Presidente da CBF afirma que sofreu racismo durante convocação da seleção brasileira
Ednaldo Rodrigues não deu detalhes, mas assegurou que foi alvo de preconceito dentro da entidade
Lucas Figueiredo/CBF
Em um momento de protestos contra o preconceito, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, revelou que sofreu racismo durante a convocação do Brasil. Presente na sede da entidade, no Rio de Janeiro. Mesmo sem dar detalhes do caso, o dirigente fez questão de deixar claro que a situação não vai passar impune, já que o departamento jurídico da confederação será acionado.
“Eu resisto, comecei a sofrer racismo desde os oito anos, tenho 60 anos e sofro. A gente sofre em qualquer momento, aqui dentro do auditório hoje teve racismo, tem situações em que a pessoa… Junto com o jurídico da CBF vamos procurar ver o que é possível para colocar de uma forma pública no site da entidade esses racistas, para que eles não fiquem no meio de pessoas de bem e que estão pregando o combate ao racismo e eles praticando.“, disse o mandatário máximo da CBF.
Engajado na luta para combater o racismo, Ednaldo relatou as ações da CBF em relação ao tema. Como o Brasil possui amistoso marcado na Espanha, local onde Vinícius Júnior vem sendo alvo de preconceito, o presidente da entidade apontou que os criminosos precisam ser encarados, motivo pelo qual o jogo diante de Guiné não teve a sede alterada.
“O racismo não vai parar somente… Nós fizemos um seminário de combate ao racismo em 25 de agosto e ele continua. Tem um grupo de trabalho permanente, com cerca de 80 pessoas dos mais diferentes segmentos da sociedade, incluindo judiciário, polícia federal, atletas, imprensa, dirigentes. O racismo está em todos os cantos, estava aqui hoje. Isso é em todo momento. Tem racistas na imprensa, tem racistas a todo tempo. Vamos estar de frente para falarmos e não nos amedrontamos.”
“Quando questionaram por que seria na Espanha (o amistoso contra Guiné), onde houve racismo, primeiro: estávamos tratando o jogo na Espanha há 60 dias. Quando acontece uma questão de racismo, aqueles que sofrem não vão para debaixo da cama com medo, vai ter que enfrentar. E enfrentar o racista em seu reduto é a melhor coisa para passar a mensagem com vigor. Não é nenhum desafio, autoritarismo, mas os racistas a gente tem que dizer não e repetir esse não várias vezes (…) Temos que estar sempre acompanhando e divulgando, dizendo quem é, a vida vai continuar, a pessoa não vai se deixar abater por questões do racista. Tem que deixar o racista abatido, ele que está cometendo um crime.“, completou.
CBF quer apoio contra o racismo
Por fim, Ednaldo mencionou que todas as entidades ligadas ao futebol, assim como a CBF, precisam agir juntas para extinguir o racismo do futebol. Dessa forma, uma mobilização em forma de campanha é esperada na Catalunha para o amistoso em 17 de junho.
“Essa campanha é para todos, o Vini Jr está sendo de uma forma contumaz lá na Espanha, isso não é de hoje, estamos falando há mais de um ano, acionamos os mesmos personagens que acionamos dessa vez: Uefa, Conmebol, Federação Espanhola. E se tiver que repetir mais vezes vamos repetir quantas vezes forem necessárias”, finalizou o dirigente da entidade.

