Uma fala da presidente da Caixa Econômica Federal, Daniela Marques, a respeito do novo acordo com o Corinthians para o pagamento da construção da Neo Química Arena virou motivo de queixa dos torcedores do clube na internet.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, Marques disse que “o Corinthians não pagou nada” sobre o estádio. É possível conferir a fala no trecho abaixo:
O jornalista Rodrigo Vessoni, do site Meu Timão, contestou a fala da economista.
A própria Daniela Marques pôs panos quentes na situação na manhã desta quarta-feira, ao fazer um tuíte bem genérico a respeito do acordo.
Pagou ou não pagou?
A questão é complexa, mas sim, o Corinthians já destinou dinheiro para o pagamento do estádio, que foi inaugurado em 2014, pouco antes da Copa do Mundo. O projeto da Arena foi anunciado pelo clube em 2010, durante sua festa de centenário, e apresentado como a sede de São Paulo para a Copa no ano seguinte.
Tal medida aumentou o custo, porque exigia que o estádio, planejado para 48 mil pagantes, recebesse uma estrutura temporária com mais 18 mil lugares, que foi desmontada logo após o Mundial.
O combinado inicial com a Caixa é que o Corinthians destinaria toda a arrecadação proporcionada com o estádio, basicamente a renda dos jogos, a um fundo que faria o pagamento das parcelas. Isso foi feito até 2020, quando a pandemia de covid-19 provocou primeiro a suspensão de todas as competições, e depois a volta das disputas com portões fechados por praticamente um ano.
Quando o público voltou, a partir do segundo semestre de 2021, o Corinthians deixou de destinar o dinheiro para o fundo do estádio e passou a destinar a renda dos jogos para seu caixa, de onde sai o pagamento de salários de jogadores e outras despesas. Isso provocou uma situação de insolvência que foi resolvida com o novo acordo, que passa a valer em 2023; assim, as rendas até o fim deste ano continuarão indo para o caixa.
O novo acordo
O acordo foi aprovado pelo Conselho Deliberativo do Corinthians, segundo a diretoria por unanimidade.
Os comunicados não falam em valores porque, ainda que o Corinthians seja uma entidade associativa e a Caixa, um banco público, as duas partes alegam sigilo comercial para os acordos.
Nos bastidores, as informações são de que o dinheiro da bilheteria voltará a ser destinado para o pagamento da dívida – com foco, nos dois primeiros anos, nos juros acumulados no período em que não houve pagamento, e a partir disso para a amortização efetiva do chamado “valor principal”, que permaneceria perto do valor original.
É essa informação que teria servido de base, provavelmente, para o comentário da presidente da Caixa, Daniela Marques, de que o clube “não pagou nada”. Na verdade pagou, mas apenas juros e não a amortização efetiva da dívida, que só deve ser quitada, se nada acontecer, em 2041.

