Home Extracampo Full Swing da Netflix tenta popularizar um esporte pouco conhecido no Brasil: o golfe

Full Swing da Netflix tenta popularizar um esporte pouco conhecido no Brasil: o golfe

Série acompanha jogadores de golfe durante a PGA Tour e a LIV Golf e tenta reproduzir o mesmo sucesso de Fórmula 1 – Drive to Survive, que trouxe uma geração de novos fãs para o automobilismo

Renato Roschel
Editor-chefe do Torcedores.com. Há mais de 30 anos com trabalhos nas áreas de jornalismo e produção de conteúdo. Já colaborou para jornais como Folha de S. Paulo e Valor Econômico. Foi correspondente da Rádio Eldorado em Londres, editor da Revista Osesp e é tradutor, revisor, organizador e autor de diversos livros, entre eles, Literatura Livre: ensaios sobre ficções que formaram o Brasil, obra publicada pelo Sesc em 2022.

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Não é fácil, mas a intenção dos produtores de Full Swing é repetir no streaming a mesma adrenalina que dominou Drive to Survive e conquistou diversos novos fãs para o automobilismo.

Apesar de o jogo de golfe indicar exatamente o oposto — sensação de tranquilidade e de um esporte praticado em meio a um ambiente que propicia muita contemplação — a série entrega ótimas histórias e os intestinos dos bastidores do mundo do golfe profissional.

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Full Swing surpreende exatamente por isso. Há nela o drama do jogador Brooks Koepka, seu histórico de lesões e sua luta para voltar a ser um competidor respeitado e temido no mundo do ultracompetitivo golfe profissional. Além disso, há toda a briga entre a histórica PGA Tour e a montanha de dinheiro oferecida pela Arábia Saudita e sua LIV Golf.

Portanto, a série mostra a luta de Koepka contra os problemas físicos, o dia a dia de outros jogadores profissionais de golfe e essa deliciosa disputa nos bastidores entre um campeonato consagrado, a PGA Tour, e a nova e riquíssima liga saudita.

No Brasil, Full Swing terá de superar também o obstáculo de um público que sabe muito pouco ou quase nada sobre esse esporte. Talvez esse seja o maior desafio para a série entre os brasileiros.

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O que pode ajudar a superar isso são os belos dramas humanos dos atletas e batalhar entre a PGA Tour e a LIV Golf, narrativas para as quais não é necessário ser um profundo conhecedor do esporte para compreender.

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PGA Tour x LIV Golf

LIV Golf é financiada pelo mesmo fundo saudita que liderou o consórcio responsável por comprar o Newcastle e revolucionar as forças na Premier Legue — o Newcastle está em quarto lugar na liga inglesa, a frente de gigantes como Manchester United, Liverpool e Chelsea.

Os bastidores dos milhares de dólares que levaram à saída de jogadores como Dustin Jonson e Phil Mickelson da PGA Tour para a disputar a LIV Golf é um prato cheio para aqueles que não entendem muito de golfe, mas sabe exatamente o que esses países árabes são capazes de fazer em grandes competições esportivas.

A disputa não para por aí. A LIV Golf também está transformando os torneios, deixando-os mais curtos, pagando prêmios gigantescos e levando para o esporte um ambiente diferente e bem mais barulhento daquele que é possível ver em disputas da PGA Tour.

Koepka é um dos jogadores profissionais que vive o drama de decidir atuar na LIV Golf ou disputar a gloriosa PGA Tour. A série tenta mostrar o que leva muito jogadores a tomar essa decisão: trocar o campeonato mais famoso por um novo que paga muito mais.

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No caso de Koepka, que luta para se manter no golfe profissional, a decisão ganha ares de drama e de como muitos atletas mais experientes lidam com o final de suas carreiras.

Assim, Full Swing, além de mostrar a versão humana de um atleta (Koepka) que luta para retornar às grandes disputas e se manter atuante, também faz um ótimo retrato de um esporte que inegavelmente passa por uma crise existencial, com muitos personagens falando que a LIV Golf é uma ameaça à história do esporte enquanto outros afirmam que os torneios sauditas são o futuro do golfe.

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