Home Futebol Goleada sobre o Panamá não esconde a necessidade de ajustes na Seleção Feminina

Goleada sobre o Panamá não esconde a necessidade de ajustes na Seleção Feminina

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação brasileira e as escolhas de Arthur Elias na partida desta quarta-feira (28)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Goleada sobre o Panamá não esconde a necessidade de ajustes na Seleção Feminina

Leandro Lopes / CBF

A Seleção Feminina fez aquilo que deve ser feito quando uma equipe mais forte enfrenta um adversário mais frágil. O time de Arthur Elias se impôs dentro de campo na base da qualidade técnica, venceu por 5 a 0 e garantiu a primeira posição do Grupo B da Copa Ouro Feminina Concacaf. Tudo conforme o esperado.

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No entanto, nem mesmo a goleada sobre as panamenhas esconde a necessidade de ajustes na equipe brasileira. É possível exaltar, por exemplo, as atuações de Geyse (a melhor em campo na opinião deste que escreve), Thaís, Aline Gomes e Júlia Bianchi e ficar preocupado com o lado esquerdo da defesa (onde Bia Menezes deixou a desejar na recomposição) e com a falta de intensidade de Bia Zaneratto e os constantes erros de Debinha nas tomadas de decisão.

Apesar desses problemas (e de outros que ainda serão abordados), precisamos reconhecer que a Seleção Feminina está compreendendo e executando melhor os conceitos trabalhados por Arthur Elias. Essa consolidação do estilo de jogo será ainda mais importante na fase de mata-mata da Copa Ouro.

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Seleção Feminina domina o Panamá e novatas roubam a cena

Arthur Elias seguiu com as observações e fez nove mudanças na sua equipe. A formação básica (3-4-3) tinha Aline Gomes e Bia Menezes nas alas, Bia Zaneratto, Debinha e Geyse no ataque, Ary Borges e Júlia Bianchi por dentro, Thaís se juntando a Lauren e Rafaelle no trio defensivo e Gabi Barbieri no gol.

Com a posse da bola, o 3-4-1-2 se transformava num 3-2-5 com muita presença ofensiva, triangulações e boas trocas de passe.

A Seleção Feminina goelou o Panamá jogando num 3-4-1-2/3-2-5 de muita intensidade no ataque e trocas rápidas de passe. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
A Seleção Feminina goelou o Panamá jogando num 3-4-1-2/3-2-5 de muita intensidade no ataque e trocas rápidas de passe. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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A fragilidade do adversário fez com que a equipe perdesse a concentração em alguns momentos, mas nada que comprometesse o jogo. Só que o escrete canarinho mostrou que vem executando melhor alguns dos preceitos defendidos por Arthur Elias, como a pressão pós-perda, a intensidade nas trocas de passe e extensa ocupação do campo de ataque. Um bom exemplo disso são as seis jogadoras dentro da área no lance que originou o segundo gol do Brasil.

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O Brasil colocou seis jogadoras dentro da área do Panamá no lance do gol marcado por Bia Menezes aos dez minutos de jogo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
O Brasil colocou seis jogadoras dentro da área do Panamá no lance do gol de Bia Menezes (logo aos dez minutos de partida). Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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A vantagem no placar permitiu que Arthur Elias fizesse mais testes na Seleção Feminina. Com Gabi Nunes, Antônia, Vitória Yaya, Adriana e Duda Santos em campo, a equipe passou a jogar no 4-2-4/4-4-2 utilizado na estreia contra Porto Rico.

O Brasil manteve a postura ofensiva no ataque e poderia até ter feito mais gols se não fossem as tomadas de decisão erradas e um certo preciosismo em alguns lances. Mesmo assim, o resultado foi justo.

Debinha e Adriana pelos lados, volantes vindo por dentro e Geyse se juntando a Gabi Nunes no ataque. O Brasil emulou um 4-2-4. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Debinha e Adriana pelos lados, volantes vindo por dentro e Geyse se juntando a Gabi Nunes no ataque. O Brasil emulou um 4-2-4. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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O placar elástico já era esperado por conta da diferença técnica e tática entre as duas equipes. No entanto, muitos tinham receio de que a Seleção Feminina fosse repetir a atuação burocrática da partida contra Porto Rico na estreia.

Para nossa alegria, vimos uma postura diferente. Aos poucos, as jogadoras vão compreendendo o que Arthur Elias pede em cada momento do jogo. Faz parte do processo nesse início de ciclo.

O que ainda não funciona na Seleção Feminina?

Conforme mencionado no início desta humilde análise, a fragilidade do adversário desta quarta-feira não esconde a necessidade de ajustes na Seleção. O primeiro deles está no sistema defensivo. Embora seja muito participativa no apoio, Bia Menezes deixou espaços demais às suas costas.

Fosse o Panamá um adversário mais qualificado, isso teria sido um problema grande para o Brasil. Notem que esse tem sido o lado mais frágil da defesa brasileira não é de hoje.

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Ao mesmo tempo, fica mais e mais difícil defender a manutenção de Bia Zaneratto e Debinha no time titular. Mesmo com as assistências e o gol da camisa sete, a dupla poderia chamar mais a responsabilidade em uma equipe formada por muitas jogadoras jovens. Enquanto isso, nomes como Gabi Nunes e (principalmente) Geyse, pedem passagem e deixam sua marca na equipe.

A fase final da Copa Ouro Feminina vai exigir muito mais do que “grife” de algumas atletas que seguem no grupo. A tendência é que Arthur Elias comece a tomar decisões importantes (ja visando a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris 2024) a partir de agora.

Uma Seleção Feminina mais competitiva e menos “firulenta” é mais do que necessário para ir longe nesta e em outros torneios. E quem sabe até brigar por mais uma medalha para a coleção.

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