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SPFC leva a Supercopa do Brasil usando o lema de Abel Ferreira como mantra

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o Tricolor Paulista de Thiago Carpini conseguiu travar o Palmeiras no Mineirão

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
SPFC leva a Supercopa do Brasil

São Paulo leva a Supercopa - Rubens Chiri / São Paulo FC

“Cabeça fria e coração quente”. O lema adotado pelo técnico Abel Ferreira no Palmeiras nesses últimos quatro anos virou uma espécie de mantra no São Paulo. Mesmo com desfalques importantes, o Tricolor Paulista segurou o atual campeão brasileiro e ficou com o título da Supercopa do Brasil.

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E não, não é exagero deste que escreve. O escrete comandado por Thiago Carpini superou todo tipo de problema na partida deste domingo (5) e conseguiu travar o escrete comandado por Abel Ferreira no Mineirão. É verdade que a partida acabou marcada pelas poucas chances de gols e por muita disputa no meio-campo. No entanto, brilhou a estrela do goleiro Rafael, com defesas importantíssimas no tempo normal e na disputa por penalidades.

Vale também destacar o início de trabalho de Thiago Carpini. É preciso ter sabedoria para ceder à vontade de colocar a sua “assinatura” numa equipe de futebol depois de receber o time de Dorival Júnior. O treinador de 39 anos fez alguns ajustes e manteve o nível alto de competitividade do São Paulo.

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Muita disputa no meio-campo e poucas chances de gol

O São Paulo já sofreu um golpe duro antes mesmo de entrar em campo. Lucas Moura sentiu no aquecimento e teve que ser substituído por Nikão (que foi jogar no lado esquerdo do 4-2-3-1 de Thiago Carpini). Do outro lado, Abel Ferreira repetia o 4-2-3-1 que virava um 3-4-1-2 dependendo do posicionamento de Marcos Rocha e Mayke. O Palmeiras tentava ficar mais com a bola e o Tricolor Paulista apostava nas bolas longas para Calleri brigar lá na frente.

Formação inicial das duas equipes no Mineirão. Nikão substituiu Lucas Moura no São Paulo e o Abel Ferreira manteve seu esquema "híbrido" no Palmeiras.
Formação inicial das duas equipes no Mineirão. Nikão substituiu Lucas Moura no São Paulo e o Abel Ferreira manteve seu esquema “híbrido” no Palmeiras.

Nem é preciso dizer que o São Paulo sentiu muito o desfalque do seu principal jogador no começo da partida. No entanto, quando passou a acelerar as jogadas pelo lado direito com Wellington Rato e as descidas de Alisson e Luciano por dentro (às costas de Zé Rafael e Richard Ríos), o Tricolor Paulista conseguiu encontrar espaço para criar chances de gol. Principalmente quando Gustavo Gómez ou Marcos Rocha saltavam para a pressão.

Wellington Rato recebe, Calleri "prende" Gustavo Gómez, Luciano avança e Alisson infiltra. O São Paulo criou chances. Foto: Reprodução / Globo / GE
Wellington Rato recebe, Calleri “prende” Gustavo Gómez, Luciano avança e Alisson infiltra. O São Paulo criou chances. Foto: Reprodução / Globo / GE

Do outro lado, o Palmeiras tentava explorar os cruzamentos buscando Flaco López dentro da área e os lançamentos para Piquerez, Rony e Mayke às costas de Rafinha e Wellington. Mas tudo sem muito sucesso. O São Paulo bloqueava bem os espaços, cedia pouco espaço e levava perigo nos contra-ataques. Nesse quesito, o melhor “desafogo” do time de Thiago Carpini era Wellington Rato saindo da direita para dentro para jogar quase como um meio-campista.

Wellington Rato foi o "desafogo" do São Paulo. Ele recebia na direita e Calleri, Nikão e Luciano atacavam a última linha. Foto: Reprodução / Globo / GE
Wellington Rato foi o “desafogo” do São Paulo. Ele recebia na direita e Calleri, Nikão e Luciano atacavam a última linha. Foto: Reprodução / Globo / GE

O Palmeiras ainda conseguiu levar perigo em finalização de Rony logo no começo da partida, em escapada de Mayke às costas de Wellington (ambas defendidas de forma brilhante pelo goleiro Rafael) e em cabeçada de Raphael Veiga que tirou tinta da trave esquerda. O time de Abel Ferreira até conseguia levar perigo, mas a impressão deste que escreve era a de que o São Paulo se superava dentro de campo. Muita intensidade e obediência tática.

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Palmeiras melhora no segundo tempo e Rafael brilha nas penalidades

Com Michel Araújo no lugar de Nikão, o São Paulo voltou do intervalo ainda mais fechado e disposto a aproveitar os contra-ataques. No entanto, o Palmeiras iniciou a segunda etapa com muita intensidade e já desperdiçou uma ótima chance com Flaco López logo aos quatro minutos. A “dobradinha” formada por Marcos Rocha e Mayke levava ampla vantagem no lado direito de ataque e exigia ainda mais dos volantes Pablo Maia e Alisson na cobertura.

Marcos Rocha toca, Mayke ultrapassa, Raphael Veiga infiltra e Flaco López aparece por trás de Rafinha. O Palmeiras voltou melhor. Foto: Reprodução / Globo / GE
Marcos Rocha toca, Mayke ultrapassa, Raphael Veiga infiltra e Flaco López aparece por trás de Rafinha. O Palmeiras voltou melhor. Foto: Reprodução / Globo / GE

No entanto, o Palmeiras também sentia a ausência de Endrick. Sem a jovem promessa (que está com a Seleção Olímpica), o time de Abel Ferreira perdeu muito da sua presença de área. E mesmo quando o São Paulo já setia o cansaço e sacava jogadores extenuados e lesionados, o escrete alviverde não conseguia levar mais tanto perigo. E foi jogando numa espécie de 4-5-1 (com Calleri isolado lá na frente) que o Tricolor Paulista conseguiu se segurar.

Galoppo, Erick, Moreira e Ferreira entraram no segundo tempo e ajudaram a segurar o Palmeiras no 4-5-1 proposto por Thiago Carpini. Foto: Reprodução / Globo / GE
Galoppo, Erick, Moreira e Ferreira entraram no segundo tempo e ajudaram a segurar o Palmeiras no 4-5-1 proposto por Thiago Carpini. Foto: Reprodução / Globo / GE

Com a igualdade no placar, quem brilhou na decisão por penalidades foi o goleiro Rafael, com as defesas das cobranças de Murilo e Piquerez. O lema “cabeça fria e coração quente” foi apropriado pelo São Paulo numa decisão de poucos lances de gol e muito nervosismo dentro de campo. O Tricolor Paulista soube se superar num contexto bastante desfavorável e levantou o primeiro título de 2024 (e com todos os méritos).

Sequência da temporada de “cabeça fria e coração quente”

Iniciar o ano com um título (ainda que não tenha o mesmo peso de uma Copa do Brasil ou de um Brasileirão) é sempre bom para quem quer que seja. No São Paulo, a Supercopa do Brasil acaba ganhando uma importância maior por conta dos últimos anos. Ao mesmo tempo, Thiago Carpini ganha ainda mais confiança nesse seu início de trabalho no Tricolor Paulista. E a tendência é que o elenco vá ganhando mais consistência no decorrer da temporada.

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O lema tão repetido por Abel Ferreira foi muito bem usado no São Paulo. Ver como todo o time superou as adversidades e levantou mais uma taça dá a esperança de que o clube pode se recolocar na primeira prateleira do futebol brasileiro com a mesma cabeça fria e o mesmo coração quente que vimos nessa Supercopa do Brasil.