Pouca gente prestou atenção na grande novidade da lista de convocados por Tite para a disputa dos amistosos do mês de junho. Com muita bagagem adquirida nesse período vitorioso no Palmeiras de Abel Ferreira, o volante Danilo foi lembrado pelo treinador da Seleção Brasileira por conta das suas atuações nas últimas temporadas e também por ser o tipo de jogador que todos os times buscam hoje em dia. Não é o troglodita que apenas destrói jogadas, mas é o maestro que organiza a saída de bola e o infiltrador que pisa na área para marcar gols. A sua presença na lista de convocados também indica uma passagem de bastão no escrete canarinho que acontecerá em breve. Não é difícil imaginar Danilo assumindo o protagonismo daqui a algum tempo quando nomes como Casemiro e Fred já não forem mais chamados para a Seleção Brasileira.
As discussões de todos os programas esportivos da TV paga e aberta giraram em torno da ausência de Raphael Veiga e Hulk. O assunto já foi discutido aqui mesmo neste espaço e não cabe voltar a ele mais uma vez. Ainda mais quando o tema já foi amplamente discutido e explicado. O problema é que toda convocação de Seleção Brasileira é analisada muito mais com o coração do que com a cabeça. Tite está muito longe de ser o melhor treinador do mundo, mas já mostrou seu valor mais de uma vez. Fora isso, ninguém quer reconhecer que o futebol jogado aqui por estas bandas está alguns níveis abaixo daquele jogado na Europa e que a concorrência no escrete canarinho é muito maior para os dois do que para Danilo. Esse é o ponto.
Primeiro por conta da idade. O jogador do Palmeiras tem apenas 21 anos, mas já mostra uma compreensão muito grande dos espaços do campo e do comportamento que deve ter num jogo dependendo do cenário que for apresentado. E depois, Casemiro, Fred e Fabinho já possuem certa idade e precisam de substitutos à altura. Além de Bruno Guimarães (que já tem bola para ser titular do escrete canarinho), Danilo pinta como um dos possíveis futuros donos da posição daqui a algum tempo. E não é por acaso que Tite quer que o volante faça parte do grupo e entenda o que é estar na Seleção Brasileira. Exatamente como aconteceu com Ronaldo Fenômeno em 1994 e com Kaká em 2002. É nesse cenário que a tal passagem de bastão ganha sentido.
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A contribuição de Danilo no Palmeiras de Abel Ferreira é inestimável em todos os sentidos. Intensidade, leitura dos espaços, posicionamento, ótimos fundamentos, tudo aquilo que um volante moderno precisa para se destacar em qualquer time. É bem verdade que o futebol jogado aqui por estas bandas pode não justificar uma convocação para uma Seleção Brasileira, mas fato é que as atuações do camisa 28 do Palmeiras mostram um potencial imenso de crescimento caso ele seja inserido num contexto que propicie esse crescimento. Fora a concorrência menor no setor. Não é por acaso que Danilo é um dos grandes responsáveis pelo desafogo do time comandado por Abel Ferreira. Ainda que não seja veloz como Rony ou Dudu, ele consegue encontrar e criar espaços como poucos no futebol brasileiro. E é isso que o torna diferente dos outros.
A mesma qualidade pode ser vista nos momentos defensivos e sem a bola (ponto esse defendido à exaustão por Tite e Abel Ferreira). Danilo é o tipo de volante que sabe fechar seu setor e fazer a cobertura da última linha quando um dos jogadores salta para a pressão. Também é o tipo de volante de marcação limpa e de passe rápido a partir do momento da retomada da posse. Sua atuação na final do Mundial de Clubes da FIFA contra o Chelsea é um ótimo exemplo de como o camisa 28 conseguiu se adaptar ao contexto, entender o funcionamento do adversário e executar o plano de jogo elaborado pelo seu treinador. É verdade que a idade (21 anos) também denota uma certa falta de experiência em determinados momentos (o que é perfeitamente natural). Mas isso vem passando despercebido nas suas últimas atuações com a camisa do Palmeiras.
Se Danilo vai fazer parte do grupo que vai disputar a próxima Copa do Mundo, isso é uma outra questão. Fato é, no entanto, que sua presença na lista de convocados para os amistosos do mês de junho se justifica pelo simples fato de Tite ainda buscar os jogadores mais adequados para a “volância” da Seleção Brasileira. E o camisa 28 do Palmeiras possui as características que o treinador do escrete canarinho buscou em Arthur (da Juventus). Um volante de bom passe e de boa dinâmica no meio-campo. Há quem diga que a simples presença de Danilo justificaria uma convocação de Raphael Veiga e Hulk. A tese cai por terra quando se nota o material humano que Tite tem à disposição. Philippe Coutinho, Richarlison, Gabriel Jesus e vários outros nomes chamados entregam um desempenho muito melhor quando se observa o contexto geral.
O ponto aqui é que Danilo vem numa constante há muito tempo e joga num setor de pouca concorrência na Seleção Brasileira. Por mais que pareça “picuinha” de Tite com este ou aquele jogador, a grande verdade é que existe sim um plano de jogo muito bem fundamentado e muito bem executado. E sempre que se fala em Copa do Mundo, os mais de “duzentos milhões de treinadores” sempre apontam este ou aquele nome unicamente por conta do momento e nada mais. Este que escreve compreende muito bem que Raphael Veiga e Hulk já vêm se destacando há pelo menos duas temporadas e apenas o atacante do Atlético-MG recebeu alguma chance para mostrar o que sabe. O que prejudica os dois é a concorrência no setor. Quem sai para que um dos dois faça parte do grupo? E ainda mais sabendo que os nomes convocados por Tite jogam em centros onde a exigência é muito maior?
É por isso que a presença de Danilo se justifica. Não somente por indicar uma passagem de bastão na Seleção Brasileira dos mais velhos para os mais jovens. Mas por todo o contexto. O camisa 28 do Palmeiras pinta como uma das grandes promessas da posição e não será surpresa nenhuma se ele for negociado com o futebol europeu nos próximos meses. Simplesmente porque ele é o tipo de jogador que todo grande time busca. Um volante de boa dinâmica e que marca e ataca com a mesma qualidade.
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