Home Futebol Atuação contra o Boca Juniors só comprova a necessidade de um jogador como Yuri Alberto no Corinthians

Atuação contra o Boca Juniors só comprova a necessidade de um jogador como Yuri Alberto no Corinthians

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o atacante de 21 anos pode elevar o desempenho do comandado por Vítor Pereira

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
PUBLICIDADE

Está claro para este que escreve que o Corinthians sentiu demais a falta de um jogador que desse profundidade ao ataque no empate sem gols contra o Boca Juniors. Não foram poucas as vezes em que o escrete comandado por Vítor Pereira acabou esbarrando na falta desse atacante que joga como referência e que sabe atacar os espaços quando eles aparecem às costas da defesa adversária. É por isso que a chegada de Yuri Alberto deve sim ser comemorada. Mesmo sem poder estrear com a camisa do Timão, a expectativa em cima do atacante de 21 anos é imensa por conta das suas características e de tudo que ele já mostrou vestindo as cores do Internacional. Ainda que não seja tão experiente, Yuri Alberto pode somar muito no Corinthians e se transformar na principal arma ofensiva da equipe comandada por Vítor Pereira.

A ideia aqui não é entrar no âmbito de valores ou de responsabilidade financeira. Embora todo mundo saiba que tudo isso tem reflexo direto no que vai se ver dentro de campo, precisamos reconhecer sim que Yuri Alberto é um baita reforço e que o Corinthians foi preciso no mercado de transferências. É o jogador certo na hora certa e tem todas as condições de render demais em com a camisa do Timão justamente por se tratar do atacante “híbrido” que Vítor Pereira tanto procurou no elenco nesses últimos meses. Ainda que o veterano Jô tenha cumprido apenas parte desse papel enquanto ainda estava no clube, as últimas partidas deixavam essa necessidade bem evidente lá pelos lados do Parque São Jorge.

PUBLICIDADE

Uma das principais características de Yuri Alberto é a ambidestria. Ele finaliza bem com as duas pernas e também é conhecido por servir os companheiros com passes açucarados (ver os números do atacante nos números acima). Os 21 anos de idade ainda indicam uma necessidade de amadurecimento por parte do novo reforço do Corinthians e de uma readaptação ao futebol brasileiro. Ainda que não tenha feito tantos gols como profissional, ele é o tipo de atacante que todo treinador gostaria de ter no elenco. E Vítor Pereira sabe que terá à disposição um atacante completo e que sabe se adaptar aos mais diferentes cenários. Difícil não encarar a sua chegada como uma das melhores contratações da temporada.

[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJjY2tJNDI0dyIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]

Mas foi o empate sem gols com o Boca Juniors (no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores da América) que nos mostrou que o Corinthians precisava demais de um jogador que pudesse ser essa referência ofensiva. Primeiro por conta da disposição tática do adversário desta terça-feira (28). O técnico Sebastián Battaglia apostou num 4-1-4-1 de linhas bem compactadas na frente da área do goleiro Rossi, mas com saída rápida pelos lados com Sebastian Villa e Exequiel Zeballos atacando as costas de Fagner e Lucas Piton. Já o Timão entrou em campo numa espécie de 3-4-3 bastante interessante. Vítor Pereira apostou em Fagner como uma espécie de “lateral-construtor” um pouco mais por dentro, Gustavo Mantuan como ala pela direita e Adson saindo do lado para dentro e pisando na área.

Vítor Pereira mandou o Corinthians a campo num 3-4-3 que tinha Gustavo Mantuan e Lucas Piton nas alas, Giuliano e Roni por dentro e Róger Guedes como “falso nove”. O Boca Juniors se fechou na defesa e apenas saía “na boa”.

Aos poucos, o Corinthians foi sofrendo com a falta de profundidade no ataque e batendo a todo momento na defesa do Boca Juniors. Na realidade, o time de Vítor Pereira só conseguia levar mais perigo quando Adson, Gustavo Mantuan, Giuliano ou Willian (este último o melhor em campo na opinião deste que escreve) conseguiam se livrar da marcação e pisavam na área. Não foi por acaso que o goleiro Rossi só trabalhou efetivamente na penalidade desperdiçada por Róger Guedes no final da primeira etapa. Aliás, é preciso dizer que o desempenho do camisa 9 na partida da última terça-feira (28) foi muito fraco. De resto, o Corinthians circulava, trocava passes, mas não conseguia empurrar a defesa xeneize para trás. Nem mesmo a entrada de Júnior Moraes no segundo tempo foi capaz de amenizar esse cenário.

PUBLICIDADE
Fagner carrega a bola pelo meio e não encontra nenhum jogador aparecendo entre as linhas do Boca Juniors. Ao mesmo tempo, Róger Guedes aparece vindo pela esquerda e não dá opção de passe. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Não é difícil imaginar o encaixe imediato de Yuri Alberto no Corinthians de Vítor Pereira. Ainda mais sabendo da necessidade de um jogador com suas características no elenco. Conforme mencionado anteriormente, o único jogador que conseguia desempenhar esse papel de referência ofensiva era Jô (ainda que com algumas ressalvas). Era ele que mais dava profundidade ao time com a bola e quem segurava pelo menos dois zagueiros adversários. E o que se viu nesta terça-feira (28) foi uma equipe que agrediu muito pouco e que só conseguia criar espaço quando seus alas avançavam e pisavam na área. É verdade que nomes como Giuliano e Róger Guedes não estiveram numa noite lá muito inspirada e que o nervosismo falou mais alto em alguns momentos. Mas é preciso dizer que o Corinthians poderia ter feito um jogo bem melhor.

O único “porém” da contratação de Yuri Alberto está na saída do jovem Gustavo Mantuan para o Zenit (junto com o goleiro Ivan). O jovem camisa 31 mostrou versatilidade e personalidade quando foi acionado por Vítor Pereira. O 3-4-3 ganhou amplitude e força pelo lado direito com ele jogando mais à frente de Fagner (o grande articulador e organizador da saída de bola do time do Parque São Jorge) e ele ainda poderia ser extremamente útil nesse restante de temporada. Ele, Du Queiroz, Adson, Raul Gustavo e vários outros jovens valores da base corintiana vêm ganhando espaço no time de cima por conta das lesões dos mais “cascudos” e por conseguirem colocar em campo a intensidade tão pedida por Vítor Pereira. É nesse cenário que Yuri Alberto chega. Com o elenco em frangalhos e a expectativa nas alturas.

Sobre o empate sem gols contra o Boca Juniors, este que escreve ficou com a sensação de que o Corinthians poderia ter feito mais. Mesmo com alguns jogadores atuando em funções onde não se sentem tão confortáveis (natural por conta dos desfalques) e com uma produção ofensiva abaixo do esperado. É bom lembrar que o escrete xeneize sabe como jogar uma Libertadores e é sempre perigoso jogando na Bombonera. E lá não haverá nenhum Yuri Alberto para tentar resolver as coisas.

PUBLICIDADE