Home Futebol Internacional não resiste ao Atlético Nacional, mas deixa a Libertadores Feminina de cabeça erguida

Internacional não resiste ao Atlético Nacional, mas deixa a Libertadores Feminina de cabeça erguida

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das Gurias Coloradas neste sábado (21) e as escolhas de Lucas Piccinato

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Internacional não resiste ao Atlético Nacional, mas deixa a Libertadores Feminina de cabeça erguida

Staff Images Woman / CONMEBOL

Este que escreve já havia exaltado a campanha do Internacional na Libertadores Feminina quando a equipe conseguiu levar a semifinal contra o Corinthians para as penalidades. E não se trata de “exaltar a derrota”, mas de entender que as Gurias Coloradas foram muito bem na sua primeira participação na competição sul-americana. No entanto, ficou claro que as comandadas de Lucas Piccinato sentiram demais a eliminação da última quarta-feira (18) e fizeram um jogo bem abaixo contra o bem organizado e qualificado Atlético Nacional. Por mais que o Internacional tenha conseguido competir, a equipe simplesmente “entregou” todos os três gols da partida. Faltou experiência e concentração.

PUBLICIDADE

Para o jogo deste sábado (21), a única mudança feita por Lucas Piccinato na equipe colorada foi a entrada de Roberta Schroeder no lugar de Esquerdinha (suspensa). O Internacional repetiu sei 4-4-2 costumeiro com muita movimentação ofensiva e com Belén Aquino, Letícia Monteiro e Fabíola Sandoval procurando Priscila no comando de ataque. Mais atrás, Capelinha e Djeni protegiam a defesa. Do outro lado, o técnico Jorge Barreneche mantinha seu 4-3-3/3-2-5 no Atlético Nacional com boas inversões de jogo e Quejada quase como uma ponta pela esquerda.

PUBLICIDADE

Fato é que a equipe de Lucas Piccinato não parecia estar completamente concentrada e dava a impressão de ainda sentir o baque da eliminação para o Corinthians. Além disso, o adversário no Estádio Pascual Guerrero levava vantagem em boa parte dos duelos no meio-campo com Espinales, Restrepo, Montoya e Yoreli Rincón fechando bem o setor e acionando Manuela González mais à frente. O Atlético Nacional abusou das bolas às costas das laterais Tamara Bolt e Roberta Schroeder e gerava profundidade com a camisa nove arrastando Bruna Benites e Isa Haas para trás.

O Atlético Nacional usou bem as bolas longas no espaço às costas das laterais coloradas. O Internacional encontrou dificuldades na defesa. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT
O Atlético Nacional usou bem as bolas longas no espaço às costas das laterais coloradas. O Internacional encontrou dificuldades na defesa. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

Gabi Barbieri (que vinha de Libertadores irretocável) acabou falhando no primeiro gol do Atlético Nacional ao errar o passe na saída de bola. Na volta do intervalo, Lucas Piccinato respondeu com as entradas de Mariza e Analuyza nos lugares de Djeni e Fabíola Sandonal. Ao invés de um jogo mais cadenciado, uma postura mais vertical e mais agressiva com a posse da bola. Logo aos cinco minutos do segundo tempo, Capelinha lançou Tamara Bolt na direita (às costas de Quejada). A camisa 18 cruzou para o meio e Mary Álvarez acabou marcando contra. Parecia que as Gurias Coloradas haviam voltado para o jogo. No entanto, nem mesmo o empate foi capaz de dar tranquilidade ao Internacional.

Isso porque o Atlético Nacional ainda levava vantagem nos duelos e aproveitava as falhas do seu adversário para levar a bola ao ataque. Jorge Barreneche manteve o desenho tático básico da sua equipe na segunda etapa e baixou um pouco o bloco de marcação para atrair a defesa colorada. Aos quatorze minutos, Bruna Benites errou passe na intermediária e a bola sobrou para Geraldine Cardona (lateral que subiu para jogar como meia pela direita). A camisa oito passou para Marcela Restrepo e esta deixou Manuela González livre para tocar para o gol vazio.

PUBLICIDADE

O Internacional não levou um baque “apenas” com o segundo gol do Atlético Nacional. Gabi Barbieri teve que deixar o jogo lesionada logo depois do lance, dando lugar a Mayara Nabosne. Mas é bom destacar que esse e outros lances de perigo do escrete colombiano começaram com a marcação encaixada na saída de bola colorada. Mesmo com a linha com quatro defensoras bem postada e Capelinha se aproximando para receber o passe, as zagueiras do Internacional não tinham muitas opções. Bastou um passe errado na intermediária para que o plano de Piccinato ruísse.

A boa marcação do Atlético Nacional na saída de bola incomodou o time do Internacional. Faltou movimentar mais para gerar opções mais seguras. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT
A boa marcação do Atlético Nacional na saída de bola incomodou o time do Internacional. Faltou movimentar mais para gerar opções mais seguras. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

Carlinha e Paty Llanos ainda entraram nos lugares de Roberta Schroeder e Capelinha e o Internacional ainda desperdiçou boas chances com Belén Aquino e Mariza, mas o time não mostrou muitas forças para buscar o empate. No entanto, o que se via no Estádio Pascual Guerrero era um time nervoso demais. Ao mesmo tempo, as mexidas promovidas por Lucas Piccinato pouco mudaram o panorama do jogo. Mesmo jogando no mesmo 4-3-3 das suas adversárias, as Gurias Coloradas esbarravam nos erros de passe e nas tomadas de decisão ruins em vários momentos da partida. Enquanto isso, o Atlético Nacional ia apenas administrando o resultado e aproveitando os espaços que iam aparecendo no ataque.

As substituições promovidas por Lucas Piccinato pouco mudaram o panorama da partida. O Internacional seguiu espaçado e desorganizado em campo. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT
As substituições promovidas por Lucas Piccinato pouco mudaram o panorama da partida. O Internacional seguiu espaçado e desorganizado em campo. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

Manuela González obrigou Mayara a fazer boa defesa antes de aproveitar nova saída errada do Internacional, se livrar de Bruna Benites e Isa Haas com facilidade e passar para Marcela Restrepo acertar belo chute. Só houve tempo para Analyuza descontar depois de belo passe de Belén Aquino e mais nada. O Atlético Nacional saía de campo com um honroso terceiro lugar na Libertadores Feminina e as Gurias Coloradas com a certeza de que caíram de pé. Este que escreve não chamou o Internacional de “sensação” do torneio à toa. Por todo o contexto que envolve a estreia numa competição sul-americana, o time de Lucas Piccinato mostrou condições de competir em alto nível. Isso não é pouca coisa.

Belén Aquino, Priscila, Gabi Barbieri, Capelinha, Analuyza, Letícia Moreno, Djeni e várias outras jogadoras do elenco colorado merecem os nossos aplausos pela luta dentro de campo e pela campanha na Colômbia. Por mais que as dificuldades ainda sejam grandes e que o apoio ainda seja raro em alguns lugares, o Internacional nos mostrou que é possível chegar longe com apenas um pouco de cuidado e bom trabalho. Que esse elenco aprenda com os erros, ganhe experiência e volte ainda mais forte numa outra temporada. O futebol feminino agradece.

PUBLICIDADE