Home Extracampo Julgamento de Gabigol detalha conduta de jogador do Flamengo e tem acusação contra coletores: “Maliciosos”

Julgamento de Gabigol detalha conduta de jogador do Flamengo e tem acusação contra coletores: “Maliciosos”

Audiência que definiu suspensão do jogador do Rubro-Negro por suposta fraude em exame antidoping teve divergência na votação

Matheus Camargo
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaborador do Torcedores.com desde 2016. Radialista na Paiquerê 91,7.
Gabigol, Flamengo

Gabigol em treino do Flamengo (Gilvan de Souza / Flamengo)

O Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem suspendeu Gabigol, do Flamengo, por fraude em exame antidoping em 25 de março e impôs uma punição de dois anos ao atleta, que será cumprida até abril de 2025. O placar foi de 5 votos a 4 e mostrou divisão entre os membros do tribunal. O Ge publicou em seu site as páginas do acórdão e os detalhes do caso, além de como votou cada um dos auditores.

PUBLICIDADE

O presidente do TJD-AD, João Antonio de Albuquerque e Souza, destacou um “somatório de quatro condutas de desconformidade”, o que segundo ele “não deixa dúvidas sobre uma intenção de impedir a coleta”. Ele foi o último a votar e desempatou.

Mesmo com a divergência pela condenação, o que ficou claro para todos os nove auditores foi que o comportamento de Gabigol foi rude e grosseiro. Para dar seu voto a favor da condenação, o auditor Vinicius Loureiro Morrone destacou um trecho dos autos sobre o comportamento do atleta.

PUBLICIDADE

“Em razão da tentativa de cumprir sua obrigação, o Oficial de Controle de Dopagem buscou formas de visualizar a coleta, momento em que o atleta proferiu as seguintes palavras: “Porra, você quer ver meu p…?””, teria dito o jogador.

“Em seguida, atirou o recipiente, vazio, sobre a pia, deixando o banheiro e se dirigindo à estação de coleta; nesse momento, o atleta mandou todos “se f…”, e disse que iria para um quarto que existe no centro de treinamento”, ressaltou o auditor.

O presidente do tribunal destacou posteriormente as quatro condutas consideradas em desconformidade cometidas por Gabigol.

“1 – Que o atleta denunciado não se apresentou e ignorou os oficiais de controle de dopagem antes do início do treinamento; (…) 2 – Que, após o treino, ele foi almoçar e demorou para se apresentar à equipe de controle de dopagem, tendo evitado a presença dos oficiais em vários momentos, o que teria impossibilitado a devida e completa escolta; (…) 3 – Que o atleta teria dificultado a coleta da urina ao ficar de costas para o oficial de controle de dopagem e não permitir plena visualização durante o procedimento; (…) 4 – Que, após o atleta ter coletado a urina, ele teria descumprido com as orientações dos oficiais de controle de dopagem ao deixar o vaso coletor aberto e destampado e ter retornado ao banheiro para terminar de urinar”

PUBLICIDADE

Vice-presidente do tribunal disse que coletores tiveram comportamento “malicioso” com Gabigol em exame no Flamengo

Um dos votos contra a condenação que chamou a atenção, porém, foi de Selma Fátima Melo da Rocha. A vice-presidente do TJD-AD criticou os coletores envolvidos no episódio e chegou a apontar ‘malícia’ na conduta dos fiscais que visitaram o Flamengo.

“Ora afirmam que foram impedidos de escoltar o Atleta, ora negam este fato. Cada DCO imputa ao outro a responsabilidade de escoltar o Atleta ao quarto. O DCO tem a obrigação de acompanhar o Atleta. Era responsabilidade deles, independentemente de qualquer situação apresentada”, declarou Selma Fátima Melo da Rocha.

“Ressalta-se que eles sequer tinham número suficiente de DCOs para acompanhar todos atletas que foram testados naquele dia”, destacou a auditora do tribunal sobre os oficiais.

“Fica evidente, portanto, que eles estão mentindo, devendo o depoimento deles ser totalmente descartado”, afirmou a vice-presidente durante seu voto favorável à inocência do camisa 10 do Rubro-Negro.

PUBLICIDADE

“Vislumbro um comportamento malicioso por parte dos DCOs para incriminar o Atleta a qualquer custo. Mas para ser incriminado, devem ser apresentados fatos gravíssimos, o que não houve no caso em tela”, analisou Selma Fátima.