Home Futebol Atuação contra o Everton é o retrato fiel da irregularidade e da apatia do Manchester United

Atuação contra o Everton é o retrato fiel da irregularidade e da apatia do Manchester United

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Frank Lampard e Ralf Rangnick na partida disputada neste sábado (9)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O Everton parecia o adversário perfeito para recuperar a confiança de um Manchester United que vinha de eliminação na Liga dos Campeões para o Atlético de Madrid e de campanha absurdamente irregular na Premier League. Isso por que os Toffes vinham de eliminação na Copa da Inglaterra com goleada sofrida diante do Crystal Palace, de três derrotas seguidas no “Inglesão” e lutavam com unhas e dentes contra o rebaixamento. No entanto, o que se viu neste sábado (9), no Goodison Park, foi um time apagado, sem muitas alternativas e que pouco fez para furar a retranca imposta por Frank Lampard e superar a atuação segura e decisiva do goleiro Pickford (titular do English Team). Está mais do que claro que o Manchester United de Ralf Rangnick, Cristiano Ronaldo, Sancho e companhia segue devendo. E muito.

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É bem possível que a expectativa em cima de um elenco recheado de estrelas possa ter influenciado um pouco o julgamento deste que escreve no começo da temporada. Só que os problemas dos tempos de Ole Gunnar Solskjaer ainda estão lá. Muito pouca coisa mudou a não ser o treinador e algumas peças do time titular dos Red Devils. E para o jogo deste sábado (9), Ralf Rangnick apostou num 4-2-3-1 que tinha Cristiano Ronaldo, Sancho, Rashford e Bruno Fernandes se movimentando bastante no ataque, Fred e Matic mais atrás e Wan-Bissaka e Alex Telles aparecendo pelos lados e mais por dentro dependendo da posição da bola. Do outro lado, Frank Lampard mandava o Everton para o jogo num 4-5-1 mais nítido, com Richarlison e Anthony Gordon pelos lados e Allan, Iwobi e Delph protegendo a defesa mais por dentro.

O Manchester United entrou em campo organizado num 4-2-3-1 com muita movimentação por parte do quarteto ofensivo. Já o Everton tentava se segurar com uma linha de cinco à frente da defesa e muita compactação entre os setores. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Os primeiros minutos da partida no Goodison Park nos mostraram um Manchester United que até conseguia entrar na área do Everton e empurrava a equipe de Liverpool para trás com certa frequência. No entanto, as melhores chances de gol do escrete de Ralf Rangnick só apareceram em chutes de média distância e em cruzamentos para a área. Muito pouco para quem tem o talento de Fred, Bruno Fernandes e do próprio Cristiano Ronaldo. O grande problema é que faltava movimentação, concentração e intensidade para furar essa retranca dos Toffes e também uma certa dose de disposição por parte dos Red Devils. O gol de Anthony Gordon (marcado aos 26 minutos da primeira etapa em bola que desviou em Maguire) só ajudou a derrubar ainda mais o Manchester United num jogo que já se mostrava complicado desde o apito inicial.

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A vantagem no placar também fez com que o Everton se soltasse um pouco mais e explorasse a péssima transição defensiva do seu adversário em finalização de Richarlison defendida por De Gea com estilo. Mas o panorama seguia o mesmo. Fred e Matic seguiam sobrecarregados na marcação, Sancho e Rashford (os pontas do 4-2-3-1 de Ralf Rangnick) pouco auxiliavam na perseguição aos laterais Coleman e Mykolenko (ainda que estes não subissem tanto ao ataque) e Bruno Fernandes não acompanhava os volantes adversários. O espaço que Iwobi tinha para subir como ponta de lança sempre que os Toffes avançavam para o ataque era visível. E a situação dos Red Devils piorou ainda mais quando Fred deixou o campo lesionado para a entrada de Pogba. O francês até melhorou o passe no meio, mas desprotegeu ainda mais a defesa.

A vantagem no placar permitiu que o Everton se soltasse mais no jogo e arriscasse alguns contra-ataques. Tudo para explorar a péssima transição defensiva do Manchester United e o posicionamento ruim dos zagueiros Maguire e Lindelöf. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

O panorama pouco mudou no segundo tempo. O Everton seguia se fechando na frente da área num 4-5-1 ainda mais perceptível com Allan, Iwobi e Delph protegendo bem o miolo de zaga e Richarlison e Anthony Gordon fechando os lados do campo. Do outro lado, o Manchester United encontrava dificuldades enormes para furar esse bloqueio defensivo e sofria para entrar na área dos Toffes. Algumas tramas ofensivas do time de Ralf Rangnick também provaram que o time de Old Trafford joga quase sem aproximação. Apenas quando a bola chegava no lado é que os laterais apareciam para dar opção de passe para os pontas e meio-campistas. Faltava movimentação e alguma alternativa que não se resumisse a jogar a bola na área em busca de Cristiano Ronaldo. A ausência de criatividade e intensidade estavam escancaradas.

A segunda etapa nos mostrou um Manchester United bastante espaçado e sem aproximação dos seus jogadores no campo ofensivo. As jogadas de ataque se resumiam a chutes de média distância e cruzamentos para a área em busca de Cristiano Ronaldo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Essa temporada nos mostrou um Manchester United que é capaz de ter atuações consistentes logo depois de partidas desastrosas em todos os sentidos. Só que o nível das atuações tem caído bastante nessas últimas semanas. Em 31 partidas na Premier League, os Red Devils tiveram 14 vitórias, nove empates e oito derrotas. Foram 49 gols marcados e (incríveis) 42 sofridos. Além da falta de regularidade e das dificuldades para encaixar Cristiano Ronaldo num ataque que tem características mais móveis, Ralf Rangnick sofre demais com os problemas do seu sistema defensivo. Maguire vem sendo bastante criticado e Lindelöf parece não dar conta de fazer todo o “serviço sujo” na zaga dos Red Devils. Mas está bem claro (pelo menos para este que escreve) que esse time do Manchester United simplesmente não encaixou.

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Com o final da temporada se aproximando, a vida do time de Ralf Rangnick parece cada vez mais complicada quando o assunto é a classificação para a próxima edição da Liga dos Campeões. E se formos analisar mais friamente, até a vaga na próxima Liga Europa parece ameaçada. A derrota para um Everton valente e aplicado ajudou a escancarar problemas que já estavam visíveis anteriormente. Difícil crer que o Manchester United terá forças para reagir na Premier League.