Home Futebol Ana Thaís Matos se posiciona sobre situação de Cuca: “Dispara gatilhos em mim”

Ana Thaís Matos se posiciona sobre situação de Cuca: “Dispara gatilhos em mim”

Novo treinador do Corinthians é alvo de protestos por causa de caso polêmico de violência sexual na década de 80

Paulo Foles
Paulo Foles atua como redator do Torcedores.com desde 2018. Neste período, cobriu grandes eventos esportivos, incluindo a Copa do Mundo e Olimpíadas. Com passagem em "Futebol na Veia", "Esporte News Mundo", "The Playoffs" e outros, tem como foco o futebol brasileiro e internacional, além de experiências com NBA e NFL.

Uma das principais jornalistas de esporte no Brasil, Ana Thaís Matos se posicionou mais uma vez sobre o caso de violência sexual envolvendo Cuca na década de 80 e fez desabafos. A comentarista do SporTV deu sua opinão após o treinador ser contratado pelo Corinthians nesta quinta-feira (20).

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“Esse assunto dispara tantos gatilhos em mim que eu não tenho mais forças para falar sobre isso”, desabafou a jornalista, que prosseguiu dizendo: “Porque eu lembro nos últimos quatro anos como comentarista das muitas guerras que eu escolhi para lutar e os impactos disso na minha profissão. A forma que as pessoas me enfrentam, me encaram, como as pessoas se relacionam comigo nas redes sociais”, disse ela.

Em 1987, quando era jogador do Grêmio, Cuca teria cometido violência sexual em Berna, na Suíça, contra uma menina de 13 anos, juntamente com outros dois jogadores do Tricolor Gaúcho. Ele nega as acusações e se diz inocente no caso.

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Ana Thaís Matos prosseguiu falando sobre o assunto e mencionou outras situações: “Vou citar dois casos bem emblemáticos: o caso Robinho. Um dia que fiz um jogo contra o Vitória, quando o jogador Wesley tinha esfaqueado o rosto da namorada, e falei sobre esse caso de violência de gênero. Muitos colegas nas redes sociais me atacaram”, desabafou ela.

A avaliação de Ana Thaís Matos sobre o caso Cuca continuou: “Ninguém quer que o Cuca seja preso, que ele vá para a Suíça, mas ele tem que revisitar essa história. Isso é uma opinião minha muito particular, como ele pode revisitar essa história”, declarou ela, que ainda disse o que deveria ser feito pelo técnico:

“Ele tem que sentar e falar: ‘Gente a sociedade em 1987 era de outra forma, tínhamos hábitos de outra forma, as coisas aconteceram, eu não tive controle sobre a minha carreira naquele ponto, não tive forças para dialogar com isso, não sabia como dialogar, e hoje, quase 40 anos depois, eu tenho recursos suficientes para falar sobre esse assunto'”, indicou a profissional do Grupo Globo.

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“Porque o futebol ainda é um espaço de debate sobre questões sociais e não podemos viver em um mundo alienado”, completou Ana Thaís Matos sobre o novo treinador do Corinthians.

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Caso Robinho e Jean

O caso Robinho seguiu sendo abordado pela jornalista. O ex-Santos e Atlético-MG foi condenado na Itália por estupro, mas segue sem cumprir a pena e vive no litoral paulista hoje em dia.

“Eu fico pensando: do que valeu há dois anos, quando vazaram os nossos números e dos nossos colegas na época, quando abordamos o caso do Robinho? Caminhamos para que lado? A comunidade do futebol ignorou todo esse debate, e segue ignorando”, refletiu Ana Thaís Matos.

“Porque os jogadores, os agentes do futebol, que estão envolvidos com casos de violência de gênero, seguem tendo segundas chances. Ontem, vimos o Jean (goleiro ex-São Paulo que foi acusado de violência doméstica) no jogo (contra o Palmeiras). O futebol permite essa volta por cima para estes homens”, lamentou a jornalista.

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