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Seleção Feminina apresenta evolução, mas segue pecando no aspecto mental

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas do técnico Arthur Elias, do Brasil, em jogo contra o Canadá na SheBelieves Cup

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Seleção Feminina apresenta evolução, mas segue pecando no aspecto mental

Depois do empate em um a um no tempo normal, o Brasil acabou derrotado pelo Canadá nas penalidades. Foto: Lívia Villas Boas / CBF

O Brasil não fez uma partida ruim contra o Canadá no último sábado (06), quando as duas seleções se enfrentaram pela SheBelieves Cup. Em campo, as comandadas do técnico Arthur Elias apresentaram certa evolução no comparativo com o vice campeonato conquistado na Copa Ouro.

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No entanto, o Brasil ainda sofre com o aspecto mental em campo. As meninas tupiniquins pecaram no quesito frieza e a falta de poder de decisão levou a partida para as penalidades. Cenário semelhante ao que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando as brasileiras decidiram a classificação contra as canadenses nos pênaltis.

Vale ressaltar que existe maior compreensão dos fundamentos que são transmitidos pelo treinador. Esse fator precisa ser absorvido pelas jogadoras, tanto as “veteranas” como as “novatas”. Não é de hoje que o Brasil precisa tirar um peso das costas toda vez que entra em campo.

Arthur Elias aposta nas novatas e Seleção faz bom primeiro tempo

A escalação inicial da seleção feminina não deixou de ser uma boa surpresa para Arthur Elias. O técnico apostou nas entradas de Ana Vitória ao lado de Yaya na “volância” e Priscila, Jheniffer e Ludmila formando o trio ofensivo. A atacante do Atlético de Madrid puxou os contra-ataques brasileiros.

Do outro lado, Bev Priestman também optou pelo 3-4-3 como esquema tático. O destaque do Canadá foi Deanne Rose, que contou com o auxilio de Hiutema e Leon no ataque. Fleming articulou o meio-campo, dando maior fluidez para o time da América do Norte.

Formações iniciais de Brasil e Canadá
Formação inicial das duas equipes. Arthur Elias apostou num time mais jovem e mais leve para encarar os duelos físicos contra o organizado Canadá de Bev Priestman.

É verdade que a seleção feminina sofreu um pouco no começo do jogo. Principalmente com as bolas lançadas entre alas e zagueiras no 3-4-3/5-2-3 de Arthur Elias. O estilo de jogo canadense expôs uma maior fragilidade no meio de campo brasileiro. Fleming e Lacasse conseguiram superar a marcação, levando perigo à meta verde e amarela.

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Formação defensiva da Seleção Feminina
Fleming e Lacasse recebiam o passe no meio-campo quase sempre livres de marcação. A Seleção Feminina demorou a se acertar. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GOAT

As melhores jogadas do Brasil saíram dos pés de Ludmila, uma espécie de referência no 3-4-3 adotado pelo técnico Arthur Elias. Vale lembrar que foi a camisa sete quem sofreu a penalidade convertida por Tarciane aos 21 minutos da primeira etapa. Além disso, era ela quem articulava os contra-ataques brasileiros.

Contra-ataque da Seleção Feminina
Ludmila foi a referência móvel da Seleção Feminina. Era ela quem abria espaço para as infiltrações e arrastava a zaga canadense. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GOAT

Apesar das falhas nas tomadas de decisão, o Brasil se comportava bem e conseguia travar as saídas do seu forte adversário. A impaciência e a falta de precisão em finalizações foram alguns dos obstáculos sofridos pelo Brasil durante o primeiro tempo.

Seleção Feminina desperdiça chances e sofre castigo nas penalidades

O Brasil explorou as bolas longas para Gabi Portilho durante a segunda etapa. A jogadora conseguiu superar Becki no canto direito do ataque. A dupla formada por Priscila e Ludmila também foi essencial neste processo, auxiliando nas transições rápidas.

Mais um contra-ataque da Seleção Feminina
Priscila baixava para armar as jogadas, Yaya atacava o espaço e Gabi Portilho explorava as costas da última linha do Canadá. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GOAT

O bom momento do Brasil foi neutralizado pela falta de concentração em campo. O gol de Vanessa Gilles se originou em uma jogada de bola aérea, um velho problema do time comandado por Arthur Elias.

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Em busca do empate, o treinador tentou responder com as entradas de Angelina, Marta e Cristiane. A aposta na experiência das duas lendas do futebol feminino não funcionou como o esperado. O Brasil sofreu com a perda de mobilidade, ficando refém de bolas levantadas na área.

Desgastadas, Priscila, Yaya e Yasmin conseguiram focar em um estilo mais defensivo, mantendo a igualdade no marcador.

Formação ofensiva da Seleção Feminina depois das entradas de Marta e Cristiane
Marta e Cristiane foram para o jogo, mas a Seleção Feminina perdeu mobilidade e não conseguiu sair da marcação do Canadá. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GOAT

No campo de ataque, o Brasil pecou em suas finalizações e sucumbiu diante da boa atuação da goleira Sheridan, o que levou a partida para a decisão por pênaltis. Mais uma vez, o escrete canarinho sofreu com o aspecto emocional, o que resultou em sua eliminação da SheBelieves Cup.

Mais uma vitória que escapa por conta do aspecto mental

Se pegarmos apenas o recorte dos jogos da seleção feminina sob o comando de Arthur Elias, veremos que as derrotas para as equipes do Top 10 da FIFA aconteceram por falta de concentração e problemas nas tomadas de decisão.

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Pelo menos, para este que escreve, o Brasil mostrou condições de competir e de criar problemas para seus adversários. A seleção verde e amarela apresentou os mesmos obstáculos contra os mesmos adversários nos três últimos comandos: Vadão, Pia Sundhage e Arthur Elias.

O discurso do “resgate do jogo bonito da seleção feminina” ficou no passado diante de tantas frustrações recentes e outras mais antigas. Não adianta trazer um discurso novo se as falhas continuam sendo provocadas pelas mesmas pessoas.