Home Futebol Algoz do Vasco, Bill é alvo de intolerância religiosa após gol do Nova Iguaçu

Algoz do Vasco, Bill é alvo de intolerância religiosa após gol do Nova Iguaçu

Jogador presta uma pequena homenagem ao orixá Oxossi em seus gols; Carrossel da Baixada Fluminense enfrentará o Flamengo na final

Bruno Bravo Duarte
Jornalista e editor com atuação nos portais Torcedores.com e Naspistas.com. Teve passagens por Euqueroinvestir.com, Jornal Povo, Niterói TV, Jornal A Orla e Jornal do Rock. Apaixonado por futebol e automobilismo, torcedor do América-RJ, tifosi de carteirinha e Youtuber nas horas vagas.
Bill - Nova Iguaçu

Jogador presta homenagem a orixá ao comemorar os seus gols (Reprodução - Nova Iguaçu - Twitter)

Bill marcou o gol da vitória do Nova Iguaçu sobre o Vasco no último final de semana, quando as duas equipes disputaram a semifinal do Campeonato Carioca, no Maracanã. O jogador fez o gesto do arco e flecha ao celebrar o tento e a referência ao orixá Oxossi, do candomblé, não agradou aos torcedores.

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Enquanto alguns questionavam a fé do atleta, Bill exclamava ao celebrar o gol: “Nunca foi sorte, sempre foi meu pai Oxóssi”. O jogador abordou o assunto em uma entrevista ao Globo Esporte.

“A comemoração representa minha mudança como ser humano. Eu morri para o mundo e renasci para o meu lado espiritual. Eu me sinto muito melhor. A fé está em todas as áreas da minha vida, no lado profissional, pessoal, psicológico. A importância é máxima. É uma coisa que vou continuar fazendo, vou levar para o resto da vida. E quem não gostar, vou fazer o quê? Só precisam me respeitar”, revelou.

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Fé dentro do Nova Iguaçu

A fé contribuiu em um maior desenvolvimento de Bill como volante. O jogador é filho de Mãe Carla, uma Ialorixá de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. O presidente do clube Jânio Moraes abordou o assunto, solicitando um maior diálogo ecumênico e inter-religioso na sociedade.

“A gente tem que saber conviver. É uma coisa natural. Ele usa isso e também faz a oração com os jogadores, puxa as mensagens antes dos jogos. É uma prova de que ele convive junto com a gente. Por que a gente não pode conviver com o que ele pensa?”, revelou o mandatário, que pratica a fé católica.

O treinador do Carrossel da Baixada, Carlos Vitor, também emitiu a sua opinião sobre a prática de fé do jogador. O técnico é evangélico, frequentador de uma Igreja Assembléia de Deus.

 “A gente não está aqui para julgar ninguém. A gente precisa respeitar a escolha de ninguém. Deus não faz acepção de pessoas. É muito natural entre os jogadores essas diferenças. O importante é cumprirmos o nosso propósito”, afirmou.

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O Nova Iguaçu conquistou uma classificação inédita à final do Campeonato Carioca. A Laranja Mecânica terá como próximo adversário o Flamengo, que eliminou o Fluminense na outra semifinal. Bill torce por um título e prometeu comemorar ao seu estilo caso seja o autor do gol.

“A gente só vai conseguir combater se continuar tendo cada vez menos vergonha de quem nós somos, do que nós somos. Isso serve para qualquer situação: intolerância religiosa, racial. Fica um pouco um sentimento de tristeza pela intolerância das pessoas. Mas a gente tem que continuar batendo nessa tecla porque um dia essa situação acaba”, finalizou.