Campeão da Copa do Brasil, eleito melhor goleiro do Brasileirão uma vez e com passagens por gigantes como Grêmio e Flamengo, o ex-goleiro Emerson abriu o jogo sobre sua orientação sexual em entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, do Globoesporte.com.
Emerson foi revelado pelo Grêmio e se destacou logo no início. Entre 1991 e 1992, ele disputou 67 jogos como titular do clube. No entanto, sofreu uma grave lesão ao quebrar a perna em um amistoso. Por isso, ficou quase dois anos sem jogar.
Ao podcast, ele explicou que essa lesão, mesmo que o tenha feito perder espaço no Grêmio, foi fundamental para que ele pudesse se descobrir e se aceitar em um ambiente como o do futebol.
O ex-goleiro foi então para o Flamengo, onde ficou por dois anos. Passou ainda por América-RJ, América-RN, Red Bull Bragantino e Ituano, até chegar ao Juventude em 1999, onde foi campeão da Copa do Brasil.
Em 2001, no Bahia, ganhou a Bola de Prata do Brasileirão. Em meio a isso, ele relatou que convivia com suas questões pessoais e com os olhares de julgamento de colegas. Segundo o ex-goleiro, a opção de não casar (com uma mulher), como outros homens gays fazem no futebol, aumentaram a “desconfiança”.
“Lógico que existem gays no futebol, e muitos optam por casar. Dessa forma, eles se protegem, se enquadram num padrão que é aceito. Eles se protegem da suspeita de serem homossexuais e aí conseguem sobreviver. Só que normalmente, quando você faz isso, acaba levando uma vida infeliz, fazendo a outra pessoa infeliz. Eu optei por não casar. Optei por não enganar ninguém, por enfrentar tudo sozinho”, disse Emerson.
“Talvez aí também veio a fama, os comentários, porque eu nunca casei. Eu nunca aparecia com uma namorada, então esses comentários sempre surgiam. Quando tinha alguma reunião, algum churrasco de atletas que todo mundo levava a esposa, eu estava sempre sozinho. E, logicamente, os outros jogadores falavam muito, mas eu optei por enfrentar”, completou.
Recusado por clubes pela orientação sexual
Emerson admitiu que foi recusado por dirigentes por ser um homem gay. O ex-jogador admitiu que poderia ter feito “muito mais coisas”, mas que se orgulha da carreira.
“Eu parei de jogar com 35 anos, fui até o final, joguei em vários clubes. Sei que a fama me prejudicou bastante. Eu poderia até ter tido muito mais sucesso. Poderia ter feito muito mais coisas do que fiz, ter conquistado muito mais coisas”, disse Emerson sobre os percalços da carreira.
“Eu acredito que é muito positiva (a carreira), principalmente por ter conseguido enfrentar tudo isso, ter sobrevivido até o final. O fato de ser gay não me parou, eu fui até o final. Mas sei de dirigentes que não me contrataram porque eu sou gay.”
Ele ficou no Bahia até 2005, quando saiu para o rival Vitória, onde encerrou a carreira em 2007.