A conquista da Copa da Liga Inglesa quebrou um jejum de seis temporadas sem taças no vitorioso Manchester United. A equipe comandada por Erik ten Hag fez mais uma partida correta e se adaptou ao que o confronto contra o Newcastle pedia. A vitória por 2 a 0 m cima dos Magpies em Wembley, no entanto, também traz uma grande notícia para um clube que viveu meses de instabilidade até a saída de Cristiano Ronaldo. Trata-se da liderança positiva exercida pelo brasileiro Casemiro. Contratado no início da temporada europeia, o camisa 18 mostrou que não é apontado como um dos maiores volantes do século à toa. É a grande notícia de um time que quer reviver seus tempos de glória.
Uma das grandes características do time de Erik ten Hag é a adaptação ao contexto. Se o Manchester United foi mais agressivo contra o Barcelona no meio de semana (em jogo valido pela segunda fase da Liga Europa), vimos uma postura diferente por parte dos Red Devils neste domingo (26). Lembrem-se de que o Newcastle de Eddie Howe tem jogadores de muita qualidade e que gostam de propor o jogo. Os primeiros minutos da decisão em Wembley nos mostraram exatamente isso. Os Magpies se instalaram no campo de ataque e o United se fechava e só saía “na boa”.
Tudo para guardar fôlego e resolver as coisas com simplicidade. O 4-2-3-1 de Erik ten Hag trazia Casemiro e Fred na frente da zaga, Bruno Fernandes circulando bastante entrelinhas e Weghorst abrindo espaços para as chegadas de Rashford da esquerda para dentro. Já Antony não apareceu tanto no ataque, visto que Saint-Maximin fazia bom jogo pelo lado esquerdo do Newcastle e causava muitos problemas para Diogo Dalot. Aos poucos, o Manchester United foi se organizando impondo seu estilo de jogo com Casemiro organizando a saída de bola e descolando bons passes.

De acordo com o SofaScore, o Manchester United terminou o jogo com 39% de posse de bola. No entanto, terminou o jogo com incríveis 14 finalizações a gol (nove no alvo). É possível dizer que o goleiro Karius (AQUELE MESMO da final da Liga dos Campeões de 2017/18) salvou o Newcastle de uma derrota ainda mais dilatada em Wembley. Por outro lado, o time de Eddie Howe criou seus problemas explorando bem o lado esquerdo de ataque com as chegadas de Joelinton, Saint-Maximin e Callum Wilson pra cima de um Diogo Dalot que não conseguia se encontrar na marcação. É nesse contexto que entra Casemiro. O camisa 18 acalmou os companheiros e se transformou na liderança positiva que Erik ten Hag tanto buscou.
O Newcastle tinha mais a posse da bola, mas agredia a defesa dos Red Devils muito menos do que podia e devia. E isso se deve à atuação segura de Casemiro. Atuando quase como um líbero na frente da linha defensiva, o camisa 18 organizava a marcação como poucos e ainda participava ativamente da construção das jogadas. Se Fred avançava para junto de Bruno Fernandes, ele guardava mais sua posição junto a Varane e Lisandro Martínez. Se o Manchester United adiantava suas linhas, ele se transformava em mais um organizador de jogadas junto dos atacantes.
A importância de Casemiro nos Red Devisl ficou mais nítida por conta do gol marcado aos 32 minutos do primeiro tempo. Não somente por ter aberto o placar em Wembley, mas por não deixar que a equipe perdesse o foco e deixasse o plano estipulado por Erik ten Hag de lado. Tanto que o segundo gol (marcado por um cada vez mais iluminado Rashford) sai praticamente no ataque seguinte. Não é exagero nenhum afirmar que Casemiro já se transformou numa espécie de “todo-campista”. Marca como “5” e organiza as coisas como um “8” de altíssimo nível técnico.
A evolução técnica de Casemiro já era visível no Real Madrid de Carlo Ancelotti e na Seleção Brasileira comandada por Tite no ano passado. Só que o brasileiro parece ter reservado sua melhor versão para o Manchester United de Erik ten Hag. Difícil imaginar o time sem ele em qualquer contexto. O camisa 18 mostrou a liderança positiva que exerce nos Red Devils nos momentos de maior pressão do Newcastle no segundo tempo. Com Antony e Bruno Fernandes quase alinhados aos laterais Wan-Bissaka e Luke Shaw e os volantes Sabitzer e McTominay fechando em cima de Bruno Guimarães e Joelinton, Casemiro se posicionou na frente da defesa e “regeu” todo o sistema defensivo do Manchester United.

Todo o sistema de jogo de Erik ten Hag exige disciplina, concentração e muita intensidade nas transições. O treinador holandês fez suas compensações para soltar mais Rashford pela esquerda e manter Bruno Fernandes próximo dos atacantes. Mas é Casemiro quem resume com perfeição o futebol do Manchester United atualmente. A quebra do jejum de seis anos sem títulos logo no seu primeiro ano no clube diz muito sobre sua influência (altamente positiva) no elenco. É a liderança que Ten Hag buscou em Cristiano Ronaldo e não encontrou por uma série de motivos que podem ser abordados numa outra oportunidade. Certo é que Casemiro hoje tem a cara do Manchester United. Essa é a grande notícia.
A conquista da Copa da Liga Inglesa pode não parecer muita coisa para um clube que já conquistou o mundo mais de uma vez na sua história. No entanto, o título conquistado neste domingo (26) serve para tirar um peso das costas do elenco dos Red Devils e das costas de Erik ten Hag por conta das polêmicas com CR7 já mencionadas aqui neste site. E Casemiro surge como o grande líder dessa possível nova era do Manchester United. Uma liderança positiva, de mentalidade extremamente vencedora e que conhece todos os caminhos do campo.

