Palmeiras e Atlético-MG abriram a edição de 2022 do Brasileirão Feminino com um jogo bem disputado e cheio de alternativas nesta sexta-feira (5), no Allianz Parque, em São Paulo. A vitória das Palestrinas sobre as Vingadoras por 2 a 1, no entanto, não deixa de ser um resultado esperado. Ainda mais quando se observa o estágio em que cada equipe está e as peças à disposição de Hoffmann Túlio e Lindsay Camila. Nesse ponto, é muito difícil não exaltar a boa atuação de Bia Zaneratto no comando de ataque do Palmeiras. Junto com Ary Borges e Bruna Calderan, a camisa 10 atormentou a vida de Cotrim e Karol Arcanjo (dupla de zaga do Atlético-MG) e deixou bem claro que pode ser a solução dos problemas do escrete palestrino. Não de todos, é verdade. O Palmeiras ganha muito com Bia Zaneratto. Mas ainda é preciso realizar ajustes na equipe.
Vitória das Palestrinas! 🐷
Fim de jogo! O @Palmeiras_FEM venceu o Atlético-MG por 2 a 1 e garantiu os 3 pontos! #BrasileirãoFemininoNeoenergia 🇧🇷 pic.twitter.com/qMWjXmCYYY
— Brasileirão Feminino Neoenergia (@BRFeminino) March 5, 2022
Isso porque a impressão que ficou da partida desta sexta-feira (4) foi a de que as Palestrinas pareciam se desligar em determinados momentos da partida e diminuíam um pouco a intensidade nas jogadas. Apenas quando a bola chegada em Ary Borges, Bruna Calderan (que foi quase uma ponta-direita contra o Atlético-MG) e Bia Zaneratto é que o Palmeiras ganhava alguma velocidade nas transições. Fora isso, a qualidade individual do time palestrino também se fez presente no Allian Parque. Principalmente no meio-campo, onde Júlia Bianchi, Duda e Andressinha conseguiam controlar bem o jogo no 4-1-4-1/4-3-3 proposto por Hoffmann Túlio. Como é natural nesse início de temporada, ainda falta o entrosamento e o encaixe mais perfeito.
Mesmo assim, não foi difícil perceber que as principais jogadas de ataque do Palmeiras surgiam sempre que Bia Zaneratto se movimentava no terço final e arrastava a zaga atleticana com ela. Nesse ponto, Bruna Calderan se projetava nesse espaço aberto pela camisa 10 e por Chú (a ponta que abria o jogo pela direita) e se transformava em mais uma atacante. Todo o lance do primeiro gol da noite desta sexta-feira (4) nasceu dessa jogada de ultrapassagem vista várias vezes na partida. Bia Zaneratto aparecia como pivô, Bruna Calderan atacava o espaço e gerava profundidade e a capitã palestrina aparecia dentro da área para concluir. Tudo isso explorando bem os buracos abertos no 4-4-2 de Lindsay Camila.

Bia Zaneratto arrastava a marcação, Chú e Ary Borges abriam o campo e Bruna Calderan atacava o espaço às costas da zaga do Atlético-MG. A principal jogada de ataque do Palmeiras foi realizada em vários momentos da partida no Allianz Parque. Foto: Reprodução / SPORTV
Do outro lado, o Atlético-MG alternava marcações em bloco um pouco mais baixo com uma marcação sob pressão na “saída de três” do Palmeiras. Ainda que Soraya, Luciana Gómez e Yisela Cuesta conseguissem levar vantagem sobre Andressinha e Camilinha (os pontos mais fracos do time de Hoffmann Túlio), os erros nas tomadas de decisão e nas finalizações prejudicaram bastante a atuação das Vingadoras. Um bom exemplo aconteceu quando Soraya desperdiçou grande chance aos onze minutos do primeiro tempo após cruzamento de Katielle. O 4-4-2 costumeiro de Lindsay Camila funcionava bem quando suas jogadoras encontravam espaços para atacar e quando o Palmeiras diminuía o ritmo das jogadas no meio-campo. Ainda mais sabendo que a camisa 11 atleticana venceu quase todos os duelos contra Camilinha no lado direito de ataque.

O time do Atlético-MG baixava um pouco o bloco para que Soraya, Luciana Gómez e Yisela Cuesta tivessem espaço para atacar. Faltou um pouco mais de aprimoramento no último passe e nas finalizações a gol por parte das Vingadoras nos lances capitais. Foto: Reprodução / SPORTV
A impressão que ficou da atuação das Vingadoras foi a de que o time ainda tem uma certa dificuldade para correr para trás, isto é, recompor as suas linhas defensivas em todo contra-ataque do time do Palmeiras. A jogada entre Bia Zaneratto e Bruna Calderan já estava bem manjada, mas as duas conseguiam encontrar espaços do mesmo jeito. Hoffmann Túlio reequilibrou sua equipe com as entradas de Byanca Brasil e Katrine nos lugares de Andressinha e Camilinha e apostou num 4-4-2 com um ataque mais móvel. Tudo para desestabilizar o time de Lindsay Camila, que havia melhorado seu desempenho com as entradas de Nathane Febem, Rayanne e Yara e começava a ocupar mais o campo de ataque. No entanto, as dificuldades que as Vingadoras tinham para controlar a profundidade ainda eram evidentes e foram muito bem exploradas pelo escrete palestrino.

As tabelas entre Bia Zaneratto e Bruna Calderan desarrumaram completamente a defesa do Atlético-MG e foram uma das principais armas ofensivas do Palmeiras. A equipe de Lindsay Camila não conseguiu controlar a profunidade e sofreu demais com isso. Foto: Reprodução / SPORTV
Bia Zaneratto ainda sofreu o pênalti que originou o gol de Byanca Brasil (aos 38 minutos do segundo tempo) e viu o Atlético-MG diminuir cinco minutos depois numa confusão que resultou no gol contra de Agustina Barroso. Resultado justo no Allianz Parque e que mostra que todas as equipes que disputam o Brasileirão Feminino ainda vão precisar de um tempo para encontrar o melhor entrosamento e o melhor encaixe das peças. Principalmente o Palmeiras, equipe da qual se espera muito nessa temporada por conta dos reforços contratados pela diretoria palestrina. E por mais que Bia Zaneratto seja mesmo a solução da grande maioria dos problemas ofensivos do escrete de Hoffmann Túlio, ela não resolve outras questões. Camilinha não dá certo como lateral e Andressinha vai precisar colocar muito mais intensidade se quiser continuar como titular.
Certo é que vimos mais um belo jogo de futebol. Palmeiras e Atlético-MG provaram mais uma vez que o futebol feminino segue crescendo em qualidade técnica e tática e que nossas equipes parecem estar abraçando a causa com mais vontade. Falta ainda a subida de patamar final que pode colocar um ou mais clubes no mesmo nível de um Corinthians, por exemplo. A tendência é melhorar ainda mais. E ter ótimos nomes como Bia Zaneratto, Júlia Bianchi e Ary Borges jogando por aqui só facilita esse processo.

