São inevitáveis as lembranças de um dos mais épicos jogos da história do futebol brasileiro, quando se aproxima um duelo entre Náutico e Grêmio nos Aflitos. Ainda mais com circunstâncias tão parecidas. Afinal, o Tricolor Gaúcho volta a reencontrar o Timbu num Brasileirão Série B depois de 17 anos. E o mesmo palco de 2005 pode mais uma vez sediar um acesso da equipe gaúcha. Caso o time de Renato Gaúcho vença os pernambucanos no domingo (23) e Sport, Sampaio Corrêa e Criciúma não ganhem seus jogos no sábado (22), o Grêmio subirá matematicamente para o Brasileirão Série A.
Ribeiro Neto foi uma testemunha ocular da história. O jornalista gaúcho cobriu a célebre Batalha dos Aflitos in loco no inesquecível 26 de novembro de 2005 no Recife. Então, no programa Os Donos da Bola RS veiculado pela TV Bandeirantes do Rio Grande do Sul desta sexta-feira (21), fez um relato de bastidores dos acontecimentos da partida. No momento da marcação do segundo pênalti para o Náutico na etapa final, o repórter contou que o Grêmio estava determinado a abandonar o jogo.
Jogador do Grêmio chegou a pedir para os torcedores invadirem
“Os jogadores foram tomados de uma raiva, foram expulsos de campo, o Grêmio ficou com sete. E só teve o pênalti porque alguns dirigentes e o Mano Menezes, diga-se de passagem, Mano Menezes fez o time ficar em campo”, contou Ribeiro Neto, se referindo ao atual técnico do Internacional, que dirigia o Imortal em 2005, em sua primeira oportunidade num grande clube na época.
O jornalista complementou: “O presidente Paulo Odone disse que estava sendo convencido e o Grêmio iria sair de campo. Estava decidido. E aí Mano Menezes, Sandro Goiano e o Galatto, num discurso de que ‘eu vou pegar, eu vou pegar’ (o pênalti), convenceram que seria, nem que daria certo. O convencimento foi de que o prejuízo ao Grêmio seria muito maior”, contou Ribeiro, acrescentando que o meia gremista Marcel chegou a subir no alambrado, convidando os torcedores para invadirem o campo.
Nenhum jogador do Náutico queria cobrar o segundo pênalti
Ribeiro Neto prosseguiu suas memórias sobre a Batalha os Aflitos, afirmando que ninguém do Náutico assumiu a responsabilidade de bater a segunda penalidade máxima contra o Grêmio. Anteriormente, no primeiro tempo, Bruno Carvalho havia desperdiçado a primeira, cobrando na trave. “O pessoal do Náutico tava borrado. Tanto que uma das cenas que não aparecem na televisão, eu quero dizer que ela é emblemática. Os jogadores do Náutico, os mais experientes, se recusaram a bater o segundo pênalti. Kuki, entre outros, o próprio Batata que depois veio a ser expulso. Eles não quiseram”, explicou o jornalista gaúcho, que continuou.
“Sobrou um menino para bater, era o lateral-esquerdo Ademar. E a cena mais incrível: esses experientes, borrados, eles foram aquecer o Ademar para bater o pênalti”, relatou Ribeiro Neto, complementando que os jogadores mais velhos do Náutico foram omissos. Ou seja, só sabiam incentivar e dar força para o jovem jogador do Timbu, durante o “aquecimento” para a cobrança da penalidade máxima, que seria defendida pelo goleiro do Grêmio, Galatto. “O estádio morreu”, definiu o jornalista.
Mano Menezes festejou estar “em outro patamar”
Por fim, Ribeiro Neto revelou uma conversa de Mano Menezes com o jornalista depois da partida, que deu o título do Brasileirão Série B 2005 ao Grêmio. “Ribeiro, a partir de hoje eu estou em outro patamar”, disse o treinador ao repórter. Meses antes, Mano havia deixado o Caxias para assumir o Imortal. Até então, o técnico era bastante atuante em equipes do interior gaúcho. Logo após a vitória, a carreira de Mano Menezes deslancharia no futebol brasileiro e mundial.
Assim, Náutico e Grêmio se enfrentarão pela 36ª rodada do Brasileirão Série B neste domingo (23), às 16h (horário de Brasília), no Estádio dos Aflitos. O time pernambucano pode entrar em campo já matematicamente rebaixado, se a Chapecoense pontuar em casa diante do Tombense hoje (21).
