Os times mexicanos vêm ganhando uma certa notoriedade nos últimos anos. Especialmente para os torcedores de times sul-americanos.
Nas três mais recentes edições do Mundial de Clubes, vimos verdadeiras forças do futebol norte-americano em ação, com equipes fortes, entrosadas e até estreladas, com jogadores de salários milionários e com experiência em seleções, inclusive europeias (o Palmeiras que o diga).
Mas o próximo time mexicano que pode pintar no Mundial pode ser um tanto diferente, mas igualmente perigoso. Se Monterrey e Tigres formaram elencos milionários e experientes, o Pumas Unam, da Cidade do México, apostou num caminho diferente — e mais próximo, digamos, do futebol daqui.
O finalista da Liga dos Campeões da Concacaf (torneio que define o representante da América do Norte no Mundial) montou um time a partir de um mercado “alternativo”, com jogadores brasileiros pouco conhecidos, seja do publico de lá ou de cá. E pode sagrar-se campeão nesta quarta-feira (04), diante do Seattle Sounders. Basta uma vitória simples.
Atuarão pelo Pumas os brasileiros Higor Meritão, volante, e os atacantes Rogério e Diogo Oliveira. Os três foram contratados praticamente juntos, entre maio e junho de 2021, no início da temporada mexicana.
Meritão e Rogério, inclusive, vieram do mesmo time, a Ferroviária, de Araraquara. Os dois foram peças-chave da grande campanha da “Ferrinha” no Paulistão daquele ano, e são titulares do Pumas hoje em dia. Diogo Oliveira, com passagens pelo Vasco e pelo interior paulista, estava no Plaza Colônia, do Uruguai.
Brasileiros com sucesso rápido no Pumas
Passado um ano do mercado alternativo do Pumas, dá para dizer que a contratação dos brasileiros deu certo, e para além da possível vaga no Mundial de Clubes. Rogério, por exemplo, já tem o carinho da torcida com oito gols marcados e quatro assistências distribuídas; Meritão é titular absoluto e peça-chave no esquema do técnico Andrés Lillini.
Além disso, a “UNAM” chegou ao final da temporada com melhores resultados e com um melhor ataque. Em 2020-21 a equipe nem atuou na “Concachampions” e ficou na 15ª colocação da Liga Clausura (o segundo turno do Campeonato Mexicano), com apenas 10 gols marcados.
Na atual temporada, o time chegou à final do torneio da Concacaf depois de vencer o forte Cruz Azul, também do México, e ficou na 11ª colocação do Clausura, o que o garantiu na repescagem para a fase final da competição nacional.
Ex-Ferroviária diz que brasileiros se ajudam no Pumas
O impacto dos brasileiros não parece ser por acaso. Além do talento e da contribuição de cada um ao Pumas, eles se ajudaram a se adaptar e crescer no futebol mexicano. Quem garante é Higor Meritão.
“A presença dos brasileiros com certeza ajuda. A gente se entende melhor dentro de campo, até pelo estilo de jogo nosso”, ele revelou, em entrevista exclusiva ao Torcedores.
Para o volante, que está emprestado ao Pumas pela Ferroviária, essa adaptação foi especialmente importante. Ele é, afinal, o mais inexperiente dos três, apesar dos 27 anos de idade (conheça a história do jogador aqui). Aos 30, Rogério é mais rodado no futebol, com passagem pelo São Paulo e até atuando na Libertadores pelo Tricolor. Aos 25, Diogo tinha, ao menos, a experiência de atuar fora do país, e viver em outra cultura.
Esse ponto, aliás, é outro que os brasileiros lidam bem, tendo uns aos outros sempre que bate aquela saudade de casa. “Fora de campo a gente se ajuda também. Nossas famílias são próximas e a gente se encontra sempre que é possível”, garantiu Meritão.
Expectativa e indefinição para os brasileiros
Ajustados e adaptados, Meritão e cia vivem agora a expectativa de conquistar a Liga dos Campeões da Concacaf. Com um 2 a 2 na ida, no México, o Pumas precisa de uma vitória simples para vencer o seu quarto título da competição em sua história — e o maior das carreiras dos brasileiros até aqui.
Mas, além da expectativa, o trio vive um momento de indefinição. O contrato dos três com o Pumas se encerra ao final deste mês, e a disputa em si da final deixou as conversas paralisadas. Mesmo uma vitória nesta quarta e a classificação para o Mundial podem significar mais contratações pelo clube e maior concorrência no time.
Ainda assim, se depender do impacto que Meritão, Rogério e Diogo tiveram, além do espaço que conquistaram, o torcedor sul-americano pode, quem sabe, procurar conhecê-los melhor. Para a disputa do Mundial de Clubes, claro.