Home Futebol Bahia aproveita a inércia do Santos e faz o simples para avançar de fase na Copa do Brasil

Bahia aproveita a inércia do Santos e faz o simples para avançar de fase na Copa do Brasil

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o jogo na Arena Fonte Nova e as escolhas de Renato Paiva e Odair Hellmann

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É verdade que Bahia e Santos não vêm fazendo uma temporada lá muito empolgante por uma série de motivos. Mas a partida desta quarta-feira (31) deixou a impressão de que o futuro pode ser melhor do que o presente e muito melhor do que o passado lá pelos lados do Tricolor de Aço. A classificação para as quartas de final da Copa do Brasil veio apenas nas penalidades (e com a participação decisiva do goleiro Marcos Felipe) depois de um jogo correto e mais seguro por parte da equipe comandada por Renato Paiva. Já o time de Odair Hellmann acabou surpreendendo (negativamente) pela inércia em determinados momentos da partida e voltou a apresentar as mesmas falhas do início do ano.

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A partida disputada na Arena Fonte Nova não foi marcada pelo grande número de chances criadas e pelos lances de efeito. Por se tratar de um jogo eliminatório, estava claro que Bahia e Santos estudavam muito mais as ações dentro de campo do que o normal. E não demorou muito para que o Tricolor de Aço começasse a explorar os espeços deixados pelo 4-2-3-1 de Odair Hellmann com passes mais longos buscando o trio ofensivo formado por Everaldo, Biel e Cauly. Aliás, o 3-4-2-1/5-2-3 de Renato Paiva funcionou muito bem por causa da indolência do Santos no jogo.

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Jacaré (depois Cicinho) e Ryan se somavam aos pontas e criavam superioridade numérica pelos lados do campo e os volantes Rezende e Acevedo tinham tempo e espaço suficientes para trabalhar bem as jogadas e buscar os passes longos na direção do ataque. Aliás, ainda é muito difícil entender a postura do Santos na partida, muito mais passivo e muito mais frágil nas transições ofensivas do que o normal. Lucas Lima esteve isolado na criação e os pontas Mendoza e Soteldo pouco auxiliaram os volantes Rodrigo Fernández e Dodi na marcação do meio-campo adversário.

O Santos deu espaços demais para o Bahia. Além disso, o 3-4-2-1 de Renato Paiva levou ampla vantagem sobre o espaçado 4-2-3-1 de Odair Hellmann. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

O gol (bem) anulado de Biel e a cabeça de Kanu (bem defendida por João Paulo) foram alguns dos poucos lances de emoção da primeira etapa em Salvador. Esperava-se que a postura do Santos fosse melhorar depois do intervalo, mas o que se via em campo era o mesmo panorama do primeiro tempo. O Bahia seguia controlando as ações e aproveitando bem os espaços que seu adversário deixava entre suas linhas. E como desgraça pouca é bobagem, o time comandado por Odair Hellmann sofreu demais com a recomposição e a marcação mais frouxa. Fosse o Tricolor de Aço mais feliz na definição das jogadas (e não tivesse perdido jogadores por lesão), o placar poderia ter sido outro na Arena Fonte Nova.

Soteldo, Deivid Washington, Lucas Lima e Mendoza apenas observam o Bahia fazer a saída de bola e iniciar os contra-ataque. Faltou força na marcação. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Na prática, o Santos só acordou para a vida quando Cauly abriu o placar aos 23 mintuos da segunda etapa depois de bola roubada de Everaldo perto da linha de fundo. Mesmo assim, o time comandado por Odair Hellmann sofreu para entrar na defesa do Bahia. A mesma fragilidade que se via na marcação era percebda no ataque (mesmo com as entradas de Bruno Mezenga, Ângelo e Weslley Patati). Faltava profundidade e mais intensidade ao time do Peixe e isso ficou mais do que claro nos minutos finais da partida. E nem mesmo o gol de empate (marcado por Bruno Mezenga aos 49 minutos) conseguiu disfarçar a indolência e a fragilidade do Santos dentro de campo. Faltou muita coisa.

Com o Bahia fechado na frente da sua área, o Santos sofreu para encontrar espaços. O time não tinha movimentação ofensiva e pouquíssima profundidade. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A estrela do goleiro Marcos Felipe brilhou mais forte na decisão por penalidades e garantiu a classificação do Bahia para as quartas de final da Copa do Brasil. Méritos do time comandado por Renato Paiva que tentou se impor em campo apesar de todas as dificuldades de elenco e na implementação do esquema tático. Mas a grande notícia para a torcida do Tricolor de Aço são as boas impressões deixadas numa partida decisiva. Bem diferente do Santos de Odair Hellmann. Este que escreve ainda tenta entender o que levou a equipe da Vila Belmiro a adotar uma postura tão inerte, tão passiva e tão “sem sal”. Ao mesmo tempo, o Peixe tem elenco suficiente para entregar mais dentro de campo.

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É claro que esse jogo não vai ditar EXATAMENTE o que virá pela frente na temporada. Mas as impressões deixadas por Bahia e Santos dizem muita coisa sobre o ano de 2023 das duas equipes. Enquanto o Tricolor de Aço vai caminhando aos trancos e barrancos, o Peixe vai se complicando por conta da falta de brio e de concentração dos jogadores dentro de campo. O time de Renato Paiva acabou premiado com a vaga nas quartas de final da Copa do Brasil por ter feito o simples nesta quarta-feira (31). E isso faz uma diferença danada nessa altura da temporada.