Home Futebol Santos faz bom jogo apesar da derrota para o Red Bull Bragantino e mostra condições de se livrar do Z4

Santos faz bom jogo apesar da derrota para o Red Bull Bragantino e mostra condições de se livrar do Z4

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Marcelo Fernandes e Pedro Caixinha na partida disputada nesta quinta (19)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Santos faz bom jogo apesar da derrota para o Red Bull Bragantino e mostra condições de se livrar do Z4

Raul Baretta / Santos FC

Este que escreve entende bem que a situação do Santos na tabela do Brasileirão pede cautela e máxima atenção de todos no elenco. Conquistar o máximo de pontos possível é fundamenta para livrar o Peixe da zona do rebaixamento e trazer um pouco de paz para a Vila Belmiro. Por outro lado, apesar da derrota para o Red Bull Bragantino e dos inúmeros ajustes em todos os setores da equipe (principalmente no sistema defensivo), o Santos mostrou evolução com a chegada de Marcelo Fernandes, recuperou um pouco da confiança e provou que tem penas condições de se livrar do incômodo Z4. É lógico que essa caminhada vai ser muito difícil. Mas há momentos em que é melhor ver o copo “meio cheio”.

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Os números da partida mostram que o Peixe competiu e incomodou bastante o Red Bull Bragantino (atual vice-líder do Campeonato Brasileiro). A quantidade grande de finalizações fora do alvo (sete de 26 chutes no total) deixam claro que a equipe ainda precisa controlar mais os nervos para tomar as decisões mais corretas. Ao mesmo tempo, o Santos ainda concede muito espaço na sua defesa e esse é um dos grandes problemas do time de Marcelo Fernandes. Por mais que as mexidas feitas na equipe tenham surtido efeito no segundo tempo, ainda falta consistência.

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Mas isso não quer dizer que o Peixe jogou mal. Eu e você vimos intensidade nas trocas de passe, boas triangulações e muita movimentação do trio ofensivo formado por Maxi Silveira, Marcos Leonardo e Lucas Lima. A escolha pelo esquema com três zagueiros (pelo menos até o momento) parece ser a melhor opção para qualificar a saída de bola com Dodô fazendo o papel de zagueiro pela esquerda e ganhar força pelos lados com Lucas Braga e Kevyson. Faltou atenção nos momentos decisivos e na movimentação do 4-3-3 bem organizado de Pedro Caixinha no Massa Bruta.

Os primeiros minutos do Santos na Vila Belmiro nos mostraram uma equipe que queria se lançar ao ataque o tempo todo. Lucas Lima se movimentava bastante atrás de Maxi Silveira e Marcos Leonardo e os alas apareciam bastante no campo de ataque. No entanto, a defesa (grande dor de cabeça de Marcelo Fernandes) voltou a falhar nos dois gols de Eduardo Sasha. Aos poucos, o Red Bull Bragantino foi conseguindo encontrar espaços na linha de cinco defensores do Peixe e na dificuldade que o sistema defensivo tem para controlar a profundidade (o popular “correr para trás”). Com isso, Vitinho e Matheus Gonçalves encontravam espaços generosos para receber o passe dentro da área santista.

O Santos começou bem o jogo, mas mostrou dificuldades para fechar a entrada da sua área e bloquear as linhas de passe do Red Bull Bragantino. Foto: Reprodução / Premiere
O Santos começou bem o jogo, mas mostrou dificuldades para fechar a entrada da sua área e bloquear as linhas de passe do Red Bull Bragantino. Foto: Reprodução / Premiere

Com Eduardo Sasha fazendo o papel de um “falso nove” no 4-3-3 de Pedro Caixinha, o Massa Bruta foi encontrando espaço para criar às costas dos volantes Dodi e Jean Lucas. Apesar da desvantagem no placar, o Santos seguia atacando e encontrando espaços entre os zagueiros e laterais do Bragantino. Marcelo Fernandes parece ter percebido isso e sacou de uma vez só Kevyson, Lucas Lima e Maxi Silveira para as entradas de Soteldo, Nonato e Mendoza. Ao invés do 3-5-2 do primeiro tempo, um 4-4-2 agressivo no ataque. Dodô virou lateral e o Santos cresceu no jogo.

Pedro Caixinha respondeu com Helinho, Jadsom Silva e Ramires nos lugares de Raul, Matheus Gonçalves e Matheus Fernandes respectivamente. O gol marcado pelo camisa sete logo no primeiro minuto da segunda etapa minou um pouco mais a confiança do Santos. Mesmo assim, a equipe logo se recuperou e ganhou mais mobilidade com Soteldo se movimentando por todo o setor ofensivo e abrindo espaços com muita velocidade e passes certeiros. E sempre explorando a falha de marcação entre os laterais Aderlan e Lucas Cândido e os zagueiros Luan Patrick e Léo Ortiz.

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Com Soteldo, Nonato e Mendoza, o Santos se organizou num 4-2-3-1/4-4-2 e passou a explorar ainda mais os espaços na última linha adversária. Foto: Reprodução / Premiere
Com Soteldo, Nonato e Mendoza, o Santos se organizou num 4-2-3-1/4-4-2 e passou a explorar ainda mais os espaços na última linha adversária. Foto: Reprodução / Premiere

O lance do gol santista (marcado aos quarenta minutos da segunda etapa) mostra bem como o Santos conseguiu encontrar soluções num cenário desfavorável. Soteldo (camisa dez de fato e de direito do time) recebeu a bola por dentro e viu Mendoza se lançando às costas de Aderlan. Com Júlio Furch (que havia entrado no lugar de Marcos Leonardo) dando profundidade, o Peixe conseguiu manipular a marcação do Red Bull Bragantino e diminuir o placar com Léo Ortiz jogando contra o próprio gol. Parece pouca coisa diante de uma derrota por três a um. Por outro lado, ficou claro que o Santos tem plenas condições de ser competitivo. Mesmo enfrentando adversários mais qualificados do que ele.

Soteldo recebe por dentro e faz o passe em profundidade para Mendoza no lance do único gol do Santos na partida. A equipe melhorou com as mudanças. Foto: Reprodução / Premiere
Soteldo recebe por dentro e faz o passe em profundidade para Mendoza no lance do único gol do Santos na partida. A equipe melhorou com as mudanças. Foto: Reprodução / Premiere

É lógico que a derrota dentro da Vila Belmiro abala um pouco a confiança do time. No entanto, nem mesmo o resultado ruim dentro de casa diminui a atuação do Santos. Está claro para este que escreve que a equipe de Marcelo Fernandes tem plenas condições de se livrar do Z4 e, quem sabe, até pensar numa vaga na próxima Copa Sul-Americana dependendo da situação na tabela do Campeonato Brasileiro. Ao mesmo tempo, vale lembrar também que o Peixe conseguiu encontrar soluções rápidas para todas as dificuldades que o Red Bull Bragantino apresentou na partida desta quinta-feira (19). Falta mesmo é recuperar a confiança dos jogadores e controlar os nervos. Há luz no final desse túnel.

Se repetir a intensidade e o bom jogo coletivo que apresentou contra o Red Bull Bragantino, as chances do Santos permanecer na Série A aumentam bastante. Por hora, o objetivo é claro: se livrar da zona da degola e pontuar o máximo possível. Nas próximas rodadas, o Peixe encara o Internacional fora de casa, o Coritiba na Vila Belmiro e ainda faz o clássico contra o Corinthians na Neo Química Arena. Pode ser o início da redenção definitiva do Santos. Mas somente se o time repetir as atuações que vem tendo no Brasileirão.