Após novos casos de racismo, jornalista da Globo pede punições esportivas que chegariam ao rebaixamento como medida
Para ele, apenas punições severas aos clubes poderão representar alguma mudança severa
Reprodução / Twitter
Enquanto não houverem punições aos clubes, os torcedores que cometem atos de racismo nos estádios seguirão se propagando. Essa opinião é do jornalista Martín Fernández, do Grupo Globo, em sua coluna no jornal O Globo após vários atos de racismo de torcedores sul-americanos contra times e torcedores brasileiros.
Nesta semana, na terça-feira foi registrado o caso mais emblemático, de um torcedor do Boca Juniors que imitou um macaco para torcedores do Corinthians na Neo Química Arena, foi preso, mas solto após pagar R$ 3 mil de fiança e liberado para voltar à Argentina. Na quarta, torcedores do Emelec também foram racistas com torcedores do Palmeiras no Equador. Na quinta, torcedores da Universidad Católica jogaram bombas em torcedores do Flamengo, enquanto outro também foi visto imitando um macaco. Todos os casos em jogos da Libertadores.
Para Martín Fernández, em sua coluna, não cabe mais a fala de que essas pessoas não são torcedores de seus clubes. Isso porque a maioria deles acompanham suas equipes de coração e cometem os atos racistas dentro de estádios.
“Só faltou alguém dizer que o racista “não é torcedor, mas um criminoso que….”, como acontece com frequência quando os criminosos pertencem a alguma organizada de time brasileiro. Ponzo é torcedor do Boca. Foi detido com a camisa do Boca. Depois de solto, postou uma foto vestindo uma camisa do Boca. Segundo uma reportagem do Uol, vive em Mendoza, a quase mil quilômetros do estádio La Bombonera, e costuma organizar viagens para jogos do Boca na capital argentina”, publicou o jornalista.
Ele seguiu defendendo a punição esportiva aos clubes para que só assim comecem a haver mudanças no comportamento de torcedores.
“O caso só deixa evidente a necessidade de aplicação de punições esportivas — perda de pontos, rebaixamento, exclusão de competições — para delitos dessa natureza. Esse tipo de criminoso só vai se sentir constrangido quando souber que seus delitos vão causar dano ao objeto de sua devoção. Enquanto esse dia não chegar, histórias como a do racista Leonardo Ponzo vão se repetir.”
Brasil não tem do que se orgulhar
Martín ainda defendeu as cobranças à Conmebol, mas lembrou caso no ano passado que não deixa a justiça brasileira se orgulhar. Em caso de racismo na Série B de 2021, o meia Celsinho, do Londrina, sofreu injúria racial de um dirigente do Brusque, que estava na arquibancada. O Brusque foi condenado à perda de três pontos, o que poderia rebaixar a equipe. Entretanto, em segunda instância, a punição foi retirada.
“A Conmebol merece ser cobrada por punições mais duras. Mas o futebol brasileiro tem muito pouco de que se orgulhar no combate ao racismo. Basta lembrar do que ocorreu em novembro do ano passado, quando a última instância do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, ao julgar ofensas racistas de um dirigente do Brusque contra o jogador Celsinho (então no Londrina e hoje no Lemense-SP) preferiu afagar o agressor. O STJD criou um espaço para o livre exercício do racismo em estádios do Brasil.”

