Home Futebol Atlético-MG vence o clássico contra o Cruzeiro, mas ainda apresenta dificuldades na criação e nas finalizações

Atlético-MG vence o clássico contra o Cruzeiro, mas ainda apresenta dificuldades na criação e nas finalizações

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Lindsay Camila e Felipe Freitas no jogo desta segunda-feira (4)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O primeiro clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG da história da Série A1 do Brasileirão Feminino foi marcado por um duelo tático interessante entre Felipe Freitas e Lindsay Camila na beira do gramado. Enquanto as Cabulosas tentavam trabalhar mais a bola e buscar o jogo mais pelo chão com Vanessinha, Karen, Rafa Andrade e Mariana Santos, as Vingadoras apostavam num jogo mais direto e vertical com passes longos para as atacantes Iara e Soraya. A vitória do Atlético por 2 a 1 sobre seu grande rival, no entanto, não escondeu alguns dos problemas da equipe. Principalmente na criação e nas jogadas de ataque, visto que o escrete de Lindsay Camila cometeu muitos erros nas finalizações e nas tomadas de decisão. Estes que são alguns dos pontos que precisam de ajustes para a sequência da competição.

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O gol de Karol Arcanjo (marcado logo aos oito minutos de partida num vacilo coletivo da zaga cruzeirense) praticamente condicionou toda a partida. O Atlético-MG se resguardava com duas linhas com quatro jogadoras na frente da sua área, mas não conseguia aproveitar os espaços que seu adversário deixava no seu campo. Tudo por conta dos problemas nas finalizações a gol (a goleira Rubi foi pouco testada) e nas tomadas de decisão. Faltava capricho no último passe e na movimentação na frente da área para abrir espaços. Quase sempre as atacantes atleticanas optavam por um caminho que não era o ideal diante do que se desenhava. E isso tudo com as Cabulosas trabalhando mais a bola, mas também encontrando certa dificuldade.

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Por mais que Vanessinha, Nine e Robinha encontrassem espaço às costas das laterais Leidiane e Bárbara Melo, as jogadas ofensivas quase sempre terminavam com um passe errado ou uma finalização ruim. Ao mesmo tempo, o Cruzeiro explorava muito pouco o jogo por dentro e facilitava bastante a vida da goleira Raíssa, que teve pouco trabalho nos chutes de média e longa distância. Mesmo assim, o cenário seguia completamente a favor do Atlético-MG por conta dos espaços que o escrete celeste concedia nas suas transições. Faltava calma e tranquilidade para tomar a melhor decisão. Nesse ponto, a característica do estilo de jogo mais direto de Lindsay Camila também influencia diretamente nesse ponto.

Karol Bermúdez recebe a bola na intermediária com certa liberdade e tem pelo menos quatro opções de passe. A camisa 5 das Vingadoras, no entanto, escolhe a o lançamento longo ao invés de trabalhar a jogada de ataque pelo chão. Foto: Reprodução / SPORTV

Soraya fez o segundo do Atlético-MG em cobrança de pênalti aos 38 minutos do primeiro tempo e num momento em que o Cruzeiro encontrava espaços para criar suas jogadas de ataque. No entanto, as Cabulosas diminuíram o placar com Isabela Queiróz (em falha da goleira Raíssa) cinco minutos depois. O panorama da partida pouco mudou. O escrete comandado por Felipe Freitas seguia com mais posse de bola e explorando bem os espaços que o meio-campo atleticano abria no campo ofensivo. Muito por conta da marcação por encaixe e das perseguições mais longas características do esquema tático de Lindsay Camila. Sempre que Karol Arcanjo saltava para a pressão, Vanessinha, Karen e Robinha aproveitavam para se lançar às costas da última linha. A sorte das Vingadoras é que o Cruzeiro também falhou muito nas tomadas de decisão.

O meio-campo das Cabulosas até que conseguia bagunçar a defesa do Atlético-MG, mas não aproveitava os espaços abertos na última linha. Faltava capricho ao escrete celeste nas finalizações, no último passe e nas tomadas de decisão. Foto: Reprodução / SPORTV

A vida do Atlético-MG só melhorou quando Lindsay Camila mandou a colombiana Yisela Cuesta para o jogo no segundo tempo. Diante do cenário que a partida contra o Cruzeiro apresentava, a camisa 21 deu a dose de força e velocidade que faltava às Vingadoras nos contra-ataques. Mesmo assim, faltava ao escrete atleticano a dose certa de capricho nas finalizações e tranquilidade para aproveitar o espaços que as Cabulosas concediam quando avançavam suas linhas. Nathane Fabem também foi produtiva no setor ofensivo e Marta Edyth ajudou a fechar a marcação no meio da área. Vale destacar aqui também as chances desperdiçadas pelas Vingadoras. Rafa Barros perdeu duas ótimas oportunidades de aumentar a vantagem no segundo tempo. E a camisa 7 não é a única jogadora a falhar em momentos decisivos. Falta tranquilidade.

A entrada de Yisela Cuesta pelo lado direito de ataque deu mais força e mais objetividade ao Atlético-MG no segundo tempo. O time de Lindsay Camila passou a ser mais presente no campo ofensivo apesar das chances desperdiçadas. Foto: Reprodução / SPORTV

Enquanto o Cruzeiro amarga a penúltima colocação na tabela do Brasileirão Feminino, o Atlético conquista a sua primeira vitória e sobe para a quarta posição após cinco rodadas. Este que escreve entende perfeitamente que ainda é muito pouco tempo para se fazer uma análise mais profunda de cada equipe que disputa a competição e que qualquer julgamento tem grandes chances de soar leviano e oportunista. Mas ficou claro que o escrete comandado por Lindsay Camila tem sim problemas no setor de criação e encontra dificuldades para “colocar a bola na casinha”, com dizem os mais antigos. Por outro lado, a entrada de Yisela Cuesta pode dar a força e a velocidade que a treinadora atleticana tanto busca na sua proposta de jogo mais direta. Assim como Nath Fabem foi importante para segurar mais a bola no ataque.

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Certo é que tanto Cruzeiro como o Atlético-MG ainda precisam de ajustes mais finos em todos os seus setores. Está mais do que claro que o nível de exigência do futebol feminino no Brasil aumentou bastante e que é necessário acompanhar essa evolução para permanecer na briga pelo topo. O primeiro clássico mineiro do Brasileirão Série A1 deixou essa sensação de que, apesar dos problemas e das correções necessárias, Cabulosas e Vingadoras podem sim jogar mais e melhor.