Como de costume, a última data FIFA (ocorrida nas últimas semanas de setembro) foi marcada por várias partidas de seleções europeias válidas pela UEFA Nations League. Nesta janela em específico, um detalhe especial marcou os torcedores que acompanhavam as suas seleções: o lançamento dos uniformes que serão utilizados na Copa do Mundo.
A seleção dinamarquesa aproveitou as partidas contra Croácia (22/09) e França (25/09) para fazer a divulgação das suas camisas número três (preta) e um (tradicional vermelha), mas os mantos do time nórdico foram marcados pela coloração do escudo e do nome da fabricante do material, que foram pintados da mesma cor do tecido.
Protestos com a camisa via Twitter e Instagram
No dia 28, no entanto, vieram as explicações para as cores das camisas e a ausência de destaque do brasão e da fabricante Hummel. Em seu Instagram, a empresa postou uma foto da camisa preta com a seguinte legenda:
“A cor do luto. A cor perfeita para a camisa número três da Dinamarca este ano. Apesar de o time dinamarquês ter o nosso suporte incondicional, isso não deve ser confundido com o apoio a um torneio que custou milhares de vidas. Nós queremos fazer uma declaração sobre os direitos humanos do Catar e seu tratamento aos trabalhadores migrantes que construíram os estádios do país para a Copa. #HistóriaÉOQueFazemosAgora”
Já via Twitter, veio a explicação dos detalhes “invisíveis”:
“Esta camisa carrega uma mensagem. Nós não queremos ser visíveis durante um torneio que custou a milhares de pessoas as suas vidas. Nós damos à seleção dinamarquesa nosso suporte incondicional, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como um país sede”.
A resposta do Comitê ao protesto
Os protestos da fabricante, no entanto, não foram ignorados. O comitê de organizadores da Copa do Mundo do Catar, o chamado Comitê Supremo para Entrega e Legado, deu uma severa resposta à empresa, destacando que reformas significativas do sistema trabalhista foram feitas para que os trabalhadores fossem protegidos e tivessem melhores condições de vida.
O Comitê ainda afirmou que houve um diálogo “robusto e transparente” com a DBU (Dansk Boldspil Union – Federação Dinamarquesa) que os levou a ter um melhor entendimento de todo o progresso que foi feito.
“Nós discordamos das afirmações da Hummel de que o torneio tenha custado milhares de vidas. Além disso, nós também rejeitamos de todo o coração a banalização do nosso genuíno compromisso de proteger a saúde e a segurança dos 30 mil trabalhadores que construíram os estádios da Copa do Mundo e outros projetos ligados ao torneio”.
O comitê disse que as reformas haviam sido reconhecidas por algumas agências internacionais de direitos humanos como um modelo que acelerou o progresso e melhorou vidas. “Como todo outro país, o progresso nestas áreas é uma jornada sem uma linha de chegada, e o Catar está comprometido com esta jornada”, continuou a nota.
“Nós apelamos para que a DBU transmita com precisão o resultado da sua extensa comunicação e trabalho com o Comitê e que garanta que isso seja devidamente tratado em sua parceria com a Hummel”.
Dados divergentes
Segundo informações divulgadas pelo Catar, apenas três pessoas faleceram em acidentes relacionados à construção dos oito estádios que se situam na região de Doha. No entanto, existem acusações de que muitas número de mortes de trabalhadores migrantes tenha sido ocultadas e que os números girem em torno de 6.500, conforme foi reportado pelas embaixadas da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka em fevereiro de 2021.

