Ajuda de custo, bico e falta de investimento: conheça os bastidores do time feminino do Sport
Regiane Santos irá comandar o Sport na Série A2 do Campeonato Brasileiro; é a segunda temporada da treinadora à frente do time feminino
Divulgação/ Sport Recife
Uma mulher calma, transparente e sem papas na língua. É dessa forma que Regiane Santos tenta se consolidar no mercado da bola. Sem medir as palavras, a treinadora nascida em Padualho, em Pernambuco, foi conquistando seu espaço no Sport Recife.
Mesmo com seu estilo sincerona, Regiane Santos usa a paixão pelo futebol feminino para atrair jogadoras de todo o estado para o Sport, ao qual se refere sempre com muito carinho. Afinal, foi no clube que ela viveu o auge da carreira vestindo a camisa 10 rubro-negra.
“Eu daria uma nota oito para mim. Eu pensava antes da bola chegar. Sempre dei mais dinâmica ao jogo. Minha obrigação em campo era criar as oportunidades para minhas companheiras. Eu fui muito mais uma garçom do que artilheira. Então, cumpri bem meu papel em campo”, revelou Regiane Santos em entrevista ao canal “OurSports”, no YouTube.
Falta de investimento incomoda a treinadora
Uma situação que gera grande incômodo em Regiane Santos é a falta de investimento do Sport Recife no futebol feminino. Com poucos recursos para formar uma equipe competitiva, a treinadora vem comandando peneiras em todo o estado para recrutar jovens atletas.
“Não temos recursos para contratar reforços porque falta investimento. Hoje, o clube dá uma ajuda de custo que serve para o transporte e alimentação das atletas. As vezes fico com a cabeça a mil porque preciso repor algumas peças que saíram do clube. Em alguns momentos sou obrigada a improvisar ou adaptar as jogadoras num espaço curto de tempo”, desabafou.
Atrás do sonho de viver do futebol feminino, as jogadoras aceitam fazer “bico” em outras áreas do clube quando não estão em campo. Essa foi a forma encontrada pela diretoria rubro-negra para complementar a renda das atletas até o começo da Série A2 do Brasileirão.
“Nós temos os recursos dados pela CBF somente no período do Brasileirão. O Sport tem alojamento que serve para abrigar a maioria das meninas que vieram do interior. Elas também trabalham nos dias de jogos do masculino para ter um dinheiro a mais. As vezes moldamos e perdemos as meninas para outros clubes. Isso é uma situação que me deixa triste”, disse.
Treinadora pede calendário cheio
Para Regiane Santos, a chave para tentar iniciar uma mudança passa, em primeiro lugar, por uma reformulação estrutural do futebol feminino. Isso tem relação direta com um calendário que permita as jogadoras estar em atividade o ano inteiro.
“Falta visibilidade. As vezes muitas marcas não querem investir porque não vai passar em lugar nenhum. A Copa do Brasil foi extinta desde que começou a ser disputado o Brasileirão Feminino das Séries A1, A2 e A3. Hoje, nós só temos o Estadual e o Brasileiro. O calendário reduzido nos impede de buscar investimentos para o clube”, finalizou.

