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Seleção Feminina passa pela Colômbia e mostra que está pronta para desafios ainda maiores

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a classificação da equipe de Jonas Urias para as semifinais do Mundial Sub-20

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

As lágrimas de Jonas Urias e a alegria das jogadoras ao final da vitória sobre a Colômbia resumem bem o sentimento deste que escreve e de todos que acompanharam a Seleção Feminina neste sábado (20). A Seleção Feminina mostrou uma maturidade e uma consistência impressionante diante de um adversário forte e intenso e soube como controlar as ações dentro de campo. A classificação para as semifinais da Copa do Mundo Sub-20 (algo que não acontecia há 16 anos) já é histórica por si só e premia as atuações de Yaya (a melhor jogadora do Brasil na competição até o momento), Luany, Dudinha, Rafa Levis e Tarciane, a autora do único gol da noite em San José.

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Mais do que a classificação e as boas apresentações no Mundial da Costa Rica, a Seleção Feminina tem conseguido igualar o nível de enfrentamento contra adversários (pelo menos em tese) mais complicados. É verdade que o time ainda sofre com algumas tomadas de decisões e peca demais nas finalizações, mas precisamos reconhecer que a campanha do time de Jonas Urias nessa Copa do Mundo Sub-20 fala por si só. Em quatro partidas, o Brasil venceu três partidas e empatou uma, marcou oito gols e não foi vazado nenhuma vez.

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Contra a Colômbia, a Seleção Feminina pôde mostrar mais uma vez que há sim um trabalho sendo feito de maneira séria nas categorias de base. A consistência defensiva apresentada neste sábado (20) permitia que a equipe colocasse até oito jogadoras no campo ofensivo. Yaya se multiplicou em campo, Cris protegia a zaga e as laterais Bruninha e Ana Clara participavam ativamente da criação das jogadas. Mais à frente, Dudinha, Aline Gomes, Luany e Analuyza empurravam a zaga colombiana para trás e abriam espaços generosos.

Yaya construía as jogadas e o quarteto ofensivo empurrava a defesa colombiana para trás. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Apesar de controlar as ações, a Seleção Feminina não teve lá muitas chances de abrir o placar. Aline Gomes teve a melhor delas logo aos oito minutos do primeiro tempo, mas parou na ótima goleira Natalia Giraldo. O gol marcado por Tarciane (aos 25 minutos) não diminuiu o ímpeto ofensivo do Brasil na partida apesar das poucas oportunidades criadas no restante da primeira etapa. Na segunda etapa, no entanto, a Colômbia adiantou suas linhas e ensaiou uma pressão em cima da última linha defensiva brasileira. O time de Jonas Urias respondeu com bom posicionamento na defesa e um ataque ainda mais envolvente com a entrada de Rafa Levis no lugar de Analuyza.

A Seleção Feminina ensaiou um 4-3-3 no segundo tempo com Rafa Levis no lugar de Analuyza. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Apesar dessa pressão da Colômbia no segundo tempo, o Brasil conseguiu retomar o controle da partida quando colocou a bola no chão. Rafa Levis e Tarciane marcaram, mas os gols foram anulados pela arbitragem. E enquanto a equipe comandada por Carlos Paniagua ensaiava um “abafa” mais desorganizado, a Seleção Feminina simplesmente fechava a entrada da área e forçava suas adversárias a apelar para passes longos da intermediária. Com a bola, o time de Jonas Urias mostrou uma outra virtude interessante: a aproximação entre as jogadoras. Sempre que uma brasileira tinha a posse, ela encontrava pelo menos cinco ou seis boas opções de passe para desafogar a defesa.

Aline Gomes traz a bola até o meio e tem várias opções para reiniciar a construção ofensiva. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A vitória magra sobre a Colômbia não ficou marcada por uma atuação brilhante da Seleção Feminina. Mas a equipe brasileira mostrou muita consistência defensiva, uma organização bem clara na hora de atacar e calma para suportar a pressão da sua forte adversária. A classificação para as semifinais dessa Copa do Mundo Sub-20 (repetimos: algo que não acontecia desde 2006 quando a equipe de Fabi Simões, Erika, Monica Hickmann e Renata Costa chegou ao terceiro lugar) é o prêmio pela dedicação e pelo trabalho que envolve todas as categorias da Seleção Feminina. Desde o Sub-17 com Simone Jatobá, passando por Jonas Urias e chegando até ao time principal com Pia Sundhage.

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Pode ser que o escrete canarinho não atinja o lugar mais alto do pódio na Costa Rica. Mas está mais do que claro que esse time merece respeito e muita atenção. Yaya, Dudinha, Aline Gomes, Gabi Barbieri, Tarciane, Ana Clara, Luany e várias outras têm bola suficiente para assumir o protagonismo com a facilidade de quem dribla dois ou três adversários. Seja jogando aqui por estas bandas ou até mesmo em outras ligas. Quem sabe?

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