Home Futebol Gurias Coloradas fazem história, mas precisam corrigir problemas se quiserem ir ainda mais longe

Gurias Coloradas fazem história, mas precisam corrigir problemas se quiserem ir ainda mais longe

Luiz Ferreira analisa a classificação do Internacional para a final do Brasileirão Feminino na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Ninguém duvida que as Gurias Coloradas fizeram história nesta segunda-feira (12) ao bater o bom time do São Paulo em pleno Morumbi e garantir a classificação para a grande final do Brasileirão Feminino diante do Corinthians. A campanha na primeira fase e a consistência apresentada diante das equipes favoritas ao título falam por si só. Além disso, o trabalho de Maurício Salgado merece sim elogios ainda que o Internacional jogue abaixo do que pode jogar (pelo menos na visão deste que escreve). Mesmo assim, se quiserem ir ainda mais longe, as Gurias Coloradas precisam corrigir alguns problemas na recomposição defensiva percebidos nessa semifinal.

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Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES sabe muito bem que o time do Internacional já vinha sendo elogiado e apontado como uma das possíveis forças do futebol feminino há algum tempo. Faltava o passo seguinte, dado nesta segunda-feira (12) com a classificação para a final do Brasileirão Feminino. O time de Maurício Salgado se mostrou bem “gaúcho”. Marca forte no meio-campo e aposta nas transições rápidas para o ataque (na maioria das vezes em ligações diretas) para pegar a defesa adversária desarrumada.

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No entanto, falta a subida de patamar definitiva que o Palmeiras não conseguiu dar por conta dos problemas levantados aqui mesmo nesta coluna. E para que isso aconteça, Maurício Salgado precisa corrigir alguns problemas na sua equipe. Tudo começa com a saída de bola. O começo do jogo no Morumbi nos mostrou um São Paulo que marcava forte no 4-2-3-1/4-4-2 com linhas altas e muita pressão na saída de bola colorada. Principalmente em cima de Duda Sampaio e Juliana, as responsáveis pela qualificação do passe desde a defesa.

O São Paulo adiantou a marcação e forçou o erro na saída de bola do Internacional. Foto: Reprodução / SPORTV

É interessante notar que o São Paulo criou vários problemas para a defesa das Gurias Coloradas. A estratégia adotada pelo time de Lucas Piccinato conseguia fazer com que o Tricolor Paulista ficasse mais com a bola e levasse mais perigo ao gol adversário, mas faltava caprichar nas conclusões a gol. Micaelly teve a grande chance da primeira etapa após passe errado de Duda Sampaio (justo ela) na intermediária. Faltava também ao Internacional um pouco mais de compactação entre as suas linhas. Não era difícil perceber uma verdadeira cratera entre o meio-campo e a última linha de defesa das Gurias Coloradas. Era por ali que o São Paulo levava mais perigo.

Maressa recebe a bola e percebe Yaya, Micaelly e Rafa Travalão livres no meio-campo. Foto: Reprodução / SPORTV

O gol marcado por Maiara Lisboa (a popular Maii Maii) logo aos 25 minutos do primeiro tempo acabou condicionando toda a partida a favor do Internacional. Ao invés de se lançar ao ataque com mais frequência, o time de Maurício Salgado se fechou na defesa com perseguições mais curtas na marcação. Este que escreve destaca o trabalho defensivo feito por Duda Sampaio na “caça” à Yaya (muito mais meia de criação do que volante no São Paulo de Lucas Piccinato). Com as linhas mais fechadas e a área mais protegida, as Gurias Coloradas até conseguiram conter um pouco o ímpeto ofensivo do seu forte adversário. Mesmo assim, o time ainda cedia espaços generosos na sua defesa.

Duda Sampaio fechava em cima de Yaya e o Internacional tentava proteger mais a sua área. Foto: Reprodução / SPORTV

É verdade que as coisas quase se complicaram na segunda etapa com o pênalti tolo de Bruna Benites em cima de Yaya. Para a sorte das Gurias Coloradas, Micaelly acabou escorregando na cobrança e a goleira Mayara fez uma daquelas defesas que sempre são lembradas em campanhas importantes. Só que o São Paulo não diminuiu o ritmo e seguiui pressionando a meta do Internacional na base de um “abafa” que só funcionava quando o time de Lucas Piccinato colocava a bola no chão. E para o desespero dos torcedores presentes no Morumbi, Carol Rodrigues acertou a trave de Mayara aos 47 minutos do segundo tempo. A vaga era das Gurias Coloradas.

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A atuação da equipe de Maurício Salgado merece sim ser celebrada assim como a classificação (inédita) para a decisão do Brasileirão Feminino. Mesmo assim, a atuação das Gurias Coloradas deixa algumas interrogações com relação às duas partidas da final (marcadas para os dias 18 e 24 de setembro). Enfrentar o Corinthians e oferecer tanto campo para as adversárias trabalharem as jogadas pode ser classificado como um suicídio futebolístico. Corrigir os problemas na compactação e o controle da profundidade na recomposição defensiva (o popular “correr para trás” que tantos falam) é fundamental para que as Gurias Coloradas consigam competir em pé de igualdade.

A tal subida de patamar mencioanda por este que escreve no início desta análise passa por todos os quesitos apontados anteriormente. Não é difícil imaginar o Corinthians forçando o erro na saída de bola e tirando o espaço de Duda Sampaio e Fabi Simões, as duas jogadoras que podem desequilibrar o jogo a favor das Gurias Coloradas. Seja como for, a final do Brasileirão Feminino promete. E muito.