Home Futebol Primeiro grande teste do ano indica necessidades de ajustes urgentes no Vasco; confira a análise

Primeiro grande teste do ano indica necessidades de ajustes urgentes no Vasco; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação dos comandados de Zé Ricardo na derrota para o Botafogo neste domingo (13)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Tirando o amistoso contra o Audax realizado na pré-temporada, o Vasco realizou seis partidas no ano. Todas pelo Campeonato Carioca. Foram quatro vitórias, um empate e uma derrota, com doze gols marcados e sete sofridos. Bons números quando se olha para a temporada passada e para as dificuldades que o Trem Bala da Colina encontrava para vencer seus jogos. Por outro lado, o primeiro revés em jogos oficiais em 2022 também deixa a certeza de que, apesar do bom início no Estadual, o técnico Zé Ricardo ainda precisa realizar ajustes em todos os setores da sua equipe. Esse cenário ficou bem evidente após a derrota para o Botafogo neste domingo (13), em São Luís. A sensação que ficou depois da partida foi a de que o Vasco perdeu muito da consistência apresentada no começo do ano. Ainda há tempo. Mas é bom abrir o olho antes que seja tarde.

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Não é novidade pra ninguém que acompanha o espaço aqui no TORCEDORES.COM que o trabalho de Zé Ricardo ainda está no início e que o “recorte” de seis partidas ainda é pequeno demais para se fazer uma análise mais completa. Certo é, no entanto, que o Vasco apresentou as mesmas falhas dos jogos contra a Portuguesa e contra o Boavista. O time encontrou muitas dificuldades para criar suas jogadas de ataque, se movimentou muito pouco no terço final e ainda abriu espaços generosos na sua defesa. Por mais que estejamos falando de “apenas” seis jogos, a derrota para o Botafogo e como ela acontecer indica sim a necessidade de ajustes no escrete de São Januário. E em todos os setores.

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É preciso dizer também que o Vasco reformulou quase todo seu elenco e que a falta de entrosamento e de entendimento dos conceitos de Zé Ricardo ainda é um problema que vai permanecer durante mais algum tempo na equipe. Tudo isso ficou bastante evidente na derrota para o Botafogo. Não somente por se tratar do primeiro grande teste do Trem Bala da Colina na temporada, mas pelas dificuldades encontradas pela equipe diante de um adversário mais forte e mais organizado do que os das primeiras rodadas do Campeonato Carioca. O posicionamento defensivo e a organização do time de São Januário na hora de atacar ficaram bem evidentes no jogo disputado em São Luís.

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Zé Ricardo mandou o Vasco a campo no seu 4-2-3-1 costumeiro com Nenê logo atrás de Raniel, Bruno Nazário e Gabriel Pec pelos lados e Léo Matos substituindo o suspenso Weverton. Do outro lado, o Botafogo (que fazia seu primeiro jogo após a saída de Enderson Moreira) repetia a mesma formação do seu adversário e ensaiou uma pressão logo de início e criou boas chances de balançar as redes. Com o nível de exigência mais elevado do que em outras partidas, o Trem Bala da Colina não conseguia atacar de maneira organizada nem mesmo quando o time comandado (interinamente) por Lúcio Flávio concedia espaços. Num dos lances mais emblemáticos, Edimar parte pela esquerda e vê Gabriel Pec aproveitando o buraco na defesa do Glorioso. O problema é que Nenê, Bruno Nazário e Raniel pouco se movimentavam e os volantes Matheus Barbosa e Juninho não se aproximavam.

Edimar aparece pela esquerda e faz o passe longo para Gabriel Pec atacar as costas de Hugo pelo lado direito de ataque do Vasco. Nenê, Bruno Nazário e Raniel pouco se movimentam para abrir espaços na defesa alvinegra e ficam encaixotados. Foto: Reprodução / GE

A grande questão aqui é simples. O Vasco simplesmente não conseguia aproveitar os espaços que apareciam na defesa do Botafogo porque não se movimentava. Todo o jogo ficava concentrado nas bolas lançadas para Gabriel Pec brigar pelos lados do campo contra Daniel Borges, Joel Carli e companhia. Ao mesmo tempo, essa falta de movimentação do time de Zé Ricardo também era facilmente notada na defesa. O gol marcado por Erison saiu de contra-ataque puxado por Diego Gonçalves em cima do espaço deixado por Léo Matos. Os problemas na recomposição defensiva percebidos várias e várias vezes durante a série B de 2021 ainda estão muito presentes no escrete de São Januário.

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É interessante notar que a equipe estava com a defesa mais ou menos ajustada antes do camisa 11 do Botafogo fazer o passe para o meio da área por conta da cobertura de Matheus Barbosa. Mas o que vemos aí nesse lance é uma verdadeira sucessão de erros. A marcação do volante vascaíno e do zagueiro Ulisses é facilmente vencida por Diego Gonçalves com um simples toque na direção da linha de fundo. Anderson Conceição chega a “quebrar o pescoço” para ver o posicionamento de Erison, mas acaba dando o espaço que o atacante do Glorioso precisava. E por fim, Léo Matos demora demais para recompor o espaço que Matheus Barbosa teve que abrir para cobrir a sua subida ao ataque.

Léo Matos não recompõe, Matheus Barbosa e Ulisses são facilmente vencidos por Diego Gonçalves e Anderson Conceição permite que Erison receba o cruzamento dentro da área. O gol do Botafogo nasceu de uma sucessão de erros defensivos do Vasco. Foto: Reprodução / GE

O segundo tempo da partida nos mostrou um Vasco muito mais ligado nas ações, mas ainda extremamente desorganizado e sem criatividade. A falta de entrosamento ficava nítida a cada passe errado no meio-campo. A única jogada mais ensaida da equipe eram as bolas longas de Nenê para Gabriel Pec no lado esquerdo, mas sem muito sucesso. O Botafogo baixou suas linhas, fechou a entrada da área e teve na grande noite de Gatito Fernández o grande trunfo para sair do Castelão com os três pontos. E a sensação que fica é a de que o time de Zé Ricardo não sabia muito bem o que fazer com a bola em determinados momentos. Nenê recebia pela direita com liberdade, mas nenhum companheiro de equipe encostava por dentro ou puxava as jogadas pelos lados. Com tanta gente concentrada no meio da área, a tarefa da defesa alvinegra ficou ainda mais facilitada.

Nenê recebe a bola com liberdade e não recebe a companhia de nenhum jogador do Vasco para trabalhar mais as jogadas de ataque. Faltava quem encostasse mais por dentro e quem abrisse o campo pelos lados. O ataque ficou encaixotado. Foto: Reprodução / GE

As entradas de Getúlio e Riqueme melhoraram bastante o desempenho ofensivo do Vasco. No entanto, apesar do volume de jogo, o escrete de Zé Ricardo acabou parando em Gatito Fernández (o grande nome da partida) e na própria falta de pontaria. Este que escreve entende bem o contexto que Zé Ricardo encontrou no clube, com um elenco praticamente novo e a necessidade de se começar tudo praticamente do zero. Mas é preciso entender que as fragilidades apresentadas pelo Trem Bala da Colina no jogo contra o Botafogo indicam sim uma necessidade de ajustes urgentes em todos os setores. Bruno Nazário parece não se sentir confortável jogando pelo lado do campo, Nenê esteve sobrecarregado na criação mais uma vez e Raniel ficou isolado na maior parte do tempo. E isso tudo sem falar nos crônicos problemas defensivos que o torcedor vascaíno conhece tão bem.

A boa notícia é que ainda há tempo para fazer esses ajustes e encontrar a melhor formação. O foco do clube está no Brasileirão da Série B e o Campeonato Carioca vem sendo encarado muito mais como uma competição para dar confiança ao elenco do que uma prioridade. Por outro lado, os problemas coletivos do Vasco já são bastante visíveis. Zé Ricardo sabe disso e sabe também que vai precisar encontrar a melhor forma de resolver cada um deles o mais rápido possível.

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