É sabido no mundo da Fórmula 1 o quanto que a Red Bull F1 é uma verdadeira destruidora de pilotos e Pierre Gasly e Alexander Albon são os exemplos mais recentes dessa prática. Foi sobre isso que Jaime Alguersuari falou em entrevista ao El Confidencial, ao detalhar como era o ambiente na equipe austríaca, em especial o relacionamento com Helmut Marko, que o espanhol revela ter lhe causado traumas psicológicos.
Alguersuari começou a entrevista falando sobre como foi a sua estreia ‘no susto’ na Red Bull F1, quando substituiu Sebastian Bourdais no Grande Prêmio da Hungria de 2009 apenas algumas semanas após ter sido confirmado como piloto reserva.
“Isso foi um ultraje, eu tinha 19 anos. Não tanto por causa da minha idade, mas porque eu não dirigi o carro e entrei no meio do ano. Naquela época eu era o líder da equipe júnior, havia vencido a Fórmula 3 na Grã-Bretanha e eles inventaram isso. Mas era a única chance que eu tinha, talvez não fosse a melhor chance, mas era a única chance que eu tinha. Eu não estava pronto para ir lá, em todos os sentidos, mas não havia outro caminho”, afirmou Alguersuari, que detalhou como a Red Bull F1 trata os pilotos de sua academia.
“Você não pode dizer não porque você não sabe quando isso vai acontecer de novo. A Red Bull se sente de certa forma como seus pais, porque são eles que pagaram para sua carreira acontecer e são eles que tomam as decisões”, disse o ex-piloto, que confessou que essa experiência na Fórmula 1 ainda o atormenta.
Alguersuari acredita que Helmut Marko tratava pilotos como crianças na Fórmula 1
“Vou te dizer uma coisa, quando durmo tenho sonhos muito estranhos dessa época. Especialmente, a impotência e a frustração de nunca chegar, de ver o senhor Marko sempre zangado, repreendendo-me, como se fôssemos crianças. Eu me vejo assim. Isso criou um trauma e estou convencido de que [Sebastien] Buemi e muitos outros também estão passando por isso”, disse o ex-Red Bull F1, que confessou fazer teraria pela relação difícil com Helmut Marko.
“Eu não consegui limpar isso, fiz terapias, e quando me aposentei vários psicólogos me ajudaram a lidar com isso para fazer uma nova vida, mas eu queria lidar com isso para limpar tudo que eu tinha vivido antes. Agora, mesmo assim, coisas estranhas vêm à minha cabeça. E às vezes eu acordo com vontade de chorar, depois de ter feito uma grande volta, e encontro o rosto do Sr. Marko e ele está com raiva”, finalizou.
