Dimitri Payet - Leandro Amorim / Vasco
Ainda é cedo para afirmar se o Vasco finalmente vai entrar na briga por títulos importantes ou se vai continuar como coadjuvante diante dos rivais, ou até pior. Seja como for, a equipe comandada pelo técnico Ramón Díaz vem evoluindo. E essa melhora de desempenho passa diretamente pelos pés do craque francês Dimitri Payet.
É verdade que o camisa 10 cruzmaltino já não tem o mesmo vigor físico dos seus tempos de Lille, West Ham e Olympique de Marselha. No entanto, seu impacto no time é significativo. Principalmente por conta da sua qualidade técnica e da sua inteligência tática. O Gigante da Colina hoje compete muito mais do que em outros anos por conta da qualidade do jogador com e sem a bola, e da forma como o treinador aproveita todo esse repertório de jogadas dentro de seu time.
A presença do francês em campo também ajuda a potencializar outros jogadores como Lucas Piton, Galdames, Sforza e até mesmo os veteranos Vegetti e Medel. Todas as jogadas do Vasco passam pelos pés de Payet e não teria como ser diferente. E a grande notícia para a torcida é que ele já assumiu o papel de protagonista.
O papel de Dimitri Payet no esquema tático de Ramón Díaz
A goleada sobre a Portuguesa-RJ contou com o toque de classe do craque no 3-4-2-1 proposto por Ramón Díaz. Jogando mais pelo lado esquerdo, o atleta busca sempre o espaço vazio como uma espécie de “ponta-armador”. Ele pode explorar a linha de fundo (como o fez diversas vezes), pode abrir o corredor para as subidas de Piton (ou de um dos volantes), ou simplesmente explorar o entrelinhas do adversário.

É interessante notar que Payet não é apenas o “ponta-armador” do lado esquerdo. Às vezes se comporta como uma espécie de “enganche” aparecendo atrás de Vegetti e até mesmo pela direita, ocupando o setor que era de Adson e iniciando as jogadas de ataque a partir daquele lado. Os 36 anos de idade podem pesar na parte física, mas a experiência, a facilidade para encontrar espaços e servir os companheiros são os grandes diferenciais do camisa 10.

Por conta da qualidade técnica altíssima e da habilidade que tem para servir os companheiros, é mais do que natural que o jogador sirva de referência da equipe para ultrapassagens. Os gols marcados por Vegetti e David mostram bem como o francês atrai a marcação e espera até o último momento para fazer o passe em profundidade. No caso do terceiro gol cruzmaltino, quatro marcadores da Portuguesa-RJ tentam interceptar o passe na intermediária.

E não é só no esquema com três zagueiros que Payet mostra suas qualidades. A reta final da partida disputada neste domingo (03) nos mostrou o escrete de São Januário se comportando bem num 4-3-3 bastante organizado com o astro jogando na sua (pelo lado esquerdo de ataque) e Mateus Carvalho (o Matheus “Cocão”) protegendo a dupla de zaga com muita firmeza. É mais uma alternativa interessante diante da maratona de jogos que está por vir.

Notem que todos os gols do Vasco na vitória sobre a Portuguesa-RJ tiveram a participação direta ou indireta do francês. E isso não é pouca coisa. Ainda mais para um time que sofreu demais na temporada passada justamente por causa da ausência dessa referência técnica dentro de campo. Se o Gigante da Colina consegue competir num nível mais alto e até criar um bom repertório de jogadas ofensivas, muito se deve ao futebol apresentado por Dimitri Payet.
Já é possível esperar algo a mais do Vasco nessa temporada?
A ótima fase de seu camisa 10, os gols de Vegetti e as boas atuações da equipe cruzmaltina levam à pergunta acima. Depois de sofrer com times pouco competitivos e de muito qualidade escassa, o torcedor começa a se perguntar se o calvário finalmente chegou ao fim. Difícil responder com clareza, já que a temporada ainda está no início e muita coisa pode condicionar as principais competições do ano, como as convocações para as seleções nacionais.
Certo é que o Vasco já mostrou uma certa evolução nos jogos recentes quando comparado ao que vimos no ano passado. A atuação nos clássicos contra Flamengo, Fluminense e Botafogo e contra o Marcílio Dias (pela Copa do Brasil) comprovam essa tese. E sempre com Dimitri Payet atuando como referência técnica e se tornando o ponto de desequilíbrio da equipe.
A potencialização dos jogadores mais jovens e o crescimento dos mais experientes também passa pelo futebol do craque. O francês de quase 37 anos pode não ter o mesmo vigor físico e o mesmo fôlego das suas melhores temporadas. Por outro lado, o camisa 10 vem mostrando jogo a jogo porque a torcida do Olympique de Marselha protestou contra sua saída junto à diretoria do clube. O Cruzmaltino mostra estar no caminho certo. E as atuações de seu astro provam isso.

