Home Futebol Fluminense usa qualidade do elenco para vencer a Recopa e exorcizar o fantasma da LDU

Fluminense usa qualidade do elenco para vencer a Recopa e exorcizar o fantasma da LDU

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação da equipe tricolor e as escolhas de Fernando Diniz na conquista de mais uma taça

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Fluminense usa qualidade do elenco para vencer a Recopa e exorcizar o fantasma da LDU

Marina Garcia / Fluminense FC

Este que escreve havia lembrado que as atuações ruins do Fluminense contra o Flamengo e a mesma LDU haviam ligado o alerta no clube. Menos mal que a história foi diferente na noite desta quinta-feira (29), pois mais de 61 mil torcedores viram a equipe de Fernando Diniz conquistar a Recopa Sul-Americana.

PUBLICIDADE

Mas não pensem que o Tricolor das Laranjeiras encontrou facilidade. A LDU aproveitou a vantagem obtida no jogo de ida em Quito e exigiu do Flu boas doses de paciência, força mental e concentração para furar a retranca (e a catimba) imposta por Josep Alcácer. Embora os números mostrem o domínio quase completo do Fluminense, a partida se mostrou muito mais complicada do que qualquer estatística possa mostrar.

Só que os mais antigos lembram (com muita sabedoria) que finais não se jogam; finais se vencem. E foi isso que o Fluminense fez no Maracanã. Se Jhon Arias decidiu no ataque com dois gols, a qualidade do elenco tricolor foi fundamental para se exorcizar o fantasma da LDU de uma vez por todas.

LDU “estaciona o ônibus” e abusa da cera

Se Marcelo não estava disponível para começar jogando, Fernando Diniz teve o retorno de Samuel Xavier na lateral-direita e manteve o seu 4-2-3-1 básico no Fluminense. No entanto, a LDU entrou em campo com uma postura bem diferente daquela que vimos em Quito. Em vez da marcação alta, Josep Alcácer “estacionou o ônibus” na frente da área para negar espaços por dentro e explorar os contra-ataques com Jan Hurtado e Estupiñán.

O Fluminense sofreu o "ônibus estacionado" na área da LDU mesmo com a inversão do 4-2-3-1 para um 2-4-4 no primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
O Fluminense sofreu o “ônibus estacionado” na área da LDU mesmo com a inversão do 4-2-3-1 para um 2-4-4 no primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Além da conhecida variação do 4-2-3-1 para um 2-4-4, Fernando Diniz apostou em jogadores mais fixos pelos lados (Keno e Jhon Arias) para abrir última linha da LDU.A conhecida e já bastante mencionada “paralela cheia” foi vista na melhor chance da equipe tricolor na primeira etapa, com Ganso iniciando a jogada que terminou com o chute prensado de Cano dentro da área. No entanto, faltava um pouco mais de objetividade ao Flu.

Ganso inicia a jogada com cinco jogadores próximos dele e Keno aberto pela esquerda. O Flu cresceu no final do primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Ganso inicia a jogada com cinco jogadores próximos dele e Keno aberto pela esquerda. O Flu cresceu no final do primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

De fato, o Fluminense era superior. No entanto, a equipe carioca encontrava problemas para impor seu ritmo por conta da boa marcação da LDU na frente da área (destaque para o ótimo Zambrano), pelo excesso de cruzamentos para a área buscando Germán Cano (que esteve noite mais discreta no Maracanã) e pela cera irritante do time equatoriano. Nesse ponto, o trio de arbitragem comandado pelo argentino Facundo Tello foi bastante conivente.

PUBLICIDADE

Fluminense cresce com as mudanças e Jhon Arias tem dia de artilheiro

Como já é costume no Tricolor das Laranjeiras depois de quase todos os intervalos de jogo, Fernando Diniz sacou Felipe Melo para a entrada de John Kennedy com André sendo recuado para a zaga. O 4-2-4 ganhou ainda mais fluência no ataque com as saídas de Keno, Diogo Barbosa e Ganso para as entradas de Douglas Costa, Marcelo e Renato Augusto. O Flu passou a atacar a LDU com cinco jogadores e ganhou superioridade numérica no setor.

Douglas Costa, Marcelo e Renato Augusto entraram no segundo tempo e deram mais qualidade à linha de cinco atacantes do Fluminense. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Douglas Costa, Marcelo e Renato Augusto entraram no segundo tempo e deram mais qualidade à linha de cinco atacantes do Fluminense. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Com mais qualidade em campo, o Fluminense tratou de empurrar a defesa da LDU ainda mais para trás. John Kennedy e Cano ganhavam a companhia de Renato Augusto por dentro com Douglas Costa mais à direita e Jhon Arias pela esquerda. O gol do alívio saiu aos 30 minutos da segunda etapa com Samuel Xavier vendo o camisa 21 se lançando às costas do lateral Quintero. O cruzamento perfeito encontrou o colombiano livre de marcação próximo da pequena área.

Douglas Costa inicia a jogada e Samuel Xavier coloca a bola na cabeça de Jhon Arias, que se lançava às costas da defesa da LDU Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Douglas Costa inicia a jogada e Samuel Xavier coloca a bola na cabeça de Jhon Arias, que se lançava às costas da defesa da LDU. (Reprodução / YouTube / ESPN Brasil)

A tola expulsão de John Kennedy não diminuiu o ímpeto do Fluminense, que chegou ao segundo gol através de penalidade sofrida por Renato Augusto e muito bem convertida por Jhon Arias (o nome da partida) aos 45 minutos. Daí para o final do jogo, a equipe comandada por Fernando Diniz se fechou na frente da área e expôs a falta de argumentos táticos de uma LDU que veio ao Rio de Janeiro pensando apenas em se defender. Vitória justíssima.

Fantasma exorcizado e mais um título para Fernando Diniz

Além de adicionar mais um título inédito à sua extensa galeria, o Fluminense exorcizou o fantasma da LDU que rondava o clube desde os vices na Libertadores de 2008 e na Copa Sul-Americana de 2009 (ambos em finais disputadas no Maracanã). Não deixa também de ser uma redenção tricolor depois das dúvidas que pairavam sobre a equipe nesse início de ano. O Flu levou a Recopa na base da qualidade e da garra que vimos nos jogos decisivos do ano passado.

PUBLICIDADE

O exorcismo do fantasma da LDU também pode ser considerado mais um “título” de Fernando Diniz. No meio de tantas coisas faladas sobre o treinador do Fluminense, poucos se esquecem de duas das suas principais características: a gestão do elenco e a confiança no processo. O Flu hoje figura entre as melhores equipes do continente graças a ele. Sem exagero de nenhuma parte.

Depois de um início meio incerto por conta de atuações irregulares em clássicos, o Fluminense retoma o protagonismo jogando o mesmo futebol vistoso e aguerrido que foi uma das suas marcas registradas na histórica temporada de 2023. E o leque maior de opções no elenco tricolor é mais um aliado de Fernando Diniz nessa temporada que se inicia. Principalmente quando a necessidade de se “tirar coelhos da cartola” for a mesma da noite histórica desta quinta-feira (29).