Home Vida Saudável Após dois anos de pandemia, médicos analisam efeitos da Covid-19 no desempenho dos atletas e destacam importância da vacinação

Após dois anos de pandemia, médicos analisam efeitos da Covid-19 no desempenho dos atletas e destacam importância da vacinação

Pesquisa da Universidade Heinrich-Heine, na Alemanha, ligou implicações do Covid-19 a quedas de rendimentos dos jogadores em ligas europeias

Flavio Souza
Formado em Gestão de TI e cursando Jornalismo. Desde 2006 escrevo sobre esportes em geral, ingressando em dezembro de 2018 no site Torcedores.com, onde atualmente exerço função de Colaborador Sênior. Atualmente meu foco é no futebol brasileiro e internacional, mas procuro falar sobre outras modalidades, como esportes olímpicos, por exemplo. Meu foco é trazer informações relevantes sobre os clubes fora de campo, como entrevistas, análises financeiras, desempenho das equipes em redes sociais e análises táticas.

Durante o mês de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde decretou estado de pandemia do coronavírus. Mais de dois anos depois, os médicos dos clubes brasileiros analisam os efeitos do vírus no desempenho dos atletas. Além disso, estão sendo mapeados os principais riscos de sequelas.

PUBLICIDADE

No primeiro ano, a Covid-19 infectou 48% dos jogadores da Série A, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJnaldvOUhRbiIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]

PUBLICIDADE

Jhone Pereira, médico do Cuiabá, explica os principais riscos da doença, pensando no alto rendimento dos atletas.

“Existe a ameaça cardiológica que pode vir como uma sequela. Nós tivemos muitos casos descritos de miocardite, relacionado a infecção do vírus. Esse é um problema que estamos sempre atentos para evitar que aconteça. Com o passar do tempo, passamos a tratar e compreender melhor os casos de cada paciente”, explicou.

Ainda de acordo com o médico, a curto prazo, houve casos de jogadores que caíram de desempenho em algumas métricas de avaliação.

“Alguns tiveram dores articulares, lombares e até do ponto vista pneumológico também. Mas como eles são atletas de alto nível, no médio prazo esses sintomas foram mitigados”, acrescenta Pereira.

PUBLICIDADE

Problemas a longo prazo por conta do Covid-19

Apesar dos jogadores estarem propícios à recuperação mais rápida, uma pesquisa da Universidade Heinrich-Heine (ALE), feita em agosto do ano passado, ligou implicações a longo prazo da Covid-19 a quedas de desempenho nas ligas da Alemanha e Itália. Segundo os pesquisadores Kai Fischer e W. Benedikt Schmal, houve uma diminuição de 6% no número de passes completados e 9% na minutagem dos atletas nos meses seguintes à doença.

Esse dado da Universidade de Dusseldorf só reforça a importância da vacinação para prevenir possíveis sequelas e, principalmente, controlar o avanço da doença. “As principais sequelas são, momentaneamente, cansaço e falta de ar ao realizar esforços, e o mais comum, é a previsão de quatro meses de duração em média. Observamos que, após tomar a vacina, os atletas com a faixa etária entre 20 e 30 anos são pouco acometidos tanto com sintomas quanto sequelas ou queda de desempenho em esportes de alto rendimento”, explicou Alexandre Vega, médico do Botafogo.

Medo da convivência com o vírus

Júnior Chávare, executivo de futebol, que estava atuando nas categorias de base do Atlético Mineiro, no início da pandemia, relembra o medo de trabalhar diante da ameaça da Covid-19. Além disso, ele cita a rotina diária de testes. E mesmo com todos esses cuidados, ele acabou infectado.

“No meu caso, por ser grupo de risco, no dia a dia do trabalho eu era tido pelos colegas como um dos mais prevenidos. Não tirava a máscara em nenhum momento e mesmo assim acabei contraindo o vírus. Até o diagnóstico positivo, cheguei a fazer 37 testagens”.

PUBLICIDADE

Em 2020, Chávare ficou internado por uma semana e foi o caso mais grave do Galo. “No dia que testei positivo, senti um cansaço no corpo, mas leve. A partir do segundo dia, aumentaram os sintomas. Do sétimo dia em diante foi mais crítico. Aí a questão respiratória ficou mais comprometida. Muita dificuldade, e o cansaço absurdo. Não conseguia andar 10 metros sem parar. Nesse período, eu tive de tudo. Dor no corpo, febre, falta de ar. Tudo que você pode imaginar”, acrescenta.