus” estacionado na frente da área de Antonio Adan. Tudo para conter os avanços do seu adversário e fechar os espaços entre os zagueiros Gonçalo Inácio e Zouhair Feddal.

A expulsão de Sebastián Coates obrigou o técnico Ruben Amorim a fechar sua área com até seis jogadores e a adotar uma postura mais reativa. O Porto, por sua vez, ocupava bem o campo de ataque e arrastava a defesa adversária para trás. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Foi mais ou menos a partir dos quinze minutos que o Porto conseguiu acertar a marcação na saída de bola e se posicionou melhor em campo. Sérgio Conceição sacou Vitinha e mandou o brasileiro Wenderson para o jogo e assumiu de vez o 4-2-3-1 na sua equipe sempre tentando fazer com que ela jogasse de maneira inteligente. Com Uribe e Otávio ligados nos passes de ruptura do Sporting, o escrete azul e branco conseguiu frear cada tentativa de contra-ataque da equipe do Sporting. Faltava ainda o capricho no último passe e na finalização a gol. O nervosismo por conta do clima mais quente das arquibancadas e dos bancos de reservas pode ter influenciado um pouco o desempenho de jogadores como Evanilson, Taremi e Otávio. Mas é vale destacar como os Dragões encontravam mais facilidade quando aceleravam pelo lado esquerdo com as boas descidas de Fábio Vieira e Zaidu Sanusi.

Sérgio Conceição adotou o 4-2-3-1 para preencher melhor os espaços e soltar Evanilson para atacar as costas da última linha do Sporting. Ainda que o time tenha falhado nas tomadas de decisões, seu adversário pouco ameaçou no segundo tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Aos 33 minutos do segundo tempo, Taremi acertou belíssima cabeçada no canto esquerdo de Antonio Adán e deu números finais para o jogo. Há com se questionar uma série de decisões do árbitro João Pinheiro. A começar pelo lance que provocou o segundo cartão amarelo de Coates. Por mais que tenha ocorrido o contato, Evanilson se joga assim que é tocado. Lance de interpretação pura, mas que deixa certas dúvidas. Mas o mais polêmico de todos, sem qualquer sombra de dúvida, aconteceu nos últimos momentos do confronto quando o “homem do apito” não foi ao VAR para revisar uma possível penalidade em cima de Pepe. A torcida protestou jogando objetos e uma confusão generalizada tomou conta do Estádio do Dragão. Bruno Tabata, João Palhinha, Marchesín e o luso-brasileiro Pepe foram expulsos e o “furdunço” só acabou com o abraço entre Ruben Amorim e Sério Conceição.
No final das contas, o empate não foi tão ruim para o Porto. A equipe azul e branca manteve a vantagem de seis pontos na liderança do Campeonato Português sobre o Sporting (segundo colocado) e a invencibilidade na competição. Ainda que Luis Díaz tenha se transferido para o Liverpool, a impressão que ficou foi a de que Sérgio Conceição vem conseguindo encontrar soluções dentro do próprio elenco. E tudo isso com as oitavas de final da Liga dos Campeões batendo á porta.

