Ao divulgar os uniformes para a Copa do Mundo de 2022 no Catar, a Dinamarca surpreendeu com a apresentação de três modelos monocromáticos – um vermelho, um branco e um preto – em que mal se consegue ver o logo da marca patrocinadora ou o escudo da Federação do país.
No entanto, há uma razão para isso. “Nós apoiamos a seleção nacional dinamarquesa, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como país sede”, explicou a Hummel, marca fabricante dos uniformes da Dinamarca.
O comunicado, publicado nas redes sociais da empresa, ainda diz: “Não queremos estar visíveis durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas”.
Ao publicar uma imagem do uniforme todo preto, a Hummel disse que a cor representa o luto. “Desejamos fazer uma declaração sobre o histórico de direitos humanos do Catar e seu tratamento aos trabalhadores migrantes que construíram os estádios da Copa do Mundo do país”.
Essa é a mais recente ação da Dinamarca para protestar contra o país sede. Em 2021, a Federação havia anunciado, por exemplo, que dois patrocinadores abriram mão de seus espaços nos uniformes de treino para que mensagens de crítica ao Catar fossem exibidas no lugar.
No ano passado, o jornal inglês Guardian publicou uma matéria mostrando que, de acordo com informações recebidas de embaixadas no Catar, 6500 trabalhadores de Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal e Bangladesh morreram durante o período de construção dos estádios da Copa do Mundo.
O governo do país contesta este número e diz que aconteceram 37 mortes de trabalhadores que atuavam em obras relacionadas à competição, sendo apenas três relacionadas ao trabalho. No entanto, a BBC Árabia também encontrou evidências de que este dado não é representativo do número total de mortes relacionadas ao torneio do Catar. Outras reportagens também denunciaram condições de trabalho que correspondem a uma escravidão moderna.

