Home Automobilismo Dakar: presença feminina é destaque na competição; saiba mais

Dakar: presença feminina é destaque na competição; saiba mais

A piloto Pâmela Bozzano é uma das 51 competidoras da 45ª edição de uma das mais tradicionais provas do automobilismo mundial

Flavio Souza
Formado em Gestão de TI e cursando Jornalismo. Desde 2006 escrevo sobre esportes em geral, ingressando em dezembro de 2018 no site Torcedores.com, onde atualmente exerço função de Colaborador Sênior. Atualmente meu foco é no futebol brasileiro e internacional, mas procuro falar sobre outras modalidades, como esportes olímpicos, por exemplo. Meu foco é trazer informações relevantes sobre os clubes fora de campo, como entrevistas, análises financeiras, desempenho das equipes em redes sociais e análises táticas.

Desde o último dia 31 de dezembro está sendo disputado o Rally Dakar na região do Oriente Médio. E um fato curioso marca essa edição, que é a forte presença das mulheres na competição.

PUBLICIDADE

A repórter Letícia Datena, única jornalista do Brasil cobrindo o evento, celebrou esse fato.

“Ao todo, são 51 atletas espalhadas em seis categorias. Eu acho sensacional que cada vez mais mulheres estejam se aventurando na versão mais radical de um esporte extremamente físico, como é o rally cross-country. Pilotos e navegadores correm em média 400km por dia em pleno deserto, escalando dunas de até 300m. Terminam o dia literalmente moídos. Além de estar bem preparado, é preciso ter coragem. E isso nós, mulheres, temos de sobra”, diz a filha do apresentador José Luis Datena.

PUBLICIDADE

“O Dakar vai cruzar uns 8.500km até o final da corrida, no dia 15 de janeiro. Nós já andamos cerca de 70% disso. É uma prova que judia da gente, precisa realmente amar velocidade para correr um Dakar. E as mulheres adoram esse desafio. Ter 51 delas aqui me diz que estamos chegando com força, o rally já é nosso território também”, conclui a repórter, que faz a cobertura do evento pela TV Band e revista Forbes.

Pâmela Bozzano fazendo história

A piloto catarinense de 33 anos é a primeira mulher a competir no Dakar como piloto. Ela conduz um Can-Am Maverick X3 da categoria Protótipos Leves.

A disputa nos desertos da Arábia é ao lado do navegador Carlos Sachs. Ex-atleta de marcha atlética, Pâmela iniciou no rally por brincadeira em 2020, influenciada pelo marido, Ênio Bozzano.

“Meu esposo me perguntou se não queria ser navegadora dele. Eu gostei da ideia, mas logo percebi que queria acelerar, frear… pilotar mesmo. Ele gostou da ideia, me incentivou e arrumou um carro pra testar. Tempos depois fomos para o Jalapão, um deserto no Tocantins, disputar minha primeira corrida”, conta ela.

PUBLICIDADE

Pâmela levou a sério o convite, se destacou e conquistou bons resultados. Em 2022, venceu o Rally RN1500, um dos mais tradicionais do país, e também o Rally Jalapão, ambos na subcategoria de UTVs na qual competiu. Mas a maior conquista foi a vitória na classe UTV3 do Rally dos Sertões – e com Ênio na função de navegador. Na Argentina, Pâmela ainda foi segunda colocada no competitivo SARR (South American Rally Race) e quinta na classificação geral dos UTVs.

Mas a primeira brasileira a competir no Dakar foi a jornalista Leilane Neubarth, que em 1999 foi a navegadora na tripulação do caminhão conduzido por André Azevedo, ao lado do mecânico tcheco Tomas Tomecek. O trio obteve duas vitórias em especiais e chegou ao terceiro lugar na categoria caminhões do Dakar daquela temporada.

Presença feminina no Dakar

Entre as 51 mulheres inscritas no Dakar, a maior delegação é da França com 12 representantes. Na atual edição, as principais estrelas são as espanholas Cristina Gutierrez, que se tornou a primeira mulher a vencer uma especial no Dakar desde Kleinschmidt, e Laia Sanz, que é dona do melhor resultado de uma mulher nas motos no Dakar, um nono lugar em 2015. Gutierrez foi terceira colocada entre os UTVs no ano passado.

As duas correm paralelamente no Extreme E, competição de rally de carros elétricos no qual as equipes são divididas com um piloto masculino e outro feminino. Gutierrez tem feito bonito: é a campeã de 2022 da Extreme E, ao lado do lendário francês Sebastien Loeb. Ambos competiram pelo time de Lewis Hamilton, o X44.

PUBLICIDADE

Lista de mulheres disputando a competição

  • Motos: Mirjam Pol (Holanda), Sandra Gomez Cantero (Espanha), Kristen Landman (África do Sul)
  • Carros (Pilotos): Laia Sanz (Espanha), Andrea Lafarja (Paraguai), Magdalena Zajak (Polônia)
  • Carros (Navegadoras): Monica Plaza Vazquez (Espanha), Valerie Panagiotis (França), Tessa Rooth (Holanda)
  • Protótipos Leves (Pilotos): Cristina Gutierrez (Espanha), Annett Fischer (Alemanha), Camelia Liparoti (Itália), Dania Akeel (Arábia Saudita), Mashael Alobaidan (Arábia Saudita), Merce Martin (Espanha), Anja Van Loon (Holanda), Aliyyah Koloc (Emirados Árabes Unidos), Pamela Bozzano (Brasil), Patricia Pita Gago (Uruguai)
  • Protótipos Leves (Navegadoras): Annie Seel (Suécia), Lisette Bakker (Holanda), Delphine Delfino (França)
  • Caminhões (Navegadoras): Marije van Ettekoven (Holanda), Margot Llobera (Andorra), Susana Hernando Ines (Espanha), Syndiely Wade (Senegal)
  • UTVs de Produção (Pilotos): Molly Taylor (Austrália) e Rebecca Busi (Itália)
  • UTVs de Produção (Navegadoras): Valentina Pertegarini (Argentina), Rosa Romero Font (Espanha), Giulia Maroni (Itália)
  • Clássicos (Pilotos): Valentina Casella (Itália), Olga Rouckova (República Tcheca), Sandra Riviere (França)
  • Clássicos (Navegadoras): Anne Galpin (França), Mercedes Montamarta (Espanha), Julie Verdaguer (França), Monica Buonamano (Itália), Jacobine Kamp-Noordsij (Holanda), Corinne Berteloot (França), Audrey Rossat (França), Faiza Maillard (França), Magali Barlerin Simonot (França), Claire Deygas (França), Corinne Cupers (França), Sonia Ledesma Gomez (Espanha), Alexia Giugni (Itália), Lidia Ruba (Espanha), Simona Morosi (Itália), Marie-Noelle Malsergent (França) e Andrea Cadei (Itália)

Veículos com tripulação 100% feminina

  • Motos: Mirjam Pol (Holanda), Sandra Gomez Cantero (Espanha), Kristen Landman (África do Sul)
  • Protótipos Leves: Annett Fischer (Alemanha)/Annie Seel (Suécia) e Merce Martin (Espanha)/Lisette Bakker (Holanda)
  • UTVs de Produção: Rebecca Busi (Itália)/Giulia Maroni (Itália)
  • Clássicos: Valentina Casella (Itália)/Monica Buonamano (Itália)

Desafio do Dakar para todos os gêneros

As mulheres, na verdade, já registraram grandes momentos na trajetória do Dakar. Mas o que chama a atenção agora é a quantidade e a disposição de brigar de igual para igual com os marmanjos de todas as categorias.

Esse fato foi pontuado por Lucas Moraes, piloto que vem se destacando na competição em 2023.

“Aqui, todo mundo sabe que as mulheres vieram pra ganhar. Como é o caso dos homens, algumas possuem currículos fantásticos no rally e outras estão em evolução. Mas de maneira geral elas estão aqui para conquistar o título máximo do nosso esporte, que é vencer essa prova.

Todos os dias, no Dakar, temos provas de que talento não tem sexo, idade ou cor de pele. Essa é uma das magias dessa competição”, completa o brasileiro.

PUBLICIDADE