Home Futebol Real Madrid confirma favoritismo contra o Al-Hilal em final marcada pelo mais puro entretenimento

Real Madrid confirma favoritismo contra o Al-Hilal em final marcada pelo mais puro entretenimento

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Carlo Ancelotti e Ramón Díaz na decisão do Mundial de Clubes da FIFA

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É interessante como algumas discursos parecem completamente fora da realidade. Falou-se que o Real Madrid já “não era mais o mesmo” do ano passado (quando levantou mais uma Liga dos Campeões) e que o time de Carlo Ancelotti não manteria o nível por conta das lesões e desfalques. Bom, o que se viu neste sábado (11), no Estádio Príncipe Moulay Abdellah, foi a confirmação do favoritismo daquele que é considerado o maior clube do mundo. Tudo bem que o jogo que deu o oitavo Mundial de Clubes ao escrete merengue veio marcado pelo mais puro caos e entretenimento e diante de um Al-Hilal que fez bom jogo e que incomodou bastante. Mas ainda assim, o Real Madrid mostrou sua força mais uma vez.

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Acabou que o melhor ficou para este sábado (11). Carlo Ancelotti repetiu seu 4-3-3 costumeiro com Valverde jogando mais próximo de Modric e Carvajal (substituto de Nacho Fernández) e Benzema ocupando o comando de ataque ao lado de Vinícuus Júnior. No mais, o time foi praticamente o mesmo que goleou o Al Ahly nas semifinais. Do outro lado, Ramón Díaz aproveitou o retorno de Kanno para armar o seu Al-Hilal num 4-4-2 com Vietto e Marega mais à frente com Carrillo e Salem Al-Dawsari pelos lados do campo. O treinador argentino não demorou muito para perceber que a formação escolhida por ele concedia espaços generosos para o Real Madrid e deixava a última linha bem desprotegida.

Formação inicial das duas equipes. Ramón Díaz apostou num 4-4-2 que concedia muito espaço entrelinhas para um Real Madrid que contava com a volta de Carvajal e Benzema.

A mudança só veio depois dos gols de Vinícius Júnior e Valverde (mais ou menos aos vinte minutos de jogo no Estádio Príncipe Moulay Abdellah). Ramón Díaz percebeu que precisava preencher o espaço na frente da última linha e abandonou o 4-4-2 e retornou ao 4-1-4-1 com Carrillo, Kanno e Cuéllar na frente da linha defensiva, Salem Al-Dawsari mais à esquerda e liberando o corredor para o ofensivo Khalifah Al-Dawsari e Marega atacando o espaço aberto por Vietto da direita para dentro. Foi assim que o Al-Hilal conseguiu conter (um pouco) as investidas de um Real Madrid ligado no “modo apelão”, ocupar o campo de ataque e diminuir o placar aos 26 do primeiro tempo com um belo gol malinês.

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Ramón Díaz reorganizou sua equipe num 4-1-4-1 depois do Real Madrid abrir dois a zero no placar com Marega jogando mais pelo lado direito. Foto: Reprodução / YouTube / Cazé TV

Apesar de controlar o jogo, o Real Madrid encontrava algumas dificuldades quando o Al-Hilal acelerava pelo lado esquerdo da defesa merengue. Por mais que tenha qualidade e muito talento, este que escreve ainda vê uma certa hesitação e desconforto em Camavinga atuando na lateral. O camisa 12 sofreu com as investidas de Marega pelo seu setor e com a circulação de Vietto às costas de Toni Kroos. Isso explica um pouco a presença de Tchouaméni um pouco mais por ali, para dar opção de passe na saída de bola e permitir que Modric apareça no espaço vazio para iniciar as jogadas de ataque. Os melhores momentos do Al-Hilal na partida nasceram das jogadas construídas pelos lados do campo.

Mesmo assim, o Real Madrid retomou o “modo apelão” no início da segunda etapa com os gols de Benzema (aos nove) e Valverde (aos 13 minutos). A impressão que ficava era a de que o escrete comandado por Carlo Ancelotti “passaria o carro” por cima do escrete saudita sem muitas cerimônias. A facilidade que Vinícius Júnior encontrava para circular às costas de Kanno e Cuéllar e para vencer a marcação de Khalifah Al-Dawsari foi facilmente perceptível. O camisa 20 já não é mais “apenas” um ponta. Ele circulava por todo o setor ofensivo a partir do lado esquerdo e buscando as associações por dentro com Benzema e Valverde ou dando profundidade pela esquerda e arrastando toda a defesa adversária.

Vinícius Júnior foi o fator de desequilíbrio do Real Madrid na partida deste sábado (11). O camisa 20 encontrava espaços com facilidade. Foto: Reprodução / YouTube / Cazé TV

Vietto fez o segundo gol do Al-Hilal depois de belo lançamento de Abdulhamid às costas de Kamavinga e Alaba seis minutos antes de Vinícius Júnior “roubar” a bola de Ceballos e fazer o quinto gol do Real Madrid. Ramón Díaz mexeu na sua equipe e mandou Nasser Al-Dawsair e Michael para o jogo. Atuando num 4-2-4 bem ofensivo, o escrete saudita conseguiu criar ainda mais entretenimento para os fãs do velho e rude esporte bretão. Principalmente por conta da entrada do camisa 96. Vietto marcou o terceiro do Al-Hilal aos 35 minutos da segunda etapa e Marega desperdiçou chance incrível com o gol vazio logo na sequência. Tudo em jogadas trabalhadas por Michael no lado esquerdo de ataque.

Michael entrou no lugar de Carrillo e foi jogar no lado esquerdo de ataque. O camisa 96 fez as principais jogadas do Al-Hilal no segundo tempo. Foto: Reprodução / YouTube / Cazé TV

É verdade que o Al-Hilal lutou além do limite de suas forças, mas nem assim conseguiu competir em pé de igualdade contra um Real Madrid em ritmo de festa e com “espasmos” do time intenso e letal que eu e você estamos acostumados. A mentalidade vencedora e a disciplina tática do escrete comandado por Carlo Ancelotti foram premiados com o oitavo título mundial do escrete merengue. E os torcedores presentes no Estádio Príncipe Moulay Abdellah e o mais puro caos e entretenimento. O jogo deste sábado (11) que teve sim suas doses de emoção e provou que clubes africanos e asiáticos evoluíram bastante nos últimos anos. A ponto de criar problemas para os gigantes europeus. É algo que faz a gente pensar…

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Diante disso tudo, fica ainda mais difícil entender o que se passa na cabeça daqueles que defendiam a tese de que o Real Madrid “já não era mais o mesmo” ou que tentaram procurar chifre em cabeça de cavalo para justificar a tese de que o time X “bateria de frente” com o escrete de Carlo Ancelotti sem enxergar o “óbvio ululante que pulula nas mentes humanas”. Enquanto alguns papam mosca no meio de um discurso ufanista e sem sentido, o escrete merengue comemora mais uma taça para desgosto de muitos “terraplanistas futebolísticos”.