Home Futebol Alguns pontos que ajudam a explicar as atuações ruins do Santos nesse início de temporada

Alguns pontos que ajudam a explicar as atuações ruins do Santos nesse início de temporada

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate sem gols contra o Água Santa e as ideias de Odair Hellmann

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Todos nós sabemos que o Santos passa por uma reformulação profunda após anos de gestões ruins. Também sabemos que Odair Hellmann (assim como todo treinador e treinadora do planeta) não é mágico e não vai formar um timaço vencedor da noite pro dia. Dito isto, a imagem que ficou do empate sem gols contra o Água Santa nesta quarta-feira (25) foi a discussão de Soteldo e Ângelo com os torcedores na Vila Belmiro. Por mais que o Peixe pareça uma equipe sem rumo e sem padrão tático, alguns pontos ajudam a explicar esse início muito ruim de temporada. E nesse caso, precisamos entender o que o campo está nos mostrando. O momento pede calma e cabeça fria antes de se tomar atitudes mais drásticas.

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O empate desta quarta-feira (25) foi apenas o QUARTO JOGO do Santos em 2023. Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES já sabe que estamos falando de um recorte muito curto para análises mais profundas sobre o trabalho de qualquer treinador. Por outro lado, é possível sim identificar alguns problemas no Alvinegro Praiano. Problemas que já fazem parte do cotidiano da equipe há pelo menos uns três anos. Montagem ruim de elenco, mudanças constantes no comando técnico e o clima sempre quente nos bastidores do clube. Tudo interfere no futebol do time.

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Falando do jogo contra o Água Santa em si, Odair Hellmann apostou num 4-2-3-1 que trazia Soteldo, Carabajal e Ângelo jogando atrás de Marcos Leonardo e uma dupla de volantes formada por Rodrigo Fernández e Sandry. No papel, a escalação do Santos parecia competitiva, mas assim que a bola rolou na Vila Belmiro, os problemas de ordem tática começaram a aparecer diante do 3-4-1-2 montado pelo Thiago Carpini na equipe de Diadema. O mais gritante era a falta de compactação entre os setores e o latifúndio que se formou entre a defesa e o ataque do Santos.

Formação inicial das duas equipes. O 4-2-3-1 escolhido por Odair Hellmann concedeu espaços demais no meio-campo e sofreu bastante com o 3-4-1-2 do Água Santa.

Notem que Odair Hellmann está tentando implementar um modelo de jogo baseado nas transições rápidas para o ataque. Isso explica a escalação de Soteldo e Âneglo pelos lados. Os dois são os “pontas com os pés invertidos” que cortam para dentro e abrem o corredor para a subida dos laterais. No entanto, o time do Santos sente demais a falta de um jogador que assuma a criação no meio-campo. Rodrigo Fernández e Sandry são ótimos marcadores, mas não possuem essa característica. Por mais que o Peixe tenha feito um início de jogo razoável na Vila Belmiro, os problemas começaram a aparecer assim que o Água Santa percebeu que poderia se soltar mais. Como de costume, João Paulo foi fundamental na meta santista.

Soteldo e Ângelo eram os “pontas com pés invertidos”, mas as jogadas de ultrapassagem dos laterais quase não foi usada no jogo. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Aos poucos, o Santos foi sendo empurrado para trás por um adversário que havia sido vazado sete vezes nas primeiras três rodadas do Paulistão. Se as coisas estavam ruins no ataque, na defesa, a situação era ainda pior. O 3-4-1-2 do Água Santa tinha superioridade numérica no meio e aproveitava bastante a falta de combatividade de Soteldo e Ângelo na recomposição. Lembrem-se de que Odair Hellmann usa muito bem as transições e as perseguições curtas. No entanto, a defesa pesada e o posiciomento dos alas adversários acabou explondo ainda mais a falta de compactação do time do Santos. Não foram poucas as vezes em que Rodrigo Fernández e Sandry ficaram sobrecarregados na marcação.

O Água Santa avança suas linhas e explora bem os espaços que apareciam entre os setores do Santos. Faltou capricho nas conclusões. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Está mais do que claro que o Santos precisa de reforços, de peças que consigam executar o plano de jogo traçado por Odair Hellmann. Enquanto todos os adversários do Peixe dão mostras de evolução nesses quatro jogos, a impressão que fica é a de que a equipe está regredindo. E esse é o motivo pelo qual é preciso ter calma e analisar as coisas com a cabeça e não com o fígado. Cabe à comissão técnica identificar os problemas, as carências no elenco e fazer os ajustes necessários. Mas para que isso aconteça, é preciso ter calma e paciência com Odair Hellmann e os jogadores. O processo de entendimento da filosofia de jogo não acontece da noite para o dia. Mesmo assim, é preciso agir logo.

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Este que escreve entende bem a frustração e a raiva dos torcedores do Peixe com relação ao time. São anos de descaso e de gestões temerárias que cobraram seu preço. E por mais que possa estar “errando a mão” em determinados pontos, Odair Hellmann também precisa de tempo para corrigir o que está errado. Ainda há tempo para retomar o caminho das vitórias e se reforçar para o Brasileirão. No entanto, a única coisa que a diretoria pode fazer é ficar parada esperando um milagre dos céus. O aviso está dado.