Gabriel Magalhães é titular da Seleção Brasileira (Credit: Celso Pupo/FotoArena/Alamy Live News)
A Conmebol estuda uma mudança profunda no sistema de classificação para a Copa do Mundo de 2030. A entidade discute a criação de uma espécie de “Liga de Nações” sul-americana que funcionaria como eliminatórias. O torneio teria taça, premiação em dinheiro e calendário semelhante ao atual, algo essencial para atender aos interesses das federações.
O debate ganhou força porque Argentina, Paraguai e Uruguai já têm vagas garantidas como países-sede da abertura do Mundial. Mesmo assim, a Conmebol quer que essas três seleções participem normalmente do processo classificatório, mantendo relevância e receitas.
Por que a mudança é estudada
A entidade tenta conciliar dois pontos considerados essenciais pelas federações sul-americanas. O primeiro é preservar o modelo atual, em que cada seleção joga nove vezes como mandante. Esse formato é visto como indispensável para garantir renda com bilheteria e direitos de transmissão. O segundo é encontrar uma maneira de estimular a participação de Argentina, Paraguai e Uruguai, já classificados automaticamente para 2030.
A criação de um campeonato com título oficial e prêmios financeiros surge como alternativa para atrair as seleções que não precisam de vaga.
Modelo segue inspiração das Eliminatórias do futebol feminino
Uma das referências avaliadas é a Liga das Nações criada para definir vagas na Copa Feminina de 2027. Nela, nove seleções se enfrentam e as duas melhores se classificam. No masculino, porém, a competição seria maior, mantendo o sistema de pontos corridos com jogos de ida e volta, como ocorre atualmente.
A diferença estaria no caráter competitivo: além da disputa por vagas, haveria um troféu e pagamentos por desempenho. Esse estímulo busca evitar perda de interesse entre as seleções classificadas automaticamente.
Distribuição de vagas seguirá praticamente igual
A Copa de 2030 terá o mesmo número de vagas para a América do Sul: seis diretas e uma para a repescagem mundial. Entretanto, três dessas posições já pertencem aos países-sede da abertura. Assim, as eliminatórias definirão apenas três vagas diretas, além da equipe que irá ao playoff intercontinental.
Mesmo com menor impacto esportivo para algumas seleções, a Conmebol entende que a manutenção da receita é prioridade para todas as federações envolvidas.
Defesa por calendário cheio trava mudanças mais amplas
A Conmebol já resistiu a modificar o formato das eliminatórias em ciclos anteriores. Quando a Copa do Mundo ampliou o número de participantes para 48 seleções, havia receio de que o interesse das potências sul-americanas diminuísse. No fim, as federações priorizaram as receitas e mantiveram o sistema atual.
Agora, o cenário se repete. Embora Argentina, Paraguai e Uruguai já estejam classificados, a entidade espera que a combinação entre premiação e jogos garantidos mantenha o engajamento de todas as seleções.
Decisão deve sair após a Copa de 2026
A Conmebol pretende bater o martelo logo depois da Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México. Até lá, dirigentes admitem que tudo ainda está em fase inicial de discussão. As propostas serão amadurecidas ao longo do próximo ano.
Ao mesmo tempo, a entidade ainda tenta convencer a Fifa a ampliar o Mundial de 2030 para 64 seleções. A ideia, porém, enfrenta resistência inclusive dentro da própria América do Sul, onde cartolas temem que um torneio tão grande extinga o atual modelo de eliminatórias e, com ele, os nove jogos como mandante que sustentam financeiramente grande parte das federações.

